Cultura
A obra será reapresentada na plataforma no YouTube nos dias 21, 22 e 23 de agosto, de sábado à segunda-feira, às 20h
Filme experimental 'Abismo', de Betinho Neto, aborda impactos da violência doméstica e da homofobia na vida adulta / Divulgação
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"Minha primeira lembrança de infância sou eu apanhando". É a partir desta memória que o ativista cultural e ator Betinho Neto registra suas vivências em 'ABISMO - MINHA HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA', filme experimental que será reapresentado no YouTube nos dias 21, 22 e 23 de agosto, de sábado à segunda-feira, às 20h. Ao final das sessões, um bate-papo online integrará o ator e o público.
Com direção do cineasta Nildo Ferreira e direção de elenco de Rosane Paulo, foi contemplado com o apoio da Lei Aldir Blanc na cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura/ Prefeitura Municipal de São Paulo e do Governo Federal. Também participam da produção Andre Leahun, Marcia Marques, Nilton Ferreira, Iara Vianna, Robson de Moura, Saymon Souza e Rodrigo Morales.
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Ao trazer a pauta da violência e suas consequências para o centro da discussão, Betinho Neto expõe ao público medos e aflições que marcaram diversas fases da vida, com a proposta de estimular a reflexão sobre o silenciamento da dor e do sofrimento no Brasil, hoje o 9º país mais violento do mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Entre relatos de violência doméstica, psicológica e também de homofobia, 'ABISMO' não hesita em abordar situações extremas, que certamente se assemelham com experiências vividas por milhares de crianças e adolescentes no Brasil. O filme recorre a um cenário desconcertante para sugerir que a ação se passa na mente do protagonista, dividida em três capítulos: infância, adolescência (interpretado pelo irmão, Robson de Moura) e vida adulta.
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"É um grande desafio contar minha história assumindo o papel de ator, algo que me foi negado por anos, por sinal, uma das violências pelas quais passei. Diziam que eu não podia pisar nos palcos, pois era um espaço para quem tinha algo para dizer e eu, segundo muitos, não tinha. O filme proporciona este processo de resgate e de (re)conhecimento de quem eu sou e do que eu quero. É sobre acreditar - até o fim - em sonhos possíveis, apesar da dor", resume Betinho Neto.
Uma pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em abril de 2021 reforça a importância do tema abordado pela obra audiovisual. O estudo aponta que, entre 2010 e 2020, pelo menos 103.149 crianças e adolescentes brasileiros de até 19 anos foram vítimas fatais em casos de agressão. E as camadas de violência, é bom lembrar, vão além daquelas que violam a integridade física, atingindo também a estrutura emocional, por meio da insubsistência afetiva, da ameaça, do assédio moral e da alienação parental.
"Espero conseguir mostrar ao público o que é violência e como ela é passada adiante, tal qual uma corrente. Ela está presente em todos os lares e é rentável, mas causa danos e traumas muitas vezes irremediáveis. Não é correto bater em uma criança, nem em ninguém ao longo da vida. O filme pretende aprofundar-se nesta questão para alertar a urgência de banirmos este tipo de comportamento de nossas vidas".
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