Mobilização dos auditores da Receita Federal ocorre desde abril do ano passado em todo o país / Divulgação/PMS
Continua depois da publicidade
Após quase um ano de mobilizações e paralisações, o movimento reivindicatório dos Auditores-Fiscais da Receita Federal pode, em breve, chegar ao fim. Na próxima terça-feira (5), em Assembleia Nacional, a categoria decidirá se termina ou não a mobilização iniciada em abril de 2015.
“Mesmo que o Sindifisco Nacional (sindicato que representa os Auditores-Fiscais) tenha firmado acordo com o governo em 23 de março, somente a assembleia é soberana para decidir pelo fim da mobilização”, afirma Renato Tavares, presidente da Delegacia Sindical de Santos do Sindifisco Nacional.
Continua depois da publicidade
Entre os principais itens do acordo fechado com o governo, que será implantado através de Projeto de Lei, estão a criação do bônus de eficiência, que começará a ser pago em setembro, o reajuste de 21% do vencimento básico dividido em quatro anos e mudanças no regimento interno da Receita Federal, entre elas, o reconhecimento da autoridade do Auditor-Fiscal, reivindicação antiga da categoria.
“Não se trata do acordo ideal, mas o sindicato chegou a conclusão que, diante da crise econômica e política que o país atravessa, não havia mais como continuar negociando com o governo”, afirmou Renato Tavares.
Continua depois da publicidade
O governo comemora a assinatura do acordo e o provável fim da mobilização da categoria, já que no período de abril de 2015 a fevereiro de 2016 deixaram de ser lançados cerca de R$ 60 bilhões em crédito tributário e a arrecadação caiu em cerca de 90 bilhões.
Valorização. Além de buscar melhor remuneração e valorização para os Auditores-Fiscais, outra bandeira do Sindifisco Nacional é a autonomia da Receita Federal. Por isso, o sindicato divulgou carta aberta à sociedade brasileira rejeitando qualquer ingerência política na atuação da Receita Federal.
Trata-se de uma resposta formal a reportagens veiculadas recentemente pela imprensa, em que autoridades federais e agentes políticos manifestam a vontade de interferir no trabalho da Receita Federal. “Apesar de o assunto ter ganhado destaque na imprensa apenas recentemente, em virtude dos desdobramentos da Operação Lava Jato, a luta pela autonomia da Receita Federal já é uma bandeira antiga do Sindifisco Nacional”, disse Tavares.
Continua depois da publicidade
Há quase 10 anos, categoria luta por autonomia
Há quase 10 anos o sindicato vem trabalhando pela aprovação da Lei Orgânica do Fisco (LOF), que garante autonomia para a Receita Federal, e mais recentemente também começou a trabalhar pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 186/07, que estabelece autonomia administrativa, financeira e funcional às Administrações Tributárias da União.
Para Tavares, a autonomia da Receita Federal trará benefícios para toda a sociedade. “Com independência, os Auditores-Fiscais poderão ser ainda mais eficientes contra crimes como a sonegação e a lavagem de dinheiro. Lembro que as Operações Lava Jato e Zelotes se iniciaram graças ao trabalho da categoria”.
Continua depois da publicidade
A Delegacia Sindical de Santos alerta que combater a sonegação é tão importante quanto acabar com a corrupção, pois ambas trazem enormes prejuízos aos cofres públicos do país. Dados mostram que a sonegação é sete vezes maior que a corrupção, embora não receba a mesma atenção da mídia.
Graças à sonegação, deixa-se de arrecadar 500 bilhões de reais por ano, ao passo que o custo anual médio da corrupção no Brasil, em valores de 2013, corresponde a 67 bilhões anuais. Diante destes dados, pode-se concluir porque a independência e a autonomia da Receita Federal são tão importantes para o país.