São Vicente

No Jóquei Clube, o retrato de um bairro largado às moscas

Maior parte das ruas dos bairros está tomada por buracos, lixo, esgoto a céu aberto e descaso

Publicado em 14/11/2016 às 10:30

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Na principal avenida do bairro o lixo toma conta da calçada do Jóquei Clube e os buracos ocupam boa parte da via. Moradores reclamam de alagamentos em vias / Rodrigo Montaldi/DL

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Ruas esburacadas, mato, lixo, bueiros entupidos e esgoto a céu aberto. Durante a alta da maré ou chuvas intensas a maioria das ruas ficam alagadas. Entrar ou sair de casa é praticamente impossível. Na calçada daquele que já foi um dos maiores hipódromos do Brasil, o rastro do que vivenciam todos os dias as pessoas que andam pelo Jóquei Clube, em São Vicente. No terceiro bairro com o maior número de população do município – mais de 27,5 mil moradores de acordo com o Censo de 2010 – a palavra abandono ­resume a ­situação.

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“Há mais de um ano que venho pedindo para a Prefeitura que dê um jeito nas ruas dos bairros, mas não fizeram nada. Não há condições de andar de veículo e, quando chove, não dá para sair de casa. As galerias estão todas entupidas. Os bueiros fechados. Para dar uma amenizada, os próprios moradores limpam o que podem”, disse Ana Aparecida Santos, de 54 anos, segurando mais de 200 documentos protocolados na Câmara e em secretarias municipais. Os pedidos vão desde limpeza de galeria e retirada de lixo até manutenção de calçadas, ruas e avenidas. 

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A Reportagem acompanhou Aparecida, que atua como uma espécie de líder comunitária no bairro e é conhecida como Tia Cida, por algumas vias. Na primeira parada, em frente à EMEF Manoel Nascimento Junior, na calçada que fica na Avenida Engenheiro Luis La Scala Junior, um monte de lixo com centenas de caramujos africanos chama a atenção. Conforme a caminhada prossegue vão surgindo bueiros assoreados, tampas de galerias quebradas e o odor fétido proveniente do acúmulo de água de esgoto nas sarjetas. 

“Hoje começou com sol quente e água na canela porque a maré encheu. Nunca tinha enchido a minha casa, mas nas duas últimas vezes que a maré encheu ficamos uma semana dentro da água. Meu filho perdeu as coisas. Pagamos esgoto e não temos. Olha aí! É tudo esgoto à céu aberto”, disse Cristiane Monteiro da Silva, de 58 anos, ao encontrar com a Reportagem. 
Cristiane mora na Rua Francisco Emilio de Sá Júnior. Chegou ao bairro quando as ruas ainda eram de terra. “No começo não tinha asfalto, não tinha nada, mas a vivíamos melhor. Hoje com asfalto convivemos com esgoto e água na canela”, destacou a moradora.

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Prejuízo

O comerciante José Vicente Fontes, que há 34 anos mora no bairro e há 22 mantém um bar, ainda tem esperança de algo melhore com o novo governo a partir de 2017, mas já pensa em deixar o local caso a situação continue a mesma. Nas últimas duas cheias acumulou um prejuízo de mais de R$ 2 mil e muita dor de cabeça. 

“Minha mulher já pensou em sair daqui. Estou de teimoso porque aqui é o meu ganha pão. Meu bar tinha um movimento excelente e foi reduzido em cinquenta por cento. Depois da última cheia, no domingo quando não choveu, vim abrir o bar e quando liguei os freezers estavam todos queimados. Fiquei três dias sem poder abrir o meu comércio”, disse Vicente, que precisou levantar o piso para tentar impedir que a água estrague os móveis e ­produtos. 

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Morador do bairro há 34 anos e com comércio há 22, Vicente diz que cansou de falar com a Prefeitura. “A situação piorou muito e falar com a prefeitura não adianta. Até já veio gente da Codesavi, mas eles disseram que iam voltar e nunca mais voltaram. O bairro todo está assim. Estamos convivendo há seis meses com água de esgoto. Espero que a partir do ano que vem melhore, porque se não melhorar vou ter que ir embora”, destacou Vicente.

Em frente ao bar do Vicente, os moradores precisaram encher um buraco no meio da via com cascalhos, após um motoqueiro cair e quebrar a clavícula.

Lixo

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Em uma das principais avenidas do bairro, a Salgado Filho, os buracos dividem a cena com o lixo e materiais espalhados ao longo do muro do Jóquei Clube. As imensas crateras tiram a paciência dos motoristas e colocam em risco a vida de pais e alunos de uma escola que há no local. 

Procurada, a Prefeitura de São Vicente não disse quando solucionará os problemas, mas informou que a Secretaria de Desenvolvimento e Mobilidade Urbana (Semurb) está realizando o serviço de tapa buraco nas vias de grande acesso da Cidade, incluindo o Jóquei Clube. 

A Administração Municipal disse ainda que o bairro está no cronograma da Gerência de Limpeza Urbana (GLU) da Companhia de Desenvolvimento de São Vicente (Codesavi) e que os serviços serão efetuados durante mutirão.

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