Santos

'Vaquinha' virtual salva catador prejudicado pela Prefeitura

Otaviano Lopes dos Santos, que trabalha como catador de material reciclado pelas ruas de Santos, teve sua carroça apreendida

Carlos Ratton

Publicado em 19/03/2021 às 12:30

Atualizado em 19/03/2021 às 12:36

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A história de Otaviano foi publicada com exclusividade pelo Diário do Litoral / NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL

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A situação dramática de Otaviano Lopes dos Santos, que trabalha como catador de material reciclado pelas ruas e teve sua carroça apreendida pela Prefeitura de Santos, impossibilitando seu sustento, durou poucos dias. A coordenadora da Baixada Santista do Movimento Nacional de Luta e Defesa da População em Situação de Rua, Laureci Elias Dias, conhecida como Laura Dias, revelou que uma “vaquinha” virtual garantiu o dinheiro necessário para uma nova carroça e ainda a compra alimentos ao trabalhador.

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A história de Otaviano foi publicada com exclusividade na quinta-feira (18) no site do Diário e hoje (19) na versão impressa do jornal. A Reportagem obteve a informação que o caso já foi denunciado à Defensoria Pública e caminha para a Promotoria. Duas vereadoras vão sugerir a mudança de postura da Prefeitura que, até agora, não revela o que fez com a carroça, principal ferramenta de trabalho de Otaviano.   
 
“Foi uma falta de sensibilidade muito grande do poder público em meio a uma pandemia. Tirar o ganha pão de pessoas com alto grau de vulnerabilidade social é muito grave. Ele saiu das ruas há pouco e precisava da carroça para sobreviver. A Prefeitura deveria ressarci-lo, ter respeito pelo próximo. Vamos lançar uma movimento, porque o caso de Otaviano não é isolado, e levar o caso ao Ministério Público (MP)”, afirma Laura Dias, que acrescenta que a nova carroça de Otaviano contará com um visual símbolo da luta. 

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Procurado, Otaviano não conteve a emoção. “Estou muito feliz. Não sabia que existia tanta gente solidária. Minha nova carroça será grafitada com o símbolo do nosso grupo da universidade e por uma aluna da Unifesp. Nas ruas, mostrará nossa luta, nosso trabalho. Somos humanos e temos dignidade”, disse.    
     
CÂMARA
Na Câmara, Telma de Souza (PT) lembrou que, em outubro do ano passado, organizou uma audiência pública sobre a apreensão dos pertences da população de rua. “Criticamos muito esse tipo de procedimento, desumano e intransigente, em confronto com as políticas de assistência social e de garantia de direitos humanos. Cobramos um protocolo de abordagem que impedisse essa prática”, afirma. 

Telma não se conforma com o sumiço da carroça e quer que a Secretaria de Governo a encontre e devolva. “Cobrarei de forma contundente o novo procedimento de abordagem com relação aos objetos e pertences da população de rua, de acordo com os preceitos humanitários, sociais e de direitos humanos”, afirma.

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Debora Camilo também, nas redes sociais, se mostrou solidária ao trabalhador. “Acompanharemos de perto o caso, junto com núcleo DiV3rso - Saúde Mental, Redução de Danos e Direitos Humanos Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão da Unifesp e movimentos sociais. Vamos protocolar requerimentos cobrando a Prefeitura sobre esse tipo de ação, além de trabalhar em propostas para apresentar à administração pública”, revela.

PROGRAMA.
Além de fazer um trabalho essencial – recolher das ruas material que pode ser recuperado e reaproveitado por outras pessoas - Otaviano Lopes, de 56 anos, é parceiro no programa de extensão universitária na Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp). 

Ele foi informado que sua carroça teve como destino o lixão municipal.  O veículo lhe rendia diariamente e, com muita sorte, entre R$ 50,00 e R$ 70,00. Ele possui dois cadastros na Prefeitura e, portanto, trabalhava de forma totalmente legal. Há 10 anos trabalha com reciclagem e foi graças a ela que conseguiu sair das ruas e viver de forma digna, pagando aluguel. 

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Morando na Rua Senador Feijó, no Centro da Cidade, ele estava doente e não viu quando sua carroça foi apreendida. Quando se recuperou, pensou que tinha sido roubada. “Nem bateram na minha porta para avisar que iriam levar minha carroça”, lamenta. 

A Prefeitura já se posicionou alegando que a remoção se baseou Código de Posturas porque houve reclamação que o veículo estava sobre a calçada impedindo a passagem dos pedestres. Também que a carroça não tinha em sua estrutura nenhuma identificação do cadastro.
 

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