A contenção não foi o suficiente para impedir os estragos causados pela ressaca da última terça (29) / Nair Bueno/DL
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A estrutura de geobags da Ponta da Praia – barreira submersa com mais de 500 metros e em formato de “L”, para minimizar a erosão e os danos causados pelas ressacas em Santos – instaladas em fevereiro de 2018, não suportaram o primeiro grande teste das recentes mudanças climáticas anunciada pelos menos nos últimos dois anos por ambientalistas do Brasil e do Mundo.
Os sacos foram posicionados em linha reta e paralelos à praia, em frente à praia, a partir da mureta na altura da Rua Afonso Celso de Paula Lima, com uma extensão de 275 metros, formando uma barreira submersa.
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A estrutura, reforçada com outra de 240 metros de extensão, tinha o objetivo de armazenar areia e recuperar trecho de praia. Os sacos foram preenchidos com cerca de 7 mil metros cúbicos de areia. Cada saco pesa cerca de 300 toneladas.
Por um tempo, se mostraram até eficazes na redução da erosão e na recuperação da praia, com resultados positivos observados após a instalação segundo a Prefeitura de Santos e técnicos da Universidade de Campinas (Unicamp), que há sete anos desenvolveu o projeto-piloto para Mitigação e Monitoramento dos Efeitos Erosivos, pioneiro no País.
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Em novembro de 2022, um levantamento preliminar da primeira vistoria feita com mergulhadores na estrutura - uma barreira que absorve a energia das ondas – apontou avaria em pelo menos dois dos 49 sacos geotêxteis instalados.
Há época, a equipe de mergulhadores passou para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Seman) que havia avarias em dois geobags e elas teriam sido causadas por ação humana: em uma delas foram encontrados restos de rede de pesca, outro foi cortado possivelmente por um arpão. Havia suspeita em relação a um terceiro geobag, que perdeu areia.
Os dados coletados pelos mergulhadores iriam compor um relatório detalhando de avarias e, no cruzamento de dados, eventuais danos estruturais ou físicos com relação à movimentação das marés nas luas cheia e nova, de maior interferência na correnteza. O relatório também teria dados da batimetria, mostrando o total de areia acumulado naquele trecho e se havia necessidade de recomposição dos geobags.
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Procurada, a Prefeitura de Santos afirma que, sem os geobags, os problemas como os registrados teriam sido maiores e que o projeto é uma referência no enfrentamento às mudanças climáticas, tendo sido eficaz em diversas outras ressacas.
“É importante considerar que a Cidade foi atingida por ondas de quase quatro metros e os exemplos da eficácia da estrutura, que é complementada por uma barreira de rochas, foram a estabilidade das muretas (ao contrário do registrado em fenômenos idênticos antes da instalação das geobags) e nenhum dano relevante entre o Aquário Municipal e a Ponte Edgard Perdigão, trecho da orla em que há os geobags durante as intempéries”.
Afirma que, desde a fundação da estrutura de geobags, especialistas apontaram um aumento de 8,9 centímetros de altura de areia na área onde eles foram instalados.
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Outra conquista é o aumento da vida marinha no local, com o reaparecimento de pequenas lagostas, polvos, tartarugas e garoupas e a integração dos geobags como elementos naturais.
O monitoramento e a manutenção dos equipamentos são feitos por uma equipe da Unicamp, sob supervisão da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade (Semam), e ressalta que o projeto-piloto deve ser expandido pela Autoridade Portuária de Santos (APS) até as imediações do Canal Quatro, conforme estudo apresentado à Prefeitura de Santos e ao Ministério Público.