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Polícia

MG: carta psicografada absolve acusado por assassinato

Para provar sua inocência, a defesa do réu Juarez Guide da Veiga usou trechos do que teria dito a vítima - João Eurípedes Rosa por meio de um médium

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 21/03/2014 às 20:52

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Uma carta psicografada foi usada durante um processo de homicídio e cujo julgamento foi realizado em Uberaba (MG) nesta quinta-feira, 20. Para provar sua inocência, a defesa do réu Juarez Guide da Veiga usou trechos do que teria dito a vítima - João Eurípedes Rosa, o "Joãozinho Bicheiro", como era conhecido, por meio de um médium. Na correspondência pós-morte, a vítima diz ter dado motivo para o crime ao agir com ódio e ignorância ao ver a ex-companheira em companhia de Juarez.

O crime ocorreu há quase 22 anos e a mulher envolvida no triângulo amoroso também foi beneficiada com o veredicto, pois inicialmente, segundo o Ministério Público, teria tramado a morte do marido em companhia do réu para ficar com a herança. Mas na mensagem psicografada, o morto a defende de qualquer participação e pede para que cuide dos dois filhos do casal. Em um dos trechos da carta ele diz: "Você tem uma vida inteira pela frente e muito o que fazer para criar e educar os nossos filhos". Em outro ponto o bicheiro assume a culpa pela própria morte. "Eu estava dominado pelo ciúme e completamente à mercê do meu próprio despreparo espiritual".

Uberaba, local dos fatos, é conhecida por ser a terra de Chico Xavier, médium mais famoso do País.

As mensagens citadas no processo somam 17 páginas e foram psicografadas por Carlos Baccelli um ano após a morte do bicheiro. Baccelli, dentista por profissão, também é médium e autor de mais de 100 livros - alguns deles escritos em parceria com Chico Xavier. Durante o julgamento o juiz Fabiano Garcia Veronez considerou desnecessária a exibição da psicografia. Mas o advogado de defesa, Rondon Fernandes de Lima, considerou que somado a outras provas, o depoimento pós morte teve importância na decisão. O promotor Raphael Soares Moreira Cesar Borba, representante da acusação, não comentou a sentença, mas assim que quatro dos sete jurados votaram a favor do réu, ele reconheceu a tese de legítima defesa e pediu a absolvição.

Histórico.

O assassinato ocorreu quando o bicheiro, que já vivia separado da mulher - mesmo continuando casado no papel -, a pegou chegando em sua residência dentro de um carro com o réu. Houve então troca de tiros e ele foi baleado e não resistiu. Com o julgamento desta quinta, o processo foi encerrado, sendo expedido o mandato de contra-prisão a Juarez Veiga, que já não é mais considerado foragido. Entretanto, seu advogado diz que ele sofreu muito durante todo esse tempo tendo de ficar longe da família que reside em Uberaba, para onde não deve voltar - até porque, desde aquela época, estaria ameaçado de morte.

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