04 de Maio de 2024 • 10:34
Polícia
Vitor Alves Karam está foragido desde agosto. "Prisão preventiva não macula o princípio de presunção de inocência ou configura execução da pena antes da condenação", fundamentou o juiz Alexandre Betini
Nesta quarta-feira (5) será realizada a primeira audiência do processo; Vitor não irá por não concordar com a prisão, segundo a defesa / Divulgação/Polícia Civil
A Justiça negou um novo pedido de revogação de prisão preventiva ao ex-dono do Bacarrá Bar & Grill Vitor Alves Karam, foragido da Justiça desde agosto. Ele é acusado de participar do assassinato do universitário Lucas Martins de Paula, de 21 anos, na frente do estabelecimento, no Embaré, na madrugada de 7 de julho, juntamente com mais três seguranças: Thiago Ozarias Souza, Sammy Barreto Callender e Anderson Luiz Pereira Brito (encarregado do setor).
Thiago e Sammy estão presos desde agosto, enquanto o chefe dos seguranças segue foragido.
A primeira audiência de instrução do processo que apura o homicídio está marcada para esta quarta-feira (5), a partir das 14h, no Fórum de Santos.
Ao indeferir o novo pedido de revogação da preventiva de Vitor Karam no último dia 27, o juiz Alexandre Betini, da Vara do Júri de Santos, salientou que "a prisão preventiva não macula o princípio de presunção de inocência ou configura execução da pena antes da condenação".
A defesa alegou que Vitor não participou do delito e "na verdade teria tentado conter os acusados que estariam agredindo Lucas".
Para o magistrado, a alegação da defesa de que o Karam não teria concorrido para a prática do delito diz respeito ao mérito do processo-crime, "devendo ser analisado no momento processual adequado, após a instrução criminal".
Betini também fundamentou que é imprescindível a manutenção da preventiva para "a garantia da ordem pública, diante da periculosidade concreta do acusado".
"O longo período que o acusado permanece foragido somente robustece os argumentos pela imprescindibilidade de sua custódia cautelar. Vitor já demonstrou, de maneira concreta, que pretende se furtar da aplicação da lei penal", escreveu o juiz.
A busca pelo paradeiro de Vitor e do segurança Anderson é conduzida pelo 3º Distrito Policial de Santos (Ponta da Praia). Denúncias que auxiliem na localização dos acusados podem ser transmitidas pelos telefones 3261-3000 ou 181. Não é necessário se identificar.
O crime
Lucas foi espancado após contestar a marcação de uma cerveja de R$ 15,00 em sua comanda e teve traumatismo craniano. Ele morreu em 29 de julho na Santa Casa de Santos.
Thiago Ozarias desferiu, segundo a denúncia do Ministério Público, violentos golpes na vítima. Sammy, ainda de acordo com a peça de acusação, desferiu um soco no rosto do universitário, levando Lucas a cair já inconsciente ao chão. O crime foi captado por uma câmera de monitoramento de uma escola.
Conforme escreveu o juiz ao decretar as preventivas em agosto, Thiago Ozarias "achou por bem espancar Lucas, tudo com a anuência dos demais acusados, que não só assistiram, mas anuíram a essa conduta, impedindo que os amigos de Lucas o ajudassem, agredindo-os, não determinando a cessação dos golpes aplicados por Thiago em Lucas".
Defesas
Constituído por Vitor Karam para a defesa desde o último dia 30, o advogado Eugênio Malavasi afirmou que a tese defensiva será de impronúncia, ou seja, de que o empresário não seja levado a júri.
"Vamos efetivamente provar que não houve conduta nem comissiva, de ação, e muito menos omissiva por parte do Vitor", declarou.
Malavasi afirma que o cliente não participará da audiência de instrução nesta quarta. "Ele está combatendo a prisão. Ele não concorda com a prisão".
O advogado de Thiago Ozarias, Pedro Furlan, afirma que os golpes desferidos pelo cliente não causaram o coma e a morte.
"Já existe indícios nos autos do inquérito que realmente foi visto um segurança dar o último soco ao qual levou ele (Lucas) ao coma".
O advogado do segurança Sammy Callender, Mário Badures, afirmou que tem a expectativa de "esclarecer a verdade" e demonstrar que seu cliente não golpeou Lucas. "A investigação comprova isso", afirmou.
"(Vou) provar que em nenhum momento (Sammy) aderiu à vontade deliberada de agressão por parte de outro segurança e sequer teve condições de não permitir tal ataque", declarou o advogado, que se manifesta pela revogação da preventiva.
O Diário do Litoral também procurou a defesa do segurança Anderson, mas não obteve retorno.
Reabertura
No local do antigo Baccará Bar & Grill, na Rua Oswaldo Cochrane, no Embaré, foi aberto o Moon Bar & Grill. Vitor Alves Karam é um dos sócios do novo estabelecimento.
Segundo a Prefeitura de Santos, o "alvará tramitou em todas as fiscalizações, posturas, obras e vigilância sanitária e foi deferido". "Trata-se de uma nova empresa, com CNPJ novo", disse a Administração Municipal.
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