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Polícia

Carlinhos Virtuoso tem prisão decretada

Vicente Cascione, advogado do empresário, já pediu a revogação de decisão à Justiça. Contraventor e dois gerentes da ‘Banca do Damasco’ estão foragidos

Publicado em 10/04/2014 às 10:31

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O juiz da 5ª Vara Criminal de Santos, Walter Luiz Esteves de Azevedo, decretou a prisão preventiva do empresário Carlos Eduardo Virtuoso, o Carlinhos Virtuoso, e de dois dos gerentes da “Banca do Damasco” – que explorava o jogo do bicho. A decisão acolheu pedido dos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão ligado ao Ministério Público Estadual (MPE).

No ano passado, o Gaeco solicitou a prisão preventiva do empresário pelos crimes de exploração do jogo de azar, corrupção ativa, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, mas o pedido foi negado pela Justiça “pela  falta de indícios de que os denunciados tenham mantido a atividade ilícita”.

Com a constatação da continuidade das atividades da “Banca do Damasco”, o promotor de Justiça Rodrigo Fernandez Dacal fez um novo pedido à Justiça, com base em provas das atividades ilegais do grupo.

“Foram feitas diligências em diversos pontos, inclusive com Serviço Reservado da Polícia Militar, e foi constatado que esses pontos continuavam em operação. Baseado nesses novos indícios, solicitamos a prisão preventiva do Carlos Virtuoso e seus dois gerentes”, disse Dacal.

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Segundo as investigações, Carlinhos Virtuoso tinha 217 pontos de jogo do bicho na Baixada (Foto: Divulgação)

O promotor informou que diligências foram realizadas na última sexta-feira (4) nos endereços residenciais e comerciais dos acusados, mas eles não foram encontrados. “Podem ser presos a qualquer momento, quando localizados”, afirmou Dacal.

Histórico

Em 20 de setembro do ano passado, o Ministério Público denunciou à Justiça o esquema do Jogo do Bicho na Baixada Santista. A investigação apontou que o empresário Carlinhos Virtuoso tinha 217 pontos de jogo do bicho em Santos, São Vicente e Praia Grande. “Sou o dono da banca do bicho”, admitiu ao ser ouvido pelos promotores.

De acordo com dados obtidos no computador de Carlinhos Virtuoso em análise do Ministério Público, a ‘Banca do Damasco’ arrecadou em 1 ano e oito meses a quantia de mais 81 milhões de reais, sendo que mais de 16 milhões foram destinados ao empresário.

Segundo o Gaeco, a organização do bicheiro contava com 36 funcionários, entre eles cinco investigadores-chefes de unidades da Polícia Civil na Baixada, três policiais militares aposentados e dois ex-PMs. Todos os supostos integrantes da ‘Banca do Damasco’ foram denunciados pelo MP.

As investigações apontam que os pontos de jogos de responsabilidade de Carlinhos Virtuoso estão instalados em padarias, bares, mercados, bancas de jornal e outros estabelecimentos comerciais. Em São Vicente, o bicheiro detinha 148 pontos, outros 46 em Santos, e 23 em Praia Grande. Cerca de 200 cambistas trabalhavam nestes locais.

Prisão preventiva foi decretada pela Justiça sem que exista fato novo, disse Cascione (Foto: Matheus Tagé/DL)

Advogado de empresário pede revogação da prisão preventiva

O advogado Vicente Cascione, que defende Carlinhos Virtuoso, informou ontem que já entrou com o pedido de revogação da prisão preventiva de seu cliente.
“O mesmo juiz que indeferiu antes, deferiu agora, mesmo sem que exista fato novo”, disse.

Em entrevista ao Diário do Litoral no ano passado, Cascione criticou a legislação vigente no Brasil. “O jogo do bicho é uma prática nacional que tem mais de meio século. Agora, se a filosofia do Estado Brasileiro é a de que devemos proteger os cidadãos contra a possibilidade deles jogarem jogo de azar, onde está a lógica do Estado Brasileiro, que proíbe o jogo do bicho e ao mesmo tempo é banqueiro da Mega-Sena, da Loteria Federal, da Loteria Esportiva e de todas as loterias que conhecemos, que são jogos de azar”.

Cascione defende que a prática do jogo do bicho deveria ser legalizada pelo Estado. “Se você legaliza o jogo do bicho, desaparece a formação de quadrilha, a lavagem de dinheiro. Desaparece a corrupção, porque tudo isso, em tese, não estou dizendo que houve no caso Carlinhos, ocorre em decorrência da imoralidade do Estado”, afirma.

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