X

Papo de Domingo

Especialista fala sobre celular e direção

Segundo Sheila Borges, dirigir mexendo no celular já é um dos fatores que mais causam acidentes.

Caroline Souza

Publicado em 07/07/2019 às 07:34

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Sheila Borges é diretora de empresa voltada aos segmentos de edução e segurança para o trânsito. / DIVULGAÇÃO

Na edição da última quarta-feira (3), o Diário do Litoral noticiou o aumento de 30% das multas aplicadas pelo Detran-SP a quem usa o celular enquanto dirige na Baixada Santista. Os dados são referentes ao primeiro trimestre do ano. Para a especialista Sheila Borges, diretora da ProSimulador, empresa voltada aos segmentos de educação e segurança para o trânsito, somente a aplicação de multas não resolve para mudar esse comportamento.

A especialista conversou com a Reportagem sobre o que gera essa conduta e de que forma é possível mudar o cenário. Confira:

Diário do Litoral - Você acredita que a aplicação de multa resolve para mudar esse comportamento?

Sheila Borges - Enquanto os brasileiros acreditarem que o maior problema será somente no próprio bolso (ao tomarem multas), talvez essa cultura não mude tão cedo. Assim como aconteceu com o cinto de segurança, uma alternativa seria ampliar campanhas de conscientização.

Diário - Quais são as desculpas mais usadas por quem usa o celular enquanto dirige?

Sheila - Podemos elencar, entre as desculpas mais comuns, algumas como "era uma chamada urgente", "eu costumo responder rapidinho" ou "estava ajustando o aplicativo de trânsito".

Diário - Qual a melhor forma de conscientizar os condutores sobre este tipo de conduta no trânsito?

Sheila - É preciso informá-los permanentemente sobre os perigos e consequências do mau comportamento no trânsito - como o uso do celular ao volante - por meio de ações e campanhas online e offline. Além da fiscalização, que também atua como uma ferramenta conscientizadora.

Diário - Você acredita que manusear o celular ao volante é tão perigoso quanto dirigir sob o efeito do álcool?

Sheila - Um estudo do Cesvi concluiu que só de desviar o olhar para responder uma mensagem no WhatsApp em uma velocidade de 80 km/h, o motorista percorre uma distância de 100 metros como se estivesse com os olhos vendados. Além disso, junto com os casos de embriaguez ao volante e excesso de velocidade, dirigir manuseando o celular já é um dos fatores que mais causam acidentes no Brasil.

Diário - Você acha que esse comportamento é uma "mania" do condutor? E o que pode ser feito para mudar isso?

Sheila - Podemos dizer que os jovens estão entre os que mais utilizam o celular enquanto dirigem, na faixa etária entre 18 e 34 anos. Por meio de campanhas permanentes, o primeiro passo é conscientizá-los de que uma ligação ou mensagem pode esperar e que a vida é mais urgente. Considerar que poucos segundos de distração podem causar consequências gravíssimas é um estímulo para que jovens e pessoas de todas as faixas etárias tenham mais compreensão sobre o seu papel no trânsito. Enquanto dirigem, para que os motoristas não usem smartphones no trajeto, uma opção é parar o veículo em local permitido ou desligar a rede de dados e só fazer a religação ao chegar no destino.

Diário - Falando sobre uso do celular sob efeito de álcool, a Lei Seca tem sido suficiente para que os motoristas não dirijam embriagados?

Sheila - Ao longo dos anos, a Lei Seca passou por avanços significativos e tem ajudado a diminuir a quantidade de motoristas embriagados e, consequentemente, os acidentes ocasionados pela influência da embriaguez ao volante. A rigidez nas regras ajuda a inibir os motoristas, que têm se conscientizado sobre os riscos que causam a si mesmos e aos demais no trânsito. Neste sentido, a Lei Seca tem impacto positivo.

Diário - Por fim, existe alguma forma de mudar o comportamento de condutores nos casos de excesso de velocidade e embriaguez?

Sheila - A educação é o melhor caminho para transformar o comportamento de condutores e contribuir com a diminuição de acidentes. No entanto, paralelamente a ela, é fundamental que haja calendário de campanhas e ações efetivas em relação a esses temas, além do aumento da fiscalização e da aplicação de multas. É preciso estudar uma forma de enviar, juntamente com a multa, informações quanto às consequências que a infração cometida pode causar. Em vez do condutor receber somente a foto do veículo que o radar detectou em alta velocidade, por exemplo, também ter acesso a dados estatísticos sobre o número de mortos e feridos em razão daquele comportamento.

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Diário Mais

Saiba como se cadastrar para visitar parque aquático gratuito

Parque da Criança, em Indaiatuba, está a menos de três horas de distância da Baixada Santista

Diário Mais

Portadores de burnout têm benefícios assegurados pela lei trabalhista

Segundo especialista, mediante avaliação de perícia médica, empregado pode se desligar indiretamente da empresa

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter