06 de Maio de 2024 • 00:27
A fisioterapeuta Sophia se especializou e oferece tratamento a mulheres com disfunções pélvicas. / NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL
Hoje em dia é difícil encontrar alguém que não saiba a importância do exercício físico, seja para manter a boa forma, seja para melhorar a saúde. Porém, pouco se fala sobre a importância de exercitar os músculos internos do assoalho pélvico. A prática previne o prolapso genital, popularmente conhecido como "bexiga caída", mas também pode acometer a uretra, o útero e o reto.
Por ser mais comum em mulheres, a fisioterapeuta Sophia Elias Reis Teixeira, 28 anos, decidiu se especializar em Fisioterapia na Saúde da Mulher, pela USP, para oferecer o tratamento adequado a mulheres com disfunções pélvicas.
Diário - O que é prolapso?
Sophia - Prolapso é a queda dos órgãos que ficam na região pélvica. Eles saem da posição normal deles e vão para posições que não são mais fisiológicas.
Diário - O prolapso atinge um órgão por vez ou pode ocorrer em um conjunto de órgãos?
Sophia - Existem os dois casos: o prolapso de órgão único, como também um prolapso de bexiga junto com um prolapso de uretra. Quando existe uma fraqueza muito severa é bem comum ter mais de um prolapso.
Diário - E o que causa essa queda?
Sophia - Geralmente acontece por uma fraqueza muscular na rede de sustentação, ou seja, os músculos do assoalho pélvico. Alguns fatores de risco podem desenvolver o prolapso como a obesidade, a tosse crônica, a constipação de muitos anos, múltiplos partos ou a gestação em si, já que existem casos onde na primeira gestação, a mulher desenvolve o prolapso. Atividades de alto impacto, como carregar muito peso no trabalho ou na atividade física também influenciam nesse desprendimento. Há, ainda, fatores genéticos ou relacionados com a perda de colágeno.
Diário - O prolapso também pode ocorrer nos homens?
Sophia - Pode, mas no caso deles só na parte anal. As mulheres são mais afetadas por causa da queda hormonal que vem com o envelhecimento e enfraquece os músculos.
Diário - Ele apresenta sintomas ou é assintomático?
Sophia - O prolapso tem vários graus. Quando ele é leve, é assintomático. Já os severos podem apresentar sintomas. Por exemplo: muitas mulheres chegam ao consultório falando de uma dor ou incômodo na região anal ou vaginal, como se tivesse uma pressão. Outras começam a ter dor na relação sexual, alterações na micção, na evacuação e incontinência fecal. Então os sintomas variam de caso a caso, de acordo com a graduação do prolapso, do quanto ele está avançado ou não.
Diário - Se a mulher tiver sintomas, quem ela procura primeiro: ginecologista ou fisioterapeuta?
Sophia - Como as mulheres vão regularmente ao ginecologista acabam sendo diagnosticadas por eles, e aí a gente faz um trabalho em equipe, uma conversa entre ginecologista e fisioterapeuta. Se o prolapso está sendo causado por constipação, entra também a nutricionista para cuidar da alimentação. O trabalho em equipe é sempre melhor, mas a paciente pode, se preferir, procurar direto a fisioterapia.
Diário - Como é o tratamento?
Sophia - Nós analisamos o prolapso e fazemos um trabalho de reforço muscular, mas quando ele é muito severo e exteriorizado, é preciso cirurgia. Aqui no consultório usamos aparelhos e ensinamos o treinamento dos músculos do assoalho pélvico, conhecidos como exercícios de Kegel. São exercícios simples de contrações dos músculos que fazem com que o canal vaginal se feche, e depois relaxe. Peço para que elas mantenham por 10 segundos e relaxem por 10, diariamente. Esses exercícios podem ser feitos em casa, deitada, de pé, ou sentada.
Diário - Quanto tempo de tratamento?
Sophia - Depende da graduação. Se é um prolapso leve a fisioterapia consegue evitar a progressão pelo reforço muscular e aliviar os sintomas. Se é um prolapso mais severo, temos que pensar em cirurgia e a fisioterapia entra no pré e pós-operatório para evitar que o prolapso volte.
Diário - É possível prevenir?
Sophia - É o ideal. Por isso é válido passar por uma avaliação com um profissional para verificar como está o assoalho pélvico e o tratamento ideal para cada paciente. Com o passar do tempo, a musculatura fica enfraquecida, por isso e importante prevenir.
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