Morre paciente que esperava diagnóstico há quatro meses

O caso de Ivanise Ferreira chegou a ser investigado como suspeita de DCJ, doença ligada ao mal da vaca louca

15 MAR 2017 • POR • 10h50
Damião Ferreira, irmão da paciente, afirma que o hospital fez mais de 60 exames, porém todos com diagnósticos inconclusivos - Rodrigo Montaldi/DL

Morreu na madrugada de terça-feira, sem um diagnóstico conclusivo, Ivanice Ferreira da Silva, aos 42 anos. Internada no Hospital Ana Costa, em Santos, a ajudante de restaurante foi acometida, há quatro meses, por uma doença misteriosa que lhe tirou a capacidade motora e a fala.

Na semana passada, a Reportagem entrou em contato com a família da paciente e reportou a ­história no dia 9 de ­março.

O caso de Ivanice chegou a ser investigado como suspeita de doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), uma patologia comumente associada com o mal da vaca louca, mas não teve o diagnóstico fechado.

Após o falecimento, a Reportagem questionou novamente o hospital, que manteve as informações enviadas na primeira nota, mas acrescentou que não foi possível confirmar categoricamente que a paciente tinha DCJ, porque  o diagnóstico para essa doença só pode ser confirmado mediante necropsia.

Agora, cabe à família autorizar ou não a realização dos exames pós-mortis para a conclusão do caso. A decisão será conduzida entre os ­familiares e a equipe médica­.

Após a notícia do falecimento, a Reportagem entrou em contato com Damião Ferreira, irmão da paciente, mas ele não estava em condições de se pronunciar.

Histórico

Os sintomas começaram há quatro meses, quando Ivanice começou a sentir dormência nas mãos e dores de cabeça fortes, além de oscilações de humor e lapsos de memória. Pouco tempo depois, começou a perder a força nas pernas e nos demais músculos do corpo.

De acordo com o irmão da paciente, a equipe médica do hospital fez mais de 60 exames, todos com diagnósticos inconclusivos. Ele chegou a procurar um neurologista particular, mas o posicionamento foi o mesmo dos profissionais do hospital.

Sem uma confirmação, a paciente foi tratada, de acordo com a família, a base de relaxantes musculares, soro e calmantes. Com o processo degenerativo muito rápido, Ivanice não resistiu. 

O Hospital Ana Costa afirmou que as autoridades sanitárias foram notificadas e que não há nenhuma medida excepcional a ser adotada em relação às pessoas e profissionais que tiveram contato com a paciente. Também ressaltou que não há qualquer risco adicional à comunidade e nenhuma orientação que restrinja o consumo de carne bovina.

Outros casos

No Rio de Janeiro, quatro pessoas com suspeita da doença Creutzfeldt-Jakob foram atendidas em três hospitais particulares de Niterói, entre o fim de 2016 e o início deste mês. Até o momento nenhuma suspeita foi confirmada. Em dezembro do ano passado um homem morreu em Recife com suspeita da doença. O mal tem três origens distintas: esporádica, herdada geneticamente ou infecciosa, com a ingestão de carne bovina contaminada. Em humanos, a chance de contrair a doença por contaminação é de 5%.