Cerca de quatro milhões de brasileiros sofrem de Epilepsia

Sensação de desconforto na barriga, visão de chuviscos, além de tontura e formigamento da mão são alguns sintomas pouco conhecidos e que caracterizam pequenas crises da doença

22 NOV 2015 • POR • 11h18

Aproximadamente 10% da população teve ou vai ter, em algum momento da vida, pelo menos uma crise de Epilepsia. Desses, de 1% a 2% é, de fato epilético, o que representa 3,6 milhões de pessoas com a doença no Brasil. É o que destaca o Dr. Wen Hung Tzu, especialista do Núcleo de Neurologia do Hospital Samaritano de São Paulo. E alerta “em quase 30% dos casos a causa é desconhecida”.

O início da crise pode apresentar sintomas pouco comuns, como: sensação de já ter conhecido o ambiente (de já vu); palpitação no coração; cheiro desagradável; mãos com movimentos automáticos (sem controle); tremor das pálpebras e até sensação de distorção da imagem do próprio corpo. “Isso acontece porque os sintomas dependem da região do cérebro que é acometida. Cada região pode originar um sintoma diferente”, explica o neurocirurgião.

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O tratamento depende principalmente da causa da doença. O uso de medicamentos antiepiléticos é a forma mais comumente utilizada e geralmente também é a primeira forma escolhida.

“Entre 60% e 70% das pessoas que sofrem de Epilepsia têm suas crises controladas com o uso de medicamento antiepilético adequado”, completa o especialista. Porém, essa opção deve ser considerada de acordo com o tipo de Epilepsia que a pessoa apresenta. “A medicação não serve para todos os casos. Em casos extremos, quando a crise não é controlada por meio de medicamentos, são necessárias outras formas de tratamento como cirurgia, dieta cetogênica e implante de estimulador do nervo vago”.

Entre as consequências da doença, quando não devidamente acompanhada por um atendimento especializado, estão:

Risco de se machucar com quedas ou queimaduras;

Limitações e, consequentemente, o comprometimento da qualidade de vida, tais como não poder andar sozinho na rua, dirigir, nadar sozinho, beber uma pequena quantidade de álcool ou até trancar a porta do banheiro, limitando sua liberdade;

Distúrbios de atenção, aprendizagem e memória;

Consequências sociais (estigma, isolamento ou limitações no emprego);

Efeitos colaterais com o uso de medicamentos antiepiléticos (quando não indicados por um especialista).

Para finalizar, Dr. Wen destaca a importância do acompanhamento adequado para o sucesso no tratamento. “Quando bem assistido, por um atendimento especializado, o paciente pode seguir com sua vida normalmente, em todas as rotinas. A crise não é sinônimo de Epilepsia. A crise é apenas um sintoma da doença”.

Entre as principais causas conhecidas da Epilepsia estão: trauma de crânio, tumores cerebrais, malformações cerebrais e vasculares, sequelas de isquemia cerebral ocorrida em período intrauterino, perinatal ou neonatal, Síndrome de Rasmussen, Síndrome de Sturge weber, esclerose tuberosa, derrame cerebral, causas externas (uso de álcool, drogas, intoxicação) e lesões cerebrais ocorridas durante o período intrauterino.