Ponte Pênsil é entregue sem iluminação adequada

Impasse entre a Administração Municipal e o DER-SP mantém a ponte às escuras. O DL esteve no local após a primeira semana de liberação de tráfego e conversou com alguns usuários do sistema

8 NOV 2015 • POR • 11h56

Rafaella Martinez

Ao que tudo indica, a Ponte Pênsil continuará apagada por mais algum tempo. Isso porque a Prefeitura de São Vicente e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) não entraram em um consenso sobre quem deve implantar a iluminação adequada no equipamento.

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A Administração Municipal afirma que a responsabilidade pela iluminação da ponte é do DER. Já o Departamento informa que a implantação de sistema de iluminação na Ponte Pênsil é responsabilidade da Prefeitura e que cabe ao DER apenas aprovar o projeto elétrico e emitir autorização para execução dos trabalhos.

Enquanto o impasse não é resolvido, os usuários comemoram o retorno da principal via de acesso dos mais de 12 mil moradores dos bairros do Japuí e Prainha, além da rota adicional para as cidades do Litoral Sul. No entanto, eles também cobram reparos na recém- inaugurada ponte.

A Reportagem do DL esteve no local após a primeira semana de liberação de tráfego e conversou com alguns usuários do sistema. A principal reclamação levantada foi justamente a ausência de iluminação, o que pode provocar acidente e tornar a via perigosa na parte da noite.

O segurança Everton Ferraz é morador do Parque Prainha e reclamou da ausência de iluminação no local. “Tenho apenas 30% da visão e passar por aqui a noite está sendo um transtorno. Não consigo enxergar nada”.

Essa também foi a queixa do porteiro Santiago Pereira. Ele mora no Japuí e afirmou que, embora esteja feliz com a abertura da Fotos: Matheus Tagé/DL ponte, é perigoso transitar pelo local depois do pôr do sol. “O maior problema é a iluminação precária. Ainda bem que estamos no horário de verão. Para piorar, retiraram o posto policial que ficava na entrada da ponte. A noite é um perigo”.

A instalação da base policial em questão, transferida para o lado do Japuí, permanece em obras. O novo projeto irá agrupar serviços da Polícia Militar, Guarda Civil Municipal e Secretaria de Transportes. A previsão de entrega é para o final de novembro.

Os serviços que ainda são realizados no local foi outra queixa da população. “Estou feliz com a abertura, mas faltou um planejamento. A ponte ficou anos em obras e depois de aberta ainda tem gente trabalhando nela. Alguns detalhes, como a pintura, ainda não foram finalizados”, apontou a promotora de vendas Michele Kiyoko.

Acesso limitado

A Reportagem do DL constatou também que, para acessar a via de pedestres da ponte, os usuários precisam entrar na mesma junto com os veículos, pois a área reservada começa após o portal de entrada.

O espaço, no entanto, foi elogiado pela vendedora ambulante Lourdes Pereira. “Para os pedestres está ótimo, pois criaram essas barreiras de proteção. Trabalho na Região há anos e, no passado, a falta de proteção quase causou acidentes”.

O que é motivo de elogio para a dona Lourdes é reclamação para alguns ciclistas que utilizam a ponte. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Ciclistas (ABC), Jessé Félix, a reforma da ponte criou nos ciclistas da Baixada Santista a esperança da instalação de uma malha cicloviária no local, o que não aconteceu.

“A Ponte Pênsil é uma das principais ligações com as cidades do Litoral Sul. Centenas de ciclistas passam diariamente pelo local e precisam dividir espaço com os carros. A reforma colocou barreiras de proteção para pedestres, mas as mesmas barreiras prejudicaram o tráfego dos ciclistas”, ponderou Félix.

Para ele, o ideal seria que uma das faixas para pedestre fosse substituída por uma ciclofaixa, desde que fossem observadas as recomendações do Código de Trânsito Brasileiro. “Não adianta falar que uma das faixas é para ciclistas, pois o espaço é muito estreito. O Código cita que é preciso guardar a distância lateral de um metro e cinquenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicletas”.

O ajudante de instalações Leandro dos Santos mora em Praia Grande e usa a bicicleta como o principal meio de transporte. “Faltou planejamento, com certeza. É bastante complicado dividir espaço, pois a área dos pedestres é muito estreita. Na ponte, ou esperamos um tantinho para seguirmos depois dos carros ou dividimos a pista com eles”, afirmou.

Para o eletricista Jones Barroso, a falta de espaço próprio para ciclistas é perigoso e pode causar acidentes. “A ponte é de madeira e em dias de chuva ela fica muito escorregadia. Alguma bicicleta pode derrapar e, como os ciclistas dividem espaço com os carros, acontecer algum acidente grave”.

Em nota, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) afirmou que as obras realizadas na Ponte Pênsil foram para reforma do patrimônio histórico e o leito carroçável deverá ser utilizado pelos veículos, motociclistas e ciclistas. A nota cita ainda que, eventualmente, ciclistas desmontados podem utilizar a passagem de pedestres.