Gestão Alckmin nega acordo com líder do PCC

A pauta da reunião foi a rendição dos criminosos, desde que a integridade física deles e do líder Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, fosse mantida

27 JUL 2015 • POR • 19h42

"Não há nenhum acordo, não houve nenhum acordo e não haverá enquanto for o governador, Geraldo Alckmin, e eu for o secretário da segurança." Foi desta forma que Alexandre de Moraes reagiu nesta segunda-feira, 27, ao ser questionado sobre o suposto acordo feito em 2006 entre o Palácio dos Bandeirantes e Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), para por fim à onda de ataques da facção criminosa.

Uma reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, feita com base no depoimento de um delegado da Polícia Civil à Justiça revela que ele e representantes do então secretário estadual de Segurança Pública na época, Saulo de Castro Abreu Filho, hoje na Casa Civil do Palácio dos Bandeirantes, e o ex-secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furokawa, fecharam um acordo com Marcola dentro do presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes, no interior paulista.

Leia Também

Segurança aponta queda nos índices de criminalidade em São Paulo

Instituto lança plataforma com dados sobre violência contra a mulher

Estado fez acordo com PCC para cessar ataques de 2006, mostra depoimento

Jovem de 18 anos morre ao aplicar hidrogel no pênis

Índio mexicano é preso por suspeita de abuso contra menor brasileira

A pauta da reunião foi a rendição dos criminosos, desde que a integridade física deles e do líder fosse mantida. O encontro foi autorizado pelo ex-governador Claudio Lembo. Ele substituiu Alckmin que na época tinha renunciado ao cargo à corrida presidencial.

"O governo do Estado de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin, a Secretaria de Segurança Pública e eu, nós não fazemos nenhum acordo com bandido, não fazemos nenhum acordo com criminosos, sejam eles de facção criminosa, sejam eles de não facção criminosa", disse o secretário Moraes, durante a coletiva de imprensa para apresentar os indicadores da criminalidade. Ainda segundo ele, os principais líderes do PCC estão presos em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).

O Palácio dos Bandeirantes afirma que o depoimento do delegado "não fala em acordo" e questiona a reportagem. "Que acordo é esse que manteve no RDD, em regime de isolamento total, os líderes da facção criminosa? Que vantagens teria obtido a facção criminosa além de um confronto nas ruas no qual 800 criminosos foram presos e 100 perderam a vida?", perguntou o Palácio dos Bandeirantes, em nota.

Ainda de acordo com a gestão Alckmin, "o fato de o Estado ter concordado em não haver represália contra os presos não significa acordo. É obrigação do Estado não fazer represálias. E como lembrou o governador à época, Claudio Lembo, comprovar que presos não haviam sido torturados e estavam em boa condição de saúde."