Polícia usará vídeo do MST para identificar invasores de centro de pesquisa

O vídeo mostra quando cerca de mil mulheres com o rosto coberto por máscaras invadiram a unidade e depredaram as estufas onde eram feitos melhoramentos genéticos de eucalipto

6 MAR 2015 • POR • 20h00

A Polícia Civil de Itapetininga (SP) vai abrir inquérito para investigar a invasão do núcleo de pesquisas sobre eucaliptos da empresa Suzano Papel e Celulose por mulheres militantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), na quinta-feira (5). O delegado Vitor Hugo Siqueira Paulino, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), usará as imagens de um vídeo postado na internet pelo próprio movimento para identificar as autoras da depredação. O vídeo mostra quando cerca de mil mulheres com o rosto coberto por máscaras invadiram a unidade e depredaram as estufas onde eram feitos melhoramentos genéticos de eucalipto.

Na unidade, a FuturaGene Brasil Tecnologia, braço de pesquisas da Suzano, desenvolvia a variedade transgênica H421 que, segundo a empresa, produz 20% a mais que a convencional na mesma área. O novo eucalipto estava em processo de aprovação na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), cuja sede em Brasília também foi invadida no mesmo dia pelo MST. As militantes usaram paus e facões para destruir as bancadas com as mudas. De acordo com a empresa, perderam-se experimentos pioneiros no País, realizados desde 2001.

Leia Também

Interior de São Paulo registra mais uma morte por dengue

Preço final dos combustíveis ficou acima do esperado em fevereiro, diz IBGE

Consultas para vendas a prazo registram queda de 4,83% em fevereiro

Justiça limita retirada de água do Sistema Cantareira

Carro antigo pode ter problema com aumento do etanol na gasolina

Imagens de câmeras existentes no local também serão requisitadas. O delegado espera ainda um relatório da empresa sobre os danos. Além da destruição das mudas, as estufas foram danificadas e as paredes das instalações receberam pichações. Ele deve começar a ouvir testemunhas, funcionários e dirigentes da empresa a partir de segunda-feira. Funcionários relataram terem sido ameaçados pelas invasoras. As militantes identificadas podem ser indiciadas por crimes de invasão, danos, ameaças e organização criminosa, além de crime ambiental.

O MST informou que o eucalipto transgênico põe em risco a polinização das abelhas e eleva o desgaste dos recursos hídricos o que é negado pela empresa. Em seu site na internet, o movimento considerou a destruição das plantas em Itapetininga uma "vitória parcial", já que nos próximos 30 dias a CTNBio poderá convocar outra reunião para retomar o assunto. "O mais importante é que conseguimos levar esse debate à sociedade. Não fossem essas ações, muito provavelmente o cultivo de eucalipto transgênico teria sido liberado sem que a sociedade se desse conta, e toda a população pagaria o preço", afirmou Atiliana Brunetto, da coordenação nacional.