Vereador denuncia padre por construção irregular na Matriz de Itanhaém

Conflito pessoal entre o parlamentar e o sacerdote chegou à Diocese de Santos. O espaço, construído na entrada lateral, foi denunciado aos órgãos de proteção e defesa do patrimônio histórico

24 FEV 2015 • POR • 11h06

A intervenção irregular (construção de um espaço) em um patrimônio tombado em Itanhaém está dividindo fiéis e colocando em choque a Câmara de Vereadores e a Igreja Católica. Isso porque o vereador Conrado Carrasco (PT) resolveu denunciar o padre Francisco Pelonha Neto, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, por ter construído uma sala para abrigar o setor administrativo dentro da Igreja Matriz de Sant’Anna, no Centro da Cidade.

O espaço — construído em paredes de gesso na entrada lateral da igreja — foi denunciado aos órgãos de proteção e defesa do Patrimônio Histórico — Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). No entanto, saiu da esfera administrativa para a pessoal porque, segundo Conrado, o padre Francisco Pelonha teria perdido o controle emocional e o atacado verbalmente durante a realização de duas missas, na última Quarta-Feira de Cinzas (18).

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O parlamentar soube do episódio por intermédio de fiéis que participaram das celebrações. “Eu só pedi informações aos órgãos. No entanto, me falaram que o padre, entre outras coisas, me difamou publicamente, alertando que político que arruma briga com a Igreja não tem futuro. Eu tentei conversar com ele, mas o padre desmarcou o encontro.”, disse indignado Conrado Carrasco, que comunicou o ocorrido ao bispo titular da Diocese de Santos, Dom Jacyr Francisco Braido, e ao bispo coadjutor Tarcísio Scaramussa. Ele quer que o padre Francisco seja punido por suposta atitude e também pelo desrespeito à história e à importância do patrimônio da Cidade.

“Tenho um profundo respeito pela Igreja e pela comunidade católica. Mas, nem o padre, nem ninguém está acima da lei. Ele foi absolutamente irresponsável. Primeiro pela intervenção desastrosa e equivocada no patrimônio histórico tombado. Segundo, por fazer acusações e ainda fazer ameaças em plena celebração das missas”, afirma Carrasco.

Além de denúncia aos superiores do pároco, o vereador pretende adotar medidas judiciais pedindo indenização por perdas e danos morais pela ofensa a sua imagem, levar o caso aos ministérios públicos estadual e federal e pedir direito de resposta oralmente em ambas as igrejas onde teria sido atacado. “Se for necessário, tentarei enviar o caso ao Papa Francisco”, finaliza o vereador.

Padre se defende e retira a construção

Procurado pela Reportagem, o padre Francisco Pelonha disse que tinha conhecimento do tombamento da igreja e que já desmontou a estrutura montada no prédio. “Não tínhamos espaço para atender a população. No ano passado, eu consultei os técnicos do IPHAN e eles me disseram que não havia nenhum problema se a construção fosse móvel, que pudesse ser removida a qualquer momento. Por isso construí em gesso”, explicou o padre.

Padre Pelonha refuta a informação que teria destratado o vereador durante as missas. “Cada um diz o que quer. Paciência. Estive com os bispos para avisar que os órgãos solicitaram que eu retomasse o espaço original e eu assim o fiz. Retirei tudo. Depois comuniquei aos fiéis que a sala não mais existiria e só justifiquei que o vereador Conrado fez uma denúncia junto ao IPHAN que foi deferida”, explica o sacerdote.

O pároco reforça que jamais usaria a Igreja para denegrir políticos. “Recebo pessoas de todos os partidos. Elas me procuram para receber palavras de esperança e fé. Sou padre, um sacerdote. Conrado não fez a denúncia por causa do patrimônio histórico, mas sim, porque eu tirei o provedor da irmandade que fazia muitas besteiras e ele, indignado, foi reclamar com o vereador”, completa o padre, que diz ainda mais: “Conrado não foi honesto, pois ele não revelou que ao mesmo tempo da minha construção havia, no piso superior da Igreja, uma sala construída pelo provedor. Por que ele não denunciou esse fato?”, concluiu o pároco.