Pai e filho acusam PMs de racismo em abordagem

O educador social e servidor público Claudinei Corrêa, de 45 anos, seu filho Jefferson Corrêa, de 20 anos e o genro Fabiano Augusto Pereira dos Santos, de 18 anos, foram abordados pela PM depois de terem comprado um par de calçados

2 SET 2014 • POR • 20h57

Três homens foram confundidos com bandidos por policiais militares e causaram protesto no centro de São José dos Campos, interior de São Paulo, na última sexta-feira, 29. A ação foi filmada e o vídeo teve mais de 10 mil compartilhamentos nas redes sociais.

O educador social e servidor público Claudinei Corrêa, de 45 anos, seu filho Jefferson Corrêa, de 20 anos e o genro Fabiano Augusto Pereira dos Santos, de 18 anos - todos negros - foram abordados pela PM depois de terem comprado um par de calçados. Segundo o pai, Jefferson saiu alguns segundos antes do estabelecimento e foi agredido por um dos PMs. "Estavam torcendo o braço dele", contou. Segundo o educador, a polícia teria gritado "cadê a arma, neguinho? Você perdeu".

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Claudinei disse que foi até o policial para esclarecer que se tratava de um engano e a compra havia sido feita à vista, mas acabou se tornando suspeito, junto com Santos. "Encostaram Fabiano na parede e o outro tentando pegar ele pelo colarinho", contou. De acordo com o educador, a polícia pediu que ele apresentasse documento de identificação e quis levar todos para a delegacia em uma viatura, ação que Claudinei se negou a realizar.

Revoltado com o pedido dos PMs, o pai começou a dizer palavras de ordem na calçada e pedir que os pedestres filmassem o momento. "Chega de racismo, chega de preconceito!", gritou, como mostra o vídeo exibido na internet. Ele ganhou apoio de outras pessoas, que chamaram a polícia de "racista" e pediram que o trio fosse libertado. "Eu precisava de provas. Três negros, naquela altura, deveriam achar que éramos mesmo bandidos", argumentou.

Depois de discutir com um PM, Claudinei, seu filho e Santos seguiram para o 1º DP do município, onde o episódio foi registrado. Segundo o educador, os policiais alegaram que uma loja havia sido roubada por cinco indivíduos - três deles com características semelhantes às do trio. A PM não confirmou a informação e até o fechamento desta edição, o boletim de ocorrência não foi divulgado.

Em nota, a Polícia Militar afirmou que os policiais realizaram uma "abordagem de praxe" e que "nenhuma irregularidade foi constatada". A ação foi gravada pelas câmeras de monitoramento e as imagens foram entregues à Polícia Civil. O delegado titular do 1º DP de São José dos Campos, Hugo pereira de Castro, instaurou inquérito policial para investigar o caso.

Racismo

Para Claudinei, a ação foi um ato racial. "Foi uma abordagem discriminatória. O policial chamou meu filho de 'neguinho'". Nunca passei por algo tão constrangedor assim", afirmou. Ele ainda citou o caso dos jogadores de futebol Aranha e Daniel Alves, vítimas recentes de racismo. "Eu sei o que eles estão sentindo agora".