Triste, Aranha se sente na obrigação de falar e pede respeito

Ainda abatido com a situação, o atleta de 34 anos fez questão de ressaltar a luta contra o racismo no Brasil

29 AGO 2014 • POR • 16h43

A polêmica envolvendo o goleiro Aranha e alguns torcedores do Grêmio voltou a fazer com que o goleiro se manifestasse contra o ato racista ocorrido na última quinta-feira, em Porto Alegre.

Avesso a entrevistas, o camisa 1 falou à Santos TV sobre o caso. Ainda abatido com a situação, o atleta de 34 anos fez questão de ressaltar a luta contra o racismo no Brasil, pediu respeito e nem pensa em usar toda a polêmica para se promover de alguma forma.

Leia Também

Filho de Aranha desabafa sobre ato preconceituoso: "Até quando"

Diretoria gremista divulga nota em repúdio a ação racista da torcida

Santistas reconhecem vantagem, mas querem evitar “já ganhou”

Robinho confirma fama de carrasco e Peixe quebra tabu no Sul

Aranha é chamado de “macaco” e sai de campo inconformado

Confira a declaração de Aranha na íntegra:

"Gostaria de falar sobre o triste, lamentável e polêmico episódio de ontem, no jogo. Todos os que me conhecem sabem que não gosto de dar entrevistas, de ir a programas de televisão, e, muito menos me promover em cima de uma situação lamentável como essa. Mas, pela educação que tive, a convivência com outras pessoas que já sofreram essa situação, não poderia deixar de falar, tenho que mostrar pois, graças a Deus, com muito trabalho hoje tenho o poder de falar com outras pessoas e se isso de alguma maneira vai ajudar, vai colaborar, me sinto na obrigação de fazer.

Vivemos em um País miscigenado, com muita gente, muitas raças, muitas cores e cada vez isso tem ficado maior, com uma quantidade maior de misturas. Então, se tinha um lugar onde não cabia esse tipo de acontecimento é aqui. Mas isso já vem de muito tempo, não vem de ontem. Tudo o que aconteceu agora já vem de muito tempo.

Palavras ferem, então precisamos ter muito cuidado com o que falamos. Eu sei que muitas pessoas fazem xingamentos muito feios, racistas, também, porque é a maneira que encontram de ferir a gente, desestabilizar, mas é uma maneira errada. Tem leis para isso, e esperamos que sejam cumpridas, já que foram feitas com muita luta e esforço. E da mesma maneira como respeito as pessoas, gostaria de ser respeitado, também. Não está só na arquibancada, está em todo lugar. Falei que fiquei aliviado e um pouco satisfeito pela manifestação deles porque o mal quando não é detectado ele cresce e se fortalece. Para a nossa felicidade esse mal mostrou a sua cara, se manifestou. Então, deu a oportunidade de nos manifestarmos, contra-atacarmos, buscarmos os nossos direitos. Se teve uma coisa boa nessa história de ontem é que mais uma vez ficou evidente que existe e precisamos combater enquanto está em um nível combatível. Quando falo de racismo não é só do negro, é de todas as áreas, de gêneros: raça, cor, religião, seja o que for, temos que ser mais próximos, solidários uns com os outros, e sempre que percebermos essas atitudes temos que combater já no começo. As pessoas tem que saber de onde vieram, as suas raízes, e acima de tudo respeitar umas as outras porque só assim vamos começar uma nova maneira de enxergar".

Confira o vídeo feito pela SantosTV: