Morre aos 88 anos Alfredo Di Stéfano, a "Flecha Loira"

O ex-jogador sofreu um infarto quando almoçava com a família em um restaurante em Madri

7 JUL 2014 • POR • 13h40

O pai de Alfredito queria que o filho fosse um jogador profissional de futebol. Mas a resposta do menino era sempre a mesma: “Não, quero ser aviador!” Aos 17 anos, em uma partida entre times de bairros de Buenos Aires, o menino fez três gols e chamou à atenção de diretores do River Plate. Nascia ali a carreira daquele que para muitos historiadores foi o maior jogador de futebol de todos os tempos. Alfredo Di Stéfano morreu nesta segunda-feira, 7 de julho, em Madri, aos 88 anos.

A “Flecha Loira”, como ficou conhecido por causa de sua habilidade em carregar a bola em alta velocidade e pelos cabelos claros, sofreu um infarto quando almoçava com a família em um restaurante na Rua Juan Ramón Jiménez, próxima do Estádio Santiago Bernabéu, palco de suas maiores atuações pelo Real Madrid, equipe na qual é apontado como o maior ídolo. Reanimado pelo atendimento de emergência, Di Stéfano foi levado ao Hospital Gregorio Marañón, na capital espanhola.

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Em dezembro de 2005, Di Stéfano sofrera um infarto, quando estava em Valencia. Permaneceu internado por três meses e recebeu quatro pontes de safena para desobstrução das artérias do coração.

Carreira

Em 1945, aos 19 anos, Di Stéfano começou a carreira profissional no River Plate. Fez parte da “La Máquina”, juntamente com José Manuel Moreno, Juan Carlos Munoz, Angel Labruna e Félix Loustau, campeões nacionais naquele ano.

Sem espaço na equipe titular, foi para o Huracán em 1946, retornando ao River no ano seguinte para ser um dos destaques da equipe na conquista do título argentino.

Em 1948, Di Stéfano participou da greve dos jogadores, que exigiam, entre outras coisas, melhores condições de trabalho e o fim do passe. Foi neste ano que River e Boca vieram a São Paulo para participar amistosos e em uma delas as equipes argentinas formaram um time misto, que enfrentou um combinado com jogadores de Corinthians, Palmeiras e São Paulo. Os argentinos jogaram com a camisa do Palmeiras e com a camisa Alviverde Di Stéfano fez o gol do combinado argentino no empate por 1 a 1, no Pacaembu. Servílio fez o gol da ‘seleção’ paulista.

Em 1949, foi para o Millonarios, da Colômbia, onde havia uma liga "pirata" que pagava altíssimos salários aos jogadores. Com a descoberta da ilegalidade, os times tiveram três anos para tirar os jogadores estrangeiros de seus elencos.

A diretoria do Millonarios, então, levou a equipe para excursionar pela Europa. Em 1952, um amistoso comemorativo dos 50 anos do Real Madrid, o Millonarios venceu por 4 a 2, com dois gols de Di Stéfano. A grande atuação da "Flecha Loira" iniciou um leilão entre Barcelona e Real. Na época, o futebol espanhol era comandado por Barça e Athletic Bilbao.

Foi com a camiseta branca do tradicional time espanhol que Di Stéfano ganhou notoriedade e ajudou a transformar o clube em um dos maiores do mundo. Atuou ao lado de lendas como Ferenc Puskas, Raymond Kopa, Francisco Gento e José Santamaría.

Somou nove títulos espanhóis, cinco da Copa dos Campeões da Europa e um Mundial. Em 510 jogos oficiais, marcou 418 gols. Foi eleito o melhor jogador europeu em 1957 e 1959.

Atuação de gala

Em 1960, na conquista do quinto título europeu diante do Eintracht Frankfurt, em Glasgow, na Escócia, o Real teve uma atuação de gala e marcou 7 a 3, com quatro gols de Puskas e três de Di Stéfano.

Em 1964, aos 38 anos, revoltado com a condição de reserva, se transferiu para o Espanyol. Encerrou a carreira em 1966, aos 40 anos.

Sem Copa. Naturalizado espanhol, atuou em 31 jogos pela seleção espanhola, com 23 gols marcados. Mas não conseguiu disputar uma Copa do Mundo. Em 1962, chegou a ir com a delegação espanhola para o Chile, mas, machucado, não atuou.

Como treinador, voltou ao Real Madrid em 1982, após dirigir Elche (1967), Boca Juniors (1968), Rayo Vallecano (1975), Castellón (1976), River Plate (1981) e Valencia (1970-74, 79-80, 86-88).

Foi campeão espanhol com o Valencia (1981) e da Recopa da Europa (1980); com o Real Madrid ficou com a taça da Supercopa da Espanha (1991); por Boca e River ganhou um campeonato argentino. Em 1989, ganhou da revista France Football o prêmio inédito da Super Bola de Ouro.

Em 2000, foi nomeado pelo presidente Florentino Pérez como presidente de honra do Real Madrid. A partir daí, sempre esteve presente nas grandes contratações e nos grandes eventos do clube.

Polêmica. Ano passado, anunciou seu casamento com a costa-riquense Gina González, sua secretária, de apenas 36 anos. Gina surgiou na vida de Di Stéfano em 2005, quando Sara, mulher do ex-jogador, morreu.

Os filhos de Di Stéfano jamais aceitaram a possibilidade do casamento e até pensaram em entrar na justiça para pedir a incapacidade do pai. Segundo a família, Gina só estava interessada no dinheiro do presidente de honra do Real Madrid.