SP: secretário de Energia quer fortalecer Cesp e reduzir dependência energética

O governo de São Paulo também planeja realizar até o final deste ano um leilão estadual de energia a partir de projetos renováveis que aproximaria produtores e grandes consumidores de energia

28 JUN 2014 • POR • 16h19

O novo secretário de Energia do Estado de São Paulo Marco Antonio Mroz, no cargo desde o mês passado, ainda não se familiarizou com todas as particularidades da pasta, mas já traçou algumas metas ambiciosas para sua gestão. À frente da secretária anteriormente coordenada pelo deputado José Aníbal, Mroz planeja fortalecer a Companhia Energética de São Paulo (Cesp), maior geradora de energia do Estado, e reduzir a dependência paulista da energia gerada por outros Estados.

Para alcançar esses objetivos, o secretário defende que a Cesp tenha como meta de longo prazo recuperar a capacidade de geração perdida durante o processo de privatização, além de apostar em novos projetos na área de fontes renováveis. Na esfera setorial, o governo analisa o pleito de empresas interessadas na construção de um gasoduto que ligará a exploração de gás na costa de Santos à capital paulista e a realização de leilão de energia a partir de fontes renováveis. A Cesp, além de protagonista desse movimento, deve também ser uma indutora do setor energético no Estado, segundo o executivo.

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Embora aborde alguns temas com cautela compatível à condição de alguém que acaba de assumir o cargo, Mroz revela que há uma série de projetos e discussões em andamento. O objetivo é reduzir a dependência da Petrobras, monopolista na atividade de venda de gás do País, e dos leilões energéticos realizados pelo governo federal, além de garantir competitividade energética à indústria instalada em São Paulo.

Para garantir gás natural mais competitivo, o governo de São Paulo já se reuniu com empresas interessadas em viabilizar o transporte de gás da costa de Santos à capital paulista. Praticamente um mês atrás, o presidente da Comgás, Luis Henrique Guimarães, defendeu a criação de uma nova rota para escoamento de gás natural produzido em Santos. Esse gasoduto, segundo Mroz, poderia subir a serra por um terreno da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), também controlada pelo governo estadual.


Além de buscar rotas mais atrativas do que o fornecimento de gás natural a partir da Petrobras, o governo de São Paulo também planeja realizar até o final deste ano um leilão estadual de energia a partir de projetos renováveis que aproximaria produtores e grandes consumidores de energia. "Aqui no Estado temos quem produz energia e quem deseja comprar. Faremos apenas a intermediação", explica Mroz em entrevista exclusiva ao Broadcast. "Temos números significativos (de iniciativas) e projetos em todas as áreas", complementa. Na lista estariam empreendimentos eólicos, solares, de biomassa e de biogás, por exemplo.

Fortalecer a Cesp

Reduzir a dependência energética de São Paulo não é a única prioridade de Mroz, político ligado ao Partido Verde (PV) de São Paulo. Ele também acredita que o momento seja apropriado para fortalecer a Cesp, empresa que chegou a ser cogitada como uma possível fonte de recursos para o governo paulista. Mroz assumiu neste mês a presidência do conselho de administração da companhia.

"Acho que a Cesp deve ter uma visão estratégica dentro de um Estado que importa energia. A empresa deveria adotar uma política de recuperação de ativos e ter como meta a recuperação dos 3 mil MW que deixou de ter durante a privatização", destaca. Na década de 1990, a Cesp vendeu o controle acionário da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e criou e privatizou a Elektro.

O crescimento da Cesp, sinalizou Mroz, passa por investimentos na área de projetos de fonte renováveis, como a construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), e o próprio leilão estadual poderia ajudar nessa tarefa. A companhia também pode ajudar o governo de São Paulo a tentar fortalecer a indústria sucroalcooleira, vitimada pela política de preços de combustíveis adotada pelo governo federal dentro da Petrobras.

Mroz já foi subsecretário de Energias Renováveis e mantém contato com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). "Talvez a Cesp possa ser o eixo central de credibilidade desse setor", afirmou o secretário, sem revelar detalhes de como esse movimento poderia ser viabilizado. "Poderia ser função da Cesp para que a biomassa pudesse ser comercializada", completou.

Com mais de R$ 1,4 bilhão em caixa, a Cesp poderia tanto adquirir ativos quanto apostar em novos projetos, segundo Mroz, que não esconde o entusiasmo com a possibilidade de a companhia voltar a investir. Mesmo que, para isso, seja necessária a redução do retorno dos controladores a partir da distribuição de dividendos. "Neste momento, creio que a empresa deveria investir Acho que o acionista ficaria feliz com esses investimentos", disse o secretário, ponderando, contudo, que a visão da pasta deve ser ratificada pelo governo estadual.