Menos de seis meses após aceitar redução salarial, Kleina é demitido

O fim da passagem do técnico ocorreu em uma clara decadência do desempenho do time após a eliminação na semifinal do Campeonato Paulista

8 MAI 2014 • POR • 14h30

Em 26 de novembro de 2013, dias após erguer a taça da Série B do Brasileiro, Gilson Kleina aceitou reduzir seu salário para continuar no Palmeiras. Exatos 163 dias depois, sua passagem pelo clube acabou. Menos de seis meses após convencer o técnico a receber um valor fixo mensal menor, a diretoria confirmou a sua demissão nesta quinta-feira.

A derrota por 2 a 1 para o Sampaio Corrêa dessa quarta-feira, no Maranhão, foi o último passo de uma trajetória na qual Kleina nunca teve total confiança de seus chefes. Em reunião nesta quinta-feira, o presidente Paulo Nobre, o diretor executivo José Carlos Brunoro e o gerente de futebol Omar Feitosa decidiram que o técnico não merecia mais chances.

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Contratado em 19 de setembro de 2012, Kleina, de 46 anos, completou 596 dias no cargo. Trabalhou em 105 partidas pelo clube, com 56 vitórias, 20 empates e 29 derrotas, com aproveitamento de 59,68%, quase os 60% que tinha como meta neste Brasileiro para sonhar em atingir as primeiras posições.

Em novembro, após a diretoria admitir que faltou dinheiro  para contratar o argentino Marcelo Bielsa e que analisou outros seis técnicos, Kleina negociou sua renovação por semanas. Chegou a dizer que não ficaria até ser convencido a se tornar o primeiro a aceitar o modelo de produtividade, com salário fixo bem menor do que o que recebia e promessa de prêmio maior por objetivos atingidos.

Então campeão da Série B do Brasileiro, principal meta traçada por Nobre para 2013, Kleina assinou contrato até dezembro na esperança de ter um time competitivo. Foi demitido exatamente após não ter reposição das negociações de Henrique e Alan Kardec e sofrer para encontrar substitutos de qualidade por conta de problemas físicos de Fernando Prass, Valdivia e Bruno César.

Nobre nunca teve convicção na qualidade de Kleina. Antes de assumir a presidência, em janeiro do ano passado, perguntou a seus pares políticos se seria correto já chegar demitindo Kleina. Foi convencido a mudar de ideia, assim como olhou o pagamento de dívidas e multa contratual e a falta de opções no mercado para não dispensá-lo após a derrota por 6 a 2 para o Mirassol e criticá-lo publicamente pela eliminação na Copa do Brasil de 2013.

Agora, o mandatário precisou abrir mão de sua política de contenção de gastos. No acordo estabelecido na renovação de Kleina, ficou estabelecido o pagamento de três salários no caso de rescisão contratual, o que gera um valor próximo dos R$ 900 mil. Mas Nobre não pôde mais segurar a pressão sem ter total confiança no treinador.

O fim da passagem do técnico ocorreu em uma clara decadência do desempenho do time após a eliminação na semifinal do Campeonato Paulista, perdendo para o Ituano em Pacaembu lotado. De nada adiantaram os 18 dias que separaram o jogo seguinte, contra o Vilhena, pela Copa do Brasil, da estreia no Campeonato Brasileiro.

O time venceu o Criciúma de virada, em Santa Catarina, mas teve fraca atuação. Jogou ainda pior nas derrotas para o Fluminense e o Flamengo, ambas válidas pelo Brasileiro, e teve desempenho sofrível ao perder do Sampaio Corrêa, em placar que só não virou goleada por conta de milagres de Fábio, inicialmente terceiro goleiro do elenco.

O jogo no Maranhão foi o fim de uma passagem na qual a Série B, tida como obrigação, foi o único trunfo. Kleina falhou na primeira missão que recebeu ao sair da Ponte Preta e ser contratado pelo então presidente Arnaldo Tirone: caiu com o Palmeiras no Brasileiro. Com exceção do título na segunda divisão nacional, falhou em todos os momentos decisivos, sendo eliminado prematuramente nos dois Paulistas que disputou e na Libertadores e na Copa do Brasil de 2013.