“A Copa não vai resolver todos os nossos problemas”, diz Ronaldo

Na metade do ano passado, com a disputa da Copa das Confederações como pano de fundo, ocorreram manifestações populares em diferentes regiões do Brasil

25 ABR 2014 • POR • 15h58

O ex-centroavante Ronaldo, integrante do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo, defende os investimentos na preparação das 12 sedes e procura valorizar a melhoria que algumas obras podem trazer à população. Por outro lado, com a possibilidade de novas manifestações durante o torneio, ele argumenta que a competição não pressupõe o final das carências do Brasil.

“Há cerca de um ano, na época dos protestos, os brasileiros começaram a imaginar a Copa como a salvação do país em termos de educação, saúde e segurança, mas depois começaram a ver que não é assim”, disse Ronaldo na tarde desta sexta-feira, em São Paulo.

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Na metade do ano passado, com a disputa da Copa das Confederações como pano de fundo, ocorreram manifestações populares em diferentes regiões do Brasil. O torneio organizado pela Fifa foi citado com frequência, o que deve se repetir durante o Mundial.

“A Copa vai trazer milhares de empregos diretos e indiretos. Novos estádios, o que para o futebol é excelente, e grandes investimentos de infraestrutura nas sedes. Continuo acreditando no torneio como uma grande chance para o país crescer, mas infelizmente não vai resolver todos os nossos problemas, que são muitos”, disse Ronaldo.

A menos de dois meses do início da Copa do Mundo, alguns estádios não foram concluídos, entre eles o Itaquerão, palco da abertura. Com as obras de infraestrutura ainda mais atrasadas, Ronaldo se diz satisfeito com a simples perspectiva de finalização.

“Tem algumas obras, como aeroportos e estradas, que não vão conseguir entregar a tempo da Copa. É uma pena, mas fico alegre por elas terem pelo menos começado. Que terminem em breve, quando seja. É esse o legado que a população merece”, disse o ex-jogador, que chegou a citar a cidade de Cuiabá como exemplo.

Para Ronaldo, as manifestações de 2013 são um sinal de que o povo brasileiro está de “saco cheio” e “traumatizado” com a classe política. O ex-jogador se incluiu entre os insatisfeitos e incitou a população a votar de forma consciente nas próximas eleições presidências, marcadas para outubro.

“Está chegando uma hora importante, de o povo mostrar a própria opinião. Todo o mundo que está descontente precisa escolher bem o seu candidato nas eleições. É uma grande chance de escolher direito e depois continuar cobrando os políticos cada vez mais”, afirmou.

Ronaldo ainda refutou a tese de que a Copa do Mundo diminuiu o investimento governamental em outras frentes, argumento comum nas manifestações, e defendeu o lucro que será obtido pela Fifa com o torneio a ser promovido em 12 cidades brasileiras.

“As pessoas falam muito que a Fifa está tendo lucro. Mas qual empresa privada não quer lucro? Todo o mundo quer ganhar dinheiro e tem que trabalhar, não pode superfaturar. E não houve dinheiro desviado da saúde para a Copa. O Brasil é um país rico e tem dinheiro para tudo. É hora de organizar a casa e fazer as coisas direito, investindo em saúde e, principalmente, em educação”, disse.