Total de civis mortos e feridos no Afeganistão sobe 14%

Insurgentes do Talibã estão promovendo mais ataques para tentar ganhar terreno e abalar a confiança no governo à medida que tropas internacionais se preparam para sair do país

8 FEV 2014 • POR • 14h54

O número de crianças mortas e feridas em confrontos no Afeganistão subiu 34% no ano passado, com o Talibã intensificando os ataques pelo país e instalando milhares de bombas às margens de rodovias, informou a Organização das Nações Unidas (ONU) neste sábado. Em 2013, 561 crianças foram mortas e 1.195 ficaram feridas. O total de mortes e ferimentos entre civis cresceu 14%, revertendo a tendência de queda de 2012 e tornando o ano de 2013 um dos mais mortais para civis em 12 anos de guerra no país.

O aumento do número de vítimas civis ressalta a violência crescente no Afeganistão. Insurgentes do Talibã estão promovendo mais ataques para tentar ganhar terreno e abalar a confiança no governo afegão à medida que tropas internacionais se preparam para sair do país no fim do ano.

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A Missão de Assistência das Nações Unidas para o Afeganistão (Unama) disse em seu relatório anual que 2.959 civis foram mortos no ano passado e outros 5.656 ficaram feridos no conflito. A título de comparação, foram 2.768 civis mortos e outros 4.821 feridos em 2012.

O relatório também observou uma "alarmante" nova tendência em 2013 - o crescente número de civis sendo feridos em combates entre os talibãs e as forças de segurança afegãs. Segundo a ONU, foram 962 batalhas em que os civis sofreram ferimentos no ano passado - uma taxa média de cerca de 20 batalhas por semana. As mortes e ferimentos de civis causados por esses combates aumentaram 43% em relação ao ano anterior.

O relatório culpou os insurgentes por 74% das mortes e ferimentos de civis, dizendo que o direito internacional proíbe ataques indiscriminados e voltados para o assassinato de civis. A polícia afegã e do Exército seriam responsáveis por 8% dos casos de violência contra civis e as forças da coalizão internacional, por 3%, conforme o relatório. Em 10% dos casos a responsabilidade não poderia ser atribuída a um único agente. Nos 5% restantes a responsabilidade era desconhecida.

O Talibã criticou o relatório da ONU, qualificado por porta-voz como "propaganda norte-americana". "Muito claramente houve um aumento em nossas operações contra as forças afegãs e de invasores estrangeiros, mas todos os nossos guerreiros santos foram muito cuidadosos para evitar vítimas civis", afirmou o porta-voz do Talibã Zabiullah Mujahadid, em comunicado. Ele acrescentou que "a maioria das baixas civis são causada por forças estrangeiras que tentam se vingar".

A coalizão militar internacional condenou os insurgentes por "desrespeito continuado" pela vida humana. "Os talibãs continuam atacando mesquitas e centros de saúde, queimando escolas, instalando IEDs (bombas de beira de estrada) e usando os civis para atividades insurgentes", disse a coalizão em comunicado.

De acordo com o relatório, bombas lançadas por forças pró-Talibã novamente causaram a maior parte dos episódios de violência contra civis, representando 34% das mortes e ferimentos no ano passado, enquanto o fogo cruzado em batalhas respondia por outros 27%.

A soma total de 8.615 mortos e feridos em 2013 foi o maior número de baixas combinadas desde que a ONU começou a documentá-las em 2009, após um aumento acentuado da violência.