Crianças ficam sem vacina em Guarujá

Morador usou redes sociais para expor seu drama para conseguir vacinar o neto. Rocha denuncia a dificuldade de vacinar crianças fora da unidade de saúde de origem

22 JAN 2014 • POR • 10h25

Vacinar uma criança — atividade obrigatória e garantida pelo Governo Federal em qualquer unidade de saúde — parece ser uma tarefa difícil em Guarujá. Pelo menos é essa impressão que se tem após o testemunho do morador Valmir Soares da Rocha que passou por uma situação constrangedora dias atrás. Ele se manifestou pelo Facebook.

Segundo informou ontem, seu neto de sete anos teria que tomar vacina no dia 9 passado, na Unidade de Saúde da Vila Alice. No local, foi informado que não havia pessoa credenciada para aplicar o medicamento, pois a profissional não teria ido trabalhar.

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A filha de Rocha, mãe do menino, foi orientada a voltar no dia seguinte e assim sucessivamente. No dia 14, foi informada que a funcionária estava doente e não tinha ninguém para as aplicações. Foi quando a mãe resolveu levar a criança à Unidade Básica de Saúde (UBS) do Paecará.

No novo endereço, disseram que não aplicariam a vacina porque a criança teria iniciado o calendário de vacinas na unidade da Vila Alice, o que acabou ocorrendo no dia 17, mas a funcionária estava doente e a vacina não foi aplicada.

No dia 20, Rocha informa que a filha ligou desesperada, pois não conseguia dar a vacina no menino em nenhuma unidade de saúde da Cidade, sob a alegação que não era a unidade inicial.

“Fui então à Unidade da Vila Alice, conversei com a enfermeira-chefe, que ficou indignada com as atitudes das outras unidades. Ela ligou então para a enfermeira-chefe da unidade do Paecará informando a gravidade da situação, que acabou concordando em vacinar meu neto”, afirma Rocha. 

Rocha finaliza alertando que conversou com inúmeras mães e todas disseram ser praticamente impossível vacinar seus filhos em unidades de saúde que não sejam a de origem das crianças.

A postagem de Valmir foi comentada por Maria Laus. “É verdade. As crianças só podem ser atendidas na unidade do bairro que mora. Se não tem vacina ou pessoa para aplicar, as crianças ficam sem vacinação. Se a criança ficar doente quem se responsabiliza?, questiona.

Autistas

Mães que têm filhos autistas também estão com problemas para conseguir medicamentos. Ontem, por telefone, Jacicleide Maria da Cruz Santana informou que há três meses não consegue um remédio chamado Neleptil (calmante fundamental para quem é autista). “O medicamento custa cerca de R$ 14,00, mas o Município não fornece. Meu filho tem que tomar duas vezes ao dia”, conta.

Vera Lucia da Costa, que tem um filho autista, disse ontem que não encontra o medicamento Respiridona, também importante e que custa cerca de R$ 110,00. “Só temos dois neuropediatras em Guarujá e uma consulta leva dias”, afirma. 

Prefeitura

A Secretaria de Saúde não respondeu a questão da falta de medicamentos para autistas, limitando-se a informar, por intermédio da assessoria de imprensa, que a unidade da Vila Alice sofreu queda de energia, o que prejudicou o serviço prestado aos munícipes, mas que o problema já foi resolvido.

Acrescentou que só é preciso se dirigir a qualquer unidade básica de saúde (UBS) ou unidade de Saúde da Família (USAFA), desde que esteja munido da carteira de vacinação da criança. Caso não possua o documento, deve retornar à UBS que já tenha iniciado as vacinas, e atentar para o calendário deste ano.