Cristina volta ao governo em plena crise energética

O regresso ocorrerá em meio a um forte mal-estar na sociedade pela profunda crise energética que chegou a afetar cerca de 800 mil pessoas na Capital Federal e na província de Buenos Aires

7 JAN 2014 • POR • 16h19

Depois de uma ausência de 18 dias, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, deve voltar à cena política na a quarta-feira com um anúncio popular: o aumento do valor do bolsa família, chamado no país de Alocação Universal por Filho (AUH pela sigla em espanhol). Os anúncios envolveriam outros planos sociais do governo, segundo especulações da imprensa local. O regresso de Cristina ocorrerá em meio a um forte mal-estar na sociedade pela profunda crise energética que chegou a afetar cerca de 800 mil pessoas na Capital Federal e na província de Buenos Aires. Para uma das líderes da pulverizada oposição, deputada Elisa Carrió (Coalizão Cívica), Cristina sofre com uma "fenomenal" crise de autoridade. "Mesmo que ela estivesse presente, não tem autoridade, não é crível", disparou a deputada em entrevista a uma rádio portenha.

Carrió disse que a Argentina vive sem amparo das autoridades. "Aqui não tem ninguém que ampare a sociedade. Este é um governo de irresponsáveis, que não assume esta crise", disse ela, completando que "o apagão demonstrou até que ponto estamos sozinhos e desamparados".

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Depois da cirurgia na cabeça para drenagem de um hematoma, realizada em 8 de outubro, Cristina permaneceu um longo período em repouso, até 17 de novembro. Mas desde que teve alta, ela só apareceu em público em cinco cerimônias protocolares; realizou apenas dois discursos e apareceu na TV, na sala de casa, em um vídeo cuidadosamente informal, para mostrar que estava "bem".

A presidente passou os últimos 18 dias isolada na casa da família, em El Calafate, na Patagônia. O silêncio dela não foi apenas a respeito da crise energética que ainda afeta milhares de pessoas em pelo menos 14 bairros, entre eles Caballito, Almagro, Flores, Villa Crespo, onde as pessoas não têm luz, nem água desde o dia 13 de dezembro, quando começou a interrupção dos serviços. Houve mutismo presidencial nas primeiras semanas de dezembro, durante os graves saques ocorridos em quase todo o país em plena greve das polícias provinciais, e durante as festas de fim de ano. Cristina não mandou mensagem para a população, o que costuma ser uma tradição entre os presidentes.

Há expectativas sobre o conteúdo do discurso de ressurgimento da presidente, especialmente no que diz respeito à crise energética, já que o governo decidiu castigar as empresas distribuidoras de eletricidade, Edesur e Edenor, com milionárias multas, a transferência dos fundos de investimentos ao setor para as mãos do Ministério de Planejamento e com ameaças de estatização das companhias.