Dilma diz que viajar faz parte da condição de presidente

"Não vou deixar de viajar, pois é parte integrante da condição de presidente", afirmou a presidente

6 NOV 2013 • POR • 16h12

A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira, 6, em entrevista exclusiva a veículos de comunicação do Grupo RBS, que não deixará de viajar pelo Brasil por causa das críticas que vem recebendo de adversários políticos de que ela estaria antecipando sua campanha eleitoral.

"Não vou deixar de viajar, pois é parte integrante da condição de presidente", disse Dilma, ao ser perguntada se consegue separar as atribuições de presidente da República de uma suposta campanha eleitoral.

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"Eu acho absurdo este tipo de colocação. Eu até acho que presidente Lula viajou mais do que eu em determinado momento do final de seu mandato. Até porque, em final de mandato, você tem mais coisas para entregar. Não vou deixar de viajar só por causa desses comentários", reiterou.

Perguntada sobre onde se sente melhor, se nas viagens que faz pelo País ou nas reuniões do G-20, a presidente Dilma disse que, a despeito de as reuniões do G-20 serem importantes, sente-se melhor em contato com o povo. "Quando viajo tenho maior alegria, pois o melhor momento do governo é entregar obras", disse.

Espionagem

A presidente voltou a falar sobre o escândalo envolvendo o episódio das espionagens feitas recentemente pelos EUA em todo o mundo, em especial no Brasil. "Violou não só meios privados, violou ligações telefônicas, violou a privacidade, e não só de chefes de Estado, mas também de indivíduos e empresas, e dentro de um processo que não tem muita justificativa de luta contra o terrorismo", disse.

Perguntada se a espionagem feita pelos Estados Unidos não poderia ser comparada com a espionagem feita pela Agência Nacional de Inteligência (Abin) em 2003 e 2004, Dilma disse que não. "Uma coisa muito diferente é você violar soberania e violar direitos humanos. E não há como comparar com o que a Abin fez em 2003 e 2004. Foi totalmente diferente", disse a presidente Dilma.

No caso americano, segundo Dilma, trata-se de um aparato de violação tanto da privacidade quanto dos direitos humanos e da soberania do País. Sobre o cancelamento de uma viagem que faria aos EUA por causa das espionagens e perguntada se isso não configurava uma ruptura nas relações entre os dos países, Dilma disse que não.

"Eu ia viajar, mas a discussão que derivou desse problema nos levou a tentar fazer com que eles nos pedissem desculpas ou prometessem que isso não mais se repetiria", disse. De acordo com ela, naquele momento ninguém sabia onde estava o delator do esquema de espionagem Edward Snowden e nem o que ele ainda tinha para revelar.

"No momento que eu pisasse nos EUA, eu e o presidente Obama estaríamos sujeitos a novas denúncias. Não houve ruptura das relações entre Brasil e Estados Unidos", afirmou. De acordo com Dilma, ficou claro para ela que Obama ficou constrangido com a situação.

"Não é uma questão minha ou dele. É uma questão política. Mas na minha condição de presidente eu não poderia permitir que os cidadãos aos quais eu devo satisfação não podem ter seus direitos violados", explicou.