Polícia Florestal notifica invasores do Cantagalo, em Guarujá

Já chega a 300 o número de barracos. Famílias podem entrar com recurso. Prefeitura de Guarujá está autorizada a derrubar os barracos, com auxílio de força policial, se necessário

31 OUT 2013 • POR • 21h03

Seis policiais florestais estiveram na manhã desta quinta-feira (31) no núcleo conhecido popularmente como Cantagalo, localizado próximo ao cruzamento das avenidas Atlântica e Dom Pedro I, na Enseada, onde cerca de 300 famílias invadiram uma área pública e de preservação ambiental. Os policiais notificaram os invasores e mediram os barracos de madeirite, construídos no local.

“Estamos também realizando um trabalho de orientação. Eles foram notificados por cometerem crime ambiental de supressão de vegetação. Agora, (os invasores) têm 20 dias para apresentar, na Polícia Florestal, os recursos”, disse o sargento que comandava a ação.

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Vale a pena lembrar que a Prefeitura de Guarujá está autorizada a derrubar – com auxílio se necessário de força policial - todos os barracos que estiverem no Cantagalo. Na tarde da última terça-feira (29) – próprio dia que a comunidade impediu a entrada dos agentes públicos e policiais - o juiz Marcelo Machado da Silva, da 4ª Vara Cível de Guarujá, concedeu liminar permitindo à Administração a reintegração e manutenção de posse da área, por se tratar de Mata Atlântica (preservação ambiental).

Conforme constatado ontem, a área invadida foi dividida em pequenos lotes de seis por 15 metros. Em cada lote foram construídos dois barracos. Segundo informações, o Cantagalo possui 11 mil moradores. Agora, com a invasão, passaria a ter aproximadamente 13 mil, visto que, em média, cada família que chegou ao local é composta por sete pessoas.

Bloqueio

Os atuais moradores do Cantagalo continuam bloqueando o principal acesso à área. A Prefeitura acredita que foi uma ação organizada de invasão. O porta-voz dos moradores, Tiago Teixeira, ratificou ontem que a luta é legítima. “É um ato da comunidade por moradia e não político. Não existe ninguém vendendo lotes. Nosso advogado já está tentando reverter a decisão. O poder público até agora não veio aqui conhecer a situação. Queremos dignidade. Essa área já estava desmatada. O povo está cansado de esperar e quer seu chão”.

Vice-prefeito afirma que recebeu comissão

O prefeito em exercício, Duíno Verri Fernandes, disse ontem que já recebeu representantes do movimento e que se comprometeu a fazer um cadastro para análise de cada caso. Ele disse que apresentou o programa habitacional previsto para a área invadida do Cantagalo. “Já estamos com obras contratadas de infraestrutura e de habitação para o local. Existe um cadastro único de futuros moradores, oriundos de áreas de risco do município. São 1.148 famílias cadastradas”, revelou.

Duíno prevê a implantação de asfalto, guias e sarjetas, saneamento básico, iluminação e conjuntos, compostos de apartamentos ou casas, com verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC II) na ordem de R$ 107 milhões. “Acredito que as obras serão entregues daqui a 30 meses (2,5 anos)”, adiantou Fernandes.

Duíno Fernandes disse ainda que pediu aos invasores uma lista com nomes de pessoas que desejam sair do Cantagalo pacificamente. A lista será entregue ao oficial de Justiça e em seguida encaminhada à Secretaria de Ação Social para verificar as necessidades de cada família. “Os que resistirem terão que responder à Justiça. Não podemos compactuar com a desordem”, finalizou, alertando que o déficit habitacional de Guarujá é de 35 mil moradias.