Indústria não deve ter crescimento exuberante nos próximos meses, diz FGV

O consumo abaixo das expectativas continua sem força para sustentar os investimentos na indústria, que tem se percebido em uma situação pior

22 OUT 2013 • POR • 14h15

A desaceleração na indústria de bens de capital e de consumo duráveis é o que influencia a queda na confiança da indústria, segundo o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloisio Campelo. Na prévia da Sondagem da Indústria de outubro, divulgado nesta terça-feira, 22, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 0,9% em relação ao resultado final de setembro, para 97,1 pontos. Se confirmado no fim deste mês, o patamar será o menor desde julho de 2009 (95,7 pontos).

Embora alguns setores de bens de capital e de bens consumo duráveis tenham sentido o efeito de medidas do governo para estimular a demanda - como o Minha Casa Melhor, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e financiamentos para máquinas e caminhões - o terceiro trimestre chegou com sinais de desaceleração. "A nova percepção é de que a demanda não está na velocidade que a indústria gostaria", disse Campelo

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O consumo abaixo das expectativas continua sem força para sustentar os investimentos na indústria, que tem se percebido em uma situação pior. "Não dá para esperar crescimento exuberante da indústria nos próximos trimestres", observou Campelo. Para ele, há chances de uma leve aceleração em 2014, mas uma retomada viria só no longo prazo.

Mesmo setores que vinham crescendo registraram desaceleração e acúmulos de estoque, segundo Campelo. A indústria de bens de capital, que teve expansões "espetaculares" no primeiro semestre, também deve sentir a redução no ritmo. Na projeção do superintendente, o segmento ficará entre a estabilidade e uma expansão de 0,5% no terceiro trimestre.

O ciclo de aumento de juros e a instabilidade na economia mundial, que não sinaliza melhora expressiva, também puxam para baixo a confiança do setor, segundo o superintendente. O único fator positivo, que pode dar certo alívio à indústria, é o câmbio mais desvalorizado.

"O câmbio entre R$ 2,20 e R$ 2,30 é um canal para impedir que a indústria continue ruim", disse Campo, fixando uma faixa a partir da qual seria possível estancar o processo de desaceleração industrial.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI), que ficou em 84,1% em outubro, praticamente estável em relação a setembro, também reflete uma produção sem grandes avanços, afirmou o superintendente.