DOENÇA

Laranja fecha março com maior valor dos últimos 30 anos

Produtividade vem caindo nas fazendas de São Paulo e Minas Gerais devido ao avanço de um mal que dizimou laranjais na Flórida, nos Estados Unidos

27 MAR 2024 • POR Nilson Regalado • 07h00
O recorde foi atingido primeiramente em janeiro e, desde então, vem sendo renovado mês a mês - HOYOUNG CHOI / UNSPLASH

quase duas décadas os produtores brasileiros de laranjas e tangerinas vêm lutando contra o greening, doença que reduziu drasticamente a produção em outros importantes produtores mundiais da fruta, como a Flórida, nos Estados Unidos. E os paulistas até tentaram transferir seus pomares para o Triângulo Mineiro e para o sul de Minas Gerais. Mas, o greening também chegou lá. Agora, os paulistas tentam a sorte na região de Juiz de Fora (MG) e até no Mato Grosso do Sul. Mas, o fato é que a produção brasileira da fruta segue em baixa. Aliado a isso, o mercado internacional está sedento por suco, e o Brasil é o maior produtor mundial da bebida. Resultado: a caixa de 40,8 quilos de laranja atingiu em março o maior valor desde 1994, quando o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP) começou a monitorar os preços da fruta no campo.

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E o recorde foi atingido primeiramente em janeiro e, desde então, vem sendo renovado mês a mês. No Interior de São Paulo, a caixa chegou a R$ 100,00 neste mês, maior valor real da série histórica do Cepea, isto é, já descontada a inflação dos últimos 30 anos. De acordo com pesquisadores ligados à USP, a forte valorização da fruta está atrelada sobretudo à escassez da laranja pera neste período de entressafra, enquanto outras variedades tardias e precoces também estão com volumes controlados na roça.

E as expectativas do setor são pouco otimistas quanto ao volume a ser colhido na safra 2024/25. É praticamente consenso que a produção será ainda menor que a colhida na temporada colhida entre o inverno de 2023 e o outono de 2024. Os desafios enfrentados por citricultores no segundo semestre do ano passado (devido ao greening e às ondas de calor trazidas pelo El Niño) tendem a dificultar uma colheita volumosa de laranjas ao longo de todo este ano.

Clima e avanço nas colheitas seguem ditando as cotações das frutas na roça e no atacado

CALOR.
E as ondas de calor das últimas semanas têm aquecido o consumo da laranja. A média das cotações na semana entre os dias 18 e 22 foi de R$ 94,47 pela caixa de 40,8 kg, na árvore, ou seja, a ser colhida. Portanto, esse valor nem sequer leva em consideração os custos com os trabalhadores da colheita e com o transporte até as centrais atacadistas e, daí, até os pontos de venda no varejo. Isso representou um aumento de 2,5% em relação aos preços da semana anterior.

Entre as variedades tardias, aquelas que ainda tem alguma fruta a ser colhida na safra atual, a pera natal registrou média de R$ 88,45/cx, na árvore, na semana passada. Nos últimos 40 anos, São Paulo e a Flórida sempre disputaram a liderança mundial na produção de laranjas.