Corredores devem se precaver para evitar problemas cardíacos e musculares

A cada ano, cresce no Brasil a prática de corridas de rua, como a São Silvestre.

23 DEZ 2012 • POR • 06h36

O crescimento do número de corredores profissionais e amadores demostra a importância que a prática de esportes e a busca de bem-estar conquistam gradualmente no Brasil. Ao mesmo tempo, as corridas longas exigem cuidados redobrados com a saúde do coração. Exemplo disso é a Corrida Internacional de São Silvestre, disputada tradicionalmente no dia 31 de dezembro, em São Paulo.

A expectativa dos organizadores é de que 25 mil corredores enfrentem o percurso de 15 quilômetros, que atravessa as principais ruas e avenidas do Centro da cidade. Embora a extensão do percurso seja menor do que a de uma maratona (42 km), o trajeto apresenta as mesmas dificuldades de uma corrida de maior distância, devido a fatores como o intenso calor do verão brasileiro e as subidas e descidas da topografia paulistana.

Assim, mesmo com todo o clima de confraternização e alegria da São Silvestre, é preciso que o atleta, profissional ou amador, realize periodicamente avaliação médica preventiva a fim de evitar riscos durante a corrida, bem como durante qualquer prática esportiva de alto desempenho. Além disso, o exercício supervisionado e bem orientado potencializa os benefícios à saúde e elimina os efeitos colaterais provocados por treinamento excessivo.

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“Os problemas cardiovasculares são a principal causa de morte das pessoas acima de 40 anos. Antes de praticar qualquer atividade física de rotina e principalmente de longas corridas, os esportistas devem realizar avaliação médica e, se necessário, alguns exames diagnósticos para praticar os exercícios com segurança”, ressalta a cardiologista e médica nuclear do Fleury Medicina e Saúde, Paola Smanio, ela mesma uma adepta de corridas de longa distância. Segundo Paola, há registros de corredores que sofrem paradas cardiorrespiratórias durante as corridas de longa distância.

Teste ergoespirométrico

Um moderno exame, que combina teste ergométrico, verificação da capacidade respiratória e a cintilografia de perfusão miocárdica oferece informações fundamentais para avaliar risco de problemas cardíacos, como, por exemplo, o infarto do miocárdio. Este exame também sugere qual a faixa de frequência cardíaca mais adequada para a prática esportiva.

Nesse sentido, o teste ergoespirométrico, associado à cintilografia de perfusão miocárdica, é um exame completo. É realizado com o cliente no teste de esteira, respirando por meio de uma máscara ou bucal, que coleta sua troca gasosa. O teste permite analisar o eletrocardiograma durante o esforço, o comportamento da pressão arterial, se existem arritmias cardíacas mais graves e qual o intervalo ideal de frequência cardíaca. “A partir desses dados, médicos e treinadores podem realizar uma prescrição adequada e individualizada da intensidade do treinamento físico”, comenta Paola Smanio.

Ainda durante o teste, quando o corredor atinge o pico de batimentos cardíacos, ele recebe uma injeção com um radiofármaco, que é uma substância com baixa radiação, levada pelas artérias coronárias ao músculo cardíaco e que avalia como está a sua perfusão (ou seja, quando há artérias obstruídas, o sangue contendo este radiofármaco não chega). Dessa forma, é feita uma avaliação sobre a existência de áreas do miocárdio (músculo cardíaco) que não são irrigadas de forma satisfatória e que precisariam de tratamento médico específico antes de dar continuidade à prática esportiva.

“O método é muito útil ainda, para pessoas ou esportistas que desejam praticar atividade física após eventos ou tratamentos cardiovasculares, como a cirurgia de revascularização miocárdica, a angioplastia com implante de stents ou insuficiência cardíaca de qualquer outra origem que não por obstrução nas artérias coronárias”, comenta Paola.

Durante os exercícios, os batimentos cardíacos podem ser medidos pelo pulsímetro, um relógio de pulso, associado a uma faixa ao redor do peito que contem um sensor que informa a frequência cardíaca. O atleta pode programar as frequências adequadas e a limite para seu treinamento. Se ultrapassar, o pulsímetro soa uma espécie de alarme para indicar que o limite foi ultrapassado.