Márcio França admite desistir e aderir a Haddad em disputa ao Governo de SP

A saída de França já era aguardada para os próximos dias entre petistas

28 JUN 2022 • POR Folhapress • 20h50
Márcio França, em entrevista à Gazeta e ao Diário do Litoral - Ettore Chiereguini/Gazeta de S. Paulo

O pré-candidato do PSB ao Governo de São Paulo, Márcio França, admitiu em reunião, na segunda-feira (27), com a cúpula do seu partido que pode desistir da candidatura a partir de quinta-feira (30). França aguarda uma definição de apoio do PSD, de Gilberto Kassab, até essa data.

Kassab avalia dar o apoio do PSD a França ou a Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) no estado. A segunda hipótese, no entanto, é a mais provável, algo que França também admitiu na reunião.

Leia Também

Caio França aciona MP para que Estado regularize pagamento dos beneficiários do Bolsa do Povo

França diz que se mantém como terceira via em SP após participar de ato de Lula

Haddad vê França candidato até o fim e diz que antibolsonarismo supera antipetismo

Márcio França defende fim de câmeras em fardas de PMs por serem 'invasivas'

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

A saída de França já era aguardada para os próximos dias entre petistas. Ao desistir do Palácio dos Bandeirantes, França deve concorrer ao Senado na chapa de Fernando Haddad (PT), com o apoio do ex-presidente Lula (PT) e do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB).

Na reunião, os dirigentes do PSB definiram que qualquer acerto com o PT será negociado em bloco, com vários estados ao mesmo tempo. Ou seja, a questão de São Paulo não será tratada separadamente.

Isso abre espaço para que a candidatura de França seja retirada em nome do apoio do PT ao PSB em outro estado da federação -o que funcionaria como justificativa ou saída honrosa para o ex-governador.

Segundo relatos de membros do PSB, França afirmou na reunião que, sem a adesão de Kassab, seria difícil levar sua candidatura adiante. Sua única esperança é que o PSD desista do apoio a Tarcísio após a reação negativa da base bolsonarista à divulgação da aproximação entre Kassab e o ex-ministro da Infraestrutura.

A próxima rodada de conversas entre PT e PSB está marcada para quinta-feira, ocasião em que, havendo a resposta de Kassab, a retirada da candidatura de França já poderia entrar na mesa de negociação para cacifar o apoio petista em estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul ou Espírito Santo.

À Folha França afirmou que pretende, sim, ser candidato ao Governo de São Paulo e que sua candidatura não depende do apoio de outros partidos.

Ele diz, contudo, que não deve prejudicar o acordo nacional entre PT e PSB para eleger Lula e confirma que, agora, sua candidatura depende de um acerto em bloco entre os dois partidos em vários estados.

"Pretendo ser candidato a governador de São Paulo. Me sinto preparado para o exercício dessa função. Claro, ouço os dirigentes do meu partido e também os amigos de outros partidos. Mas não dependo de outros apoios partidários. O PSB tem chapas próprias de deputado estadual e federal e garantias legais em debates e cobertura de TV", afirmou França.

"Combinamos, entretanto, com Lula e outros partidos, que as decisões sobre as eleições estaduais não devem prejudicar a vitória do campo democrático, que entendemos representar. O presidente [do PSB] Carlos Siqueira e a presidente [do PT] Gleisi Hoffmann estão com a delegação de encontrar soluções conjuntas das demandas no PSB nos estados", continua o ex-governador.

França afirma ter recebido, na reunião, "o pedido para que toda decisão seja feita em bloco". "Respeitarei o combinado. Todos os estados têm sua importância, mas São Paulo, por seu tamanho e população, não estará subordinado a nenhuma decisão estadual", completa.

O ex-governador disse ainda que, conforme combinou com Lula e Alckmin, estará "pronto para ganhar as eleições e ajudar a construir a vitória nacional". "Propus desde sempre que quem de nós tiver melhores condições eleitorais de defender a mudança para São Paulo e para o Brasil deve ter apoio dos demais."

Conforme se aproxima o período das convenções eleitorais, entre 20 de julho e 5 de agosto, cresceu a pressão do PT para que França apoiasse Haddad, que lidera a corrida eleitoral -o ex-governador está sem segundo, de acordo com o último levantamento do Datafolha.

Os petistas esperavam que França anunciasse sua desistência após uma conversa com Lula, na sexta-feira (24), o que não aconteceu. O ex-governador saiu do encontro afirmando que mantinha sua candidatura.