Conselheiro acusado de racismo continua no Santos FC

Página 'Santos FC Antifascista' garante que Adilson Durante Filho continua no clube

30 SET 2019 • POR • 19h28
Adilson Durante Filho teve um áudio de Whatsapp vazado em abril e prometeu sair do clube em função da repercussão negativa - Reprodução

A página do Facebook Santos FC Antifascista denunciou que o ex-secretário-adjunto de Turismo de Santos, Adilson Durante Filho, continua no quadro associativo do Santos Futebol Clube (SFC). Em abril deste ano, Durante Filho, em um áudio no Whatsapp, disse entre outras palavras que "os pardos brasileiros são todos mau-caráter". A diretoria do clube não se manifestou até às 19 horas de hoje (30) e Durante não foi encontrado, nem no Facebook.  

"Para revolta e vergonha de todos, após cinco meses do caso lamentável de preconceito racial praticado pelo conselheiro, tivemos a confirmação que o envolvido continua no quadro associativo do clube. Na semana em que o Santos lançou uma camisa reverenciando os nossos laços negros, é inaceitável que apadrinhamentos internos estejam acobertando atos criminosos que foram rechaçados por toda a torcida e com repercussão a nível mundial", publicaram os responsáveis pela página. 

Os administradores da Santos FC Antifascista lembram que Durante Filho havia solicitado o desligamento total de suas atribuições no Santos através de carta protocolada na Secretaria Social do Conselho Deliberativo. "Na época, a renúncia foi considerada uma manobra para evitar a expulsão, tendo em vista que o pedido de desligamento entregue por ele deixaria em aberto a possibilidade de retorno. Apesar disso, o alívio pelo afastamento do racista havia sido comemorado entre os torcedores e noticiado em toda a imprensa internacional", explicam.

Conselheiros

Segundo a página, a descoberta que Durante continua no Alvinegro Praiano foi de um grupo de conselheiros, que foi surpreendido com o nome ativo no quadro de sócios do clube. A carta protocolada pelo próprio Adilson, em abril desse ano, que pedia seu desligamento não foi efetivada. "Exigimos uma posição imediata do Santos e da Presidência do Conselho esclarecendo a questão e concluindo, em definitivo, a expulsão do racista do quadro do clube. Não iremos tolerar que a história antirracista do Santos seja sequer arranhada por grupelhos políticos incompatíveis com a nossa trajetória", finalizam. 

Prefeitura

Na Prefeitura, Adilson Durante Filho não está mais. Ele pediu licença não remunerada em abril para prestar os esclarecimentos devidos sobre o áudio que se espalhou nas redes sociais. Ele foi divulgado pelo Programa Sucupira Conection, da Rádio da Vila. Nele, o secretário declarou uma série de ofensas de cunho racista e, após questionado, reconheceu o feito. Em nota oficial, Adilson Durante Filho reconheceu o grave erro, pediu desculpas, se retratou publicamente e se disse ciente da sua responsabilidade e das possíveis consequências do ato cometido na esfera de sua vida privada.

O áudio

A vereadora Telma de Souza (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Santos, chegou a pedir providências da Prefeitura. No áudio, Durante Filho afirmara, entre outras coisas: "Esses caras, têm que desconfiar de todos. Todos que tu conhecer. Essa cor é uma mistura de uma raça que não tem caráter. É verdade, isso é estudo. Todo pardo, todo mulato, tu tem que tomar cuidado". 

O então secretário-adjunto ainda disse ao amigo "Ô Caco, vou falar uma coisa pra vocês, aqui a gente tá entre amigos, tá? Sempre que tiver um pardo, o pardo o que que é, não é aquele negão, né? Mas também não é o branquinho. É o moreninho da cor dele. Esses caras, têm que desconfiar de todos. Todos que tu conhecer. Essa cor é uma mistura de uma raça que não tem caráter. É verdade, isso é estudo. Todo pardo, todo mulato, tu tem que tomar cuidado. Não mulato tipo o Pedro. O Pedro é tipo pra índio. Tipo chileno, essas porra (SIC). Tô dizendo o mulato brasileiro, entendeu? Os pardos brasileiros são todos mau-caráter. Não tem um que não seja".