23 de Maio de 2024 • 06:36
Política
Sob resistência de Marina, uma ala da sigla defende apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda no primeiro turno e procurou o PT para abrir diálogo
Outra ala, que inclui a própria ex-candidata, discute o voto em Ciro Gomes (PDT) / Reprodução/Redes Sociais
Após lançar Marina Silva (Rede-AC) como candidata à Presidência da República em 2018 e amargar uma das últimas posições na disputa, a Rede está dividida em relação à eleição deste ano.
Sob resistência de Marina, uma ala da sigla defende apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda no primeiro turno e procurou o PT para abrir diálogo. Outra ala, que inclui a própria ex-candidata, discute o voto em Ciro Gomes (PDT).
Há ainda um debate para que Marina seja candidata a vice-presidente ao lado do pedetista, hipótese que enfrenta uma série de empecilhos e é rechaçada por uma parte do partido. O presidente do PDT, Carlos Lupi, tem conversado com a ex-candidata e já disse que ela seria um bom nome para o posto.
Em meio às discussões, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) chegou a procurar a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), para saber se o partido estaria disposto a abrir diálogo a respeito de aliança na eleição.
"Se tiver essa possibilidade, o PT quer conversar. A gente tem interesse de conversar com a Rede. Na eleição de 2020, a gente esteve junto em alguns municípios", diz Gleisi à reportagem.
O contato foi feito após o jantar do grupo de advogados Prerrogativas, em São Paulo, em dezembro passado, que reuniu Lula e Geraldo Alckmin (sem partido) e do qual o próprio Randolfe participou.
"Hoje, de fato, a Rede está dividida. Boa parte do partido defende apoio a Lula já no primeiro turno. Tem resistência, mas boa parte quer isso. Tem a sugestão de liberar o voto, tanto em Ciro como em Lula", diz o senador.
O PT trabalha para formar uma federação partidária com PSB, PC do B e PV. Já a Rede está em tratativas avançadas para se federar ao PSOL, o que tende a acontecer. O encaminhamento, segundo Randolfe, não inviabiliza conversas com o PT sobre aliança.
O senador defende que a Rede faça a federação com o PSOL e discuta uma coligação com o PT no primeiro turno, mas sem proibir o voto em Ciro Gomes.
Dentro do próprio PT, há quem defenda construir um diálogo mais profundo com os petistas por agregar valor simbólico. Existe inclusive quem defenda que a sigla seja uma opção de filiação para Alckmin ser vice de Lula, o que tem chance remota de ocorrer e nem sequer foi discutido na Rede.
A porta-voz da Rede, a ex-senadora Heloísa Helena, diz que, diante das divergências na sigla, a tendência majoritária do partido, hoje, é liberar a militância.
"Alguns dos nossos mais queridos parlamentares, como Randolfe e Túlio [Gadêlha] (PE), querem apoiar Lula. Eu e outros [queremos dar apoio] ao Ciro. Então vamos ter muita paciência revolucionária de não criarmos problemas internamente, pois a nossa unidade interna é infinitamente mais importante diante da duríssima batalha que vamos enfrentar", afirma Helena.
A porta-voz do partido diz que a sigla tem conversado com o presidente do PDT, Carlos Lupi, a respeito do programa apresentado por Ciro, mas avalia que a possibilidade de a Rede compor a chapa ao lado do pedetista, como tem sido aventado nos partidos, é "bem mais complexo".
Além da divisão no partido, integrantes da Rede apontam que um entrave para que Marina seja candidata a vice-presidente ao lado de Ciro é o fato de João Santana ser o marqueteiro do pré-candidato. Santana foi o responsável pela campanha de Dilma Rousseff em 2014, marcada por ataques a Marina, que acabou em terceiro lugar na disputa. A candidata derrotada chegou a dizer que enfrentava uma "campanha desleal" do PT.
Helena diz que já foi vítima do "marketing da pistolagem", mas prefere "não esquecer o nome dos mandantes que pagam e se beneficiam politicamente desses crimes".
"Sobre isso [a presença de Santana], não discuto, pois compreendo que Marina e Ciro certamente conversarão sobre o tema. Sobre o conteúdo programático caberia aos partidos e o faríamos se a chapa fosse composta."
Segundo a porta-voz da Rede, no final do mês haverá um cenário mais claro sobre federação partidária e composição de chapa.
Enquanto isso, o objetivo do partido é trabalhar nas prioridades elencadas pela sigla, entre as quais estão eleger os dois candidatos a governador que serão lançados: Randolfe no Amapá, e o ex-deputado Audifax Barcelos no Espírito Santo.
Além disso, o objetivo é ultrapassar a cláusula de barreira, elegendo mais de 10 deputados federais e atualizar o plano que Marina apresentou para a campanha de 2018.
Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.
Tanto Helena como Marina têm histórias conturbadas com o PT. Ambas tiveram o partido como ponto de largada na trajetória política.
Helena foi eleita senadora pelo PT em 1998, e em 2003 foi expulsa da sigla por divergir de orientações da legenda e votar contra projetos de interesse do partido. Depois, a ex-senadora migrou para o PSOL, onde ficou até ajudar a fundar a Rede, que foi registrada em 2015.
Já Marina, filha de seringueiros e natural do Acre, foi ministra do Meio Ambiente de 2003 a 2008, no governo Lula. Ela deixou o PT em 2009, filou-se ao PV e candidatou-se à Presidência pela sigla. Em 2013, quando já tentava fundar a Rede Sustentabilidade, filiou-se ao PSB e assumiu a candidatura à Presidência pelo partido em 2014, depois da morte de Eduardo Campos (PSB-PE). Ela terminou em terceiro lugar.
Já em 2018, candidatou-se de novo ao Palácio do Planalto, mas acabou a corrida nas últimas posições.
Política
Se a Ilha Barnabé explodir, Santos, Cubatão e Guarujá voam pelos ares?
Programa Habitação Risco Zero vai entregar 40 unidades habitacionais no início de 2024, em PG
Famílias da Ilha Caraguatá não serão mais removidas, garante CDHU
Cotidiano
As informações são do Departamento Hidroviário. Cinco balsas estão em operação
Santos
Ricardo Amorim participou da palestra inaugural do 24° Seminário Internacional do Café, realizado em Santos, na manhã desta quarta (22)