Política

'Fui eleita pela minha história e reeleita pelo meu trabalho', diz Rosana Valle

Deputada mais votada da Baixada Santista e do Vale do Ribeira, Rosana Valle faz balanço dos dois mandatos e projeta novas conquistas

Luana Fernandes Domingos

Publicado em 06/09/2025 às 07:10

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Rosana Valle foi a deputada mais votada da Baixada Santista e do Vale do Ribeira / Renan Lousada/DL

Continua depois da publicidade

A deputada federal Rosana Valle (PL-SP) faz questão de ressaltar que sua trajetória política tem sido construída passo a passo, sempre com foco na Baixada Santista e no Vale do Ribeira. “No primeiro mandato, fui eleita pela minha história; no segundo, fui reeleita pelo meu trabalho”, afirma, destacando o reconhecimento popular que a levou a ser a mais votada da região.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

No balanço dos dois períodos, a parlamentar lembra que enfrentou embates e desafios, mas garante que conseguiu entregar resultados concretos.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Lei do Mar: Deputada propõe PL inédita de conservação dos ecossistemas marinhos

• Prefeito Rogério Santos rebate crítica de deputada Rosana Valle sobre ônibus

• 'Ministro e deputado desfilando em escola que afronta a Polícia não é Carnaval', critica deputada

Só no primeiro mandato, diz, foram mais de R$ 500 milhões em recursos destinados para destravar obras paradas e garantir investimentos em saúde, infraestrutura e moradia. Entre as conquistas, cita a entrega de mais de mil apartamentos no conjunto Tancredo Neves, a reforma do aeroporto e a emblemática obra da Ponte dos Barreiros.

Já no segundo mandato, o peso da votação histórica fortaleceu sua presença política. Rosana afirma que hoje é reconhecida como “a deputada da região”, não de uma única cidade, mas de todo o contexto da Baixada e também do Vale do Ribeira.

Continua depois da publicidade

Ela destaca a parceria com o governador Tarcísio de Freitas, que, segundo ela, vem cumprindo promessas importantes para a região, como a extensão do VLT para a área continental e novos investimentos em moradia.

Com pouco menos de um ano e meio de mandato pela frente, a parlamentar projeta novos avanços. Entre as prioridades, estão obras estruturantes como o túnel Santos-Guarujá, a terceira pista da Imigrantes, a expansão habitacional e a ampliação do atendimento em saúde.

“Tenho buscado todos os caminhos possíveis para trazer recursos. Já ultrapassamos R$ 800 milhões entre os dois mandatos, e ainda há muito a ser feito”, garante.

Continua depois da publicidade

Diário do Litoral - Já são dois mandatos seguidos, um deles como a deputada mais votada da Baixada e do Vale do Ribeira. Como a senhora avalia esse período? Como a senhora resume o primeiro e o segundo mandato?

Rosana Valle - O primeiro mandato foi mais duro pra mim, porque eu estava num partido que era de oposição ao governo, mas tive grandes conquistas porque mantive a minha posição.

O primeiro mandato foi para consolidar essa posição. Eu votei sempre em pautas que acreditava serem importantes para o país, independentemente de serem pautas de governo ou não. Assim, consolidei a minha verdade, a minha marca. Foi um mandato que foi sendo construído, tive muitos embates, mas trouxe muitos recursos para a região, e a população reconheceu isso.

Continua depois da publicidade

No primeiro mandato foram mais de 500 milhões, meio bilhão em recursos. Consegui destravar obras que estavam paradas, como o conjunto Tancredo Neves, onde entreguei 1.120 apartamentos. Também destravei a obra do aeroporto, com recursos para reforma, além de muitos investimentos na área da saúde.

A ponte dos Barreiros também foi emblemática. Mas não foi só isso: foram muitos, muitos recursos que consegui trazer para a região nesse primeiro mandato.

No segundo mandato, a população reconheceu tanto o trabalho que eu fui a mais votada na minha reeleição da Baixada Santista — uma votação histórica para uma mulher. Acho que não tem deputado que construiu carreira na região e que tenha sido mais votado. Até tinha o Bruno Covas na época, mas ele fez carreira em São Paulo.

Continua depois da publicidade

Então foi assim: no primeiro mandato, eu fui eleita pela minha história; no segundo, fui reeleita pelo meu trabalho. Isso consolidou a minha presença na região. Hoje, a população me vê como a deputada da região.

Eu não olho só para uma cidade, mas para o contexto da Baixada Santista e também para o Vale do Ribeira, atendendo necessidades e estando sempre presente nas pautas e lutas regionais.

Agora, tenho atuado também junto ao governo do Estado. Participei ativamente da campanha do governador Tarcísio, que fez muitas promessas aqui para a Baixada Santista — e está cumprindo uma a uma. Entre as promessas: a extensão do VLT para a área continental, que já está com obra em andamento, além de investimentos em moradia.

Continua depois da publicidade

A gente tem visto ele vindo aqui constantemente. Tenho procurado levar as pautas da Baixada para o Estado e trazer as pautas do Estado para a Baixada.

Então, tem sido um mandato também de posicionamento nesse segundo período e de atenção às necessidades da minha região.

Diário do Litoral - Até 2024 foram quase 40 milhões destinados à saúde na nossa região. Se somarmos o Vale do Ribeira, esse valor mais que duplica e chega a 96 milhões. Com isso foi aplicado? Quais as principais obras que a população pode olhar e falar: "isso aqui foi a Deputada Rosana Valle quem fez"?

Continua depois da publicidade

Rosana Valle - Nós destinamos recursos para a saúde em toda a região, priorizando sempre uma decisão técnica na aplicação. O Hospital Guilherme Álvaro, que atende 100% SUS na nossa região, recebeu muitos recursos, especialmente durante a pandemia: insumos e tratamentos de câncer, já que é referência.

A Santa Casa de Santos também recebeu muitos investimentos: reforma de UTI e, agora, mais de 5 milhões para a construção de um centro de transplantes — o primeiro da Baixada Santista.

Houve ainda reformas em unidades de saúde de Itanhaém e Peruíbe, sempre atendendo ao que cada cidade estava precisando. A gente tem uma boa comunicação nas redes sociais, e as pessoas falam das necessidades.

Continua depois da publicidade

Assim, conseguimos atender reformas de postos de saúde, aquisição de equipamentos e, por exemplo, os equipamentos para a maternidade de São Vicente, que está ficando pronta. Vamos equipar toda essa maternidade.

O Hospital Regional de Pariquera-Açu, que atende todo o Vale do Ribeira, também recebeu recursos anuais importantes por meio do COMSaúde, assim como as prefeituras, via fundos municipais de saúde.

Em Bertioga, foi aberta uma ala inteira em um hospital, custeada pelo Estado junto com Peruíbe, e eu destinei todos os equipamentos dessa ala.

Além dos 90 milhões em recursos, fizemos muitas articulações para conquistas estruturantes na região. Um exemplo é o Hospital de Peruíbe, que estava ficando pronto mas a cidade não tinha como custear. Conseguimos o compromisso do governo do Estado para bancar o custeio desse hospital de 54 leitos.

O mesmo aconteceu com o hospital de Bertioga e com a maternidade de São Vicente: obtivemos o compromisso do Estado para o custeio. Essas três conquistas são fundamentais para ampliar o quadro de atendimento da saúde regional.

Sobre o hospital de Peruíbe: ele está pronto e agora vai para a fase de estruturação dos equipamentos, para os quais já destinamos recursos. O governador também se comprometeu com o custeio. Então, está tudo encaminhado.

Outro ponto muito importante é o Hospital Santo Amaro, no Guarujá. Nós temos ajudado bastante porque ele é o hospital com maior número de internações do SUS na região. Já fizemos duas ou três reuniões com o secretário Eleuses, buscando apoio do Estado.

O Santo Amaro tem dívidas, os custos são muito altos e ele não consegue sanear sozinho. Por ser um hospital filantrópico, assim como a Santa Casa, estamos intermediando com o governo do Estado para buscar soluções que diminuam as dívidas e os custos.

Diário do Litoral - Na Segurança Pública, quais avanços e resultados práticos a senhora destaca nesta área? 

Rosana Valle - Na segurança pública, eu sou — talvez — uma das deputadas que mais destina recursos para a área no Estado. E trago esses recursos para a nossa região em muitas frentes.

Desde o início, trabalhei para equipar o Corpo de Bombeiros, pensando também na segurança de uma região com área portuária e industrial, como Cubatão. Foi inédito: conseguimos caminhões de combate a incêndio industrial. Essa conquista veio da minha articulação na bancada paulista.

Como jornalista, eu acompanhei, por exemplo, o incêndio da Ultracargo, que demorou 12 dias para ser controlado. Na época, foi preciso trazer caminhões de São Paulo porque não havia estrutura local. Essa experiência mostrou a necessidade urgente de investir.
Além desses caminhões, também trouxemos outros para a Zona Noroeste e para Cubatão.

No Vale do Ribeira, destinamos equipamentos de moto aquática para o GBMar. E, de forma histórica, conseguimos a primeira lancha blindada do Estado de São Paulo. Fui eu que trouxe, com recursos do meu mandato.

Ela está em plena operação e tem sido fundamental no combate ao tráfico de drogas e nas incursões, já que, muitas vezes, os criminosos fogem de barco e desaparecem pelas vielas e canais da região.

Agora estou destinando outra lancha. E, graças a essa primeira iniciativa, chamei a atenção do governo do Estado para a necessidade de ampliar o patrulhamento náutico aqui na região.

Já tenho o compromisso do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, de instalar uma companhia de patrulhamento náutico do BAEP. Ela já foi criada no papel. O Estado vai enviar mais embarcações — parece que três lanchas — e montar o efetivo necessário para garantir mais segurança.

Diário do Litoral - Nas áreas de Assistência Social bem como Educação e Cultura foram mais de 32 milhões ao todo. O que a senhora destaca nessa área?

Rosana Valle - A gente ajudou muito as instituições do terceiro setor — e seguimos ajudando — porque sabemos que elas cumprem uma lacuna importante. Elas ocupam um espaço em que o poder público, muitas vezes, não consegue atuar.

Desde a Casa da Esperança de Santos, Casa da Vó Benedita, Mensageiros da Luz, até as APAEs da região: todas as que nos pedem recursos para reformas ou instalação de salas sensoriais têm recebido nossa atenção.

No início do mandato, organizei uma reunião e reuni quase 100 instituições da nossa região. Nessa ocasião, entreguei uma cartilha que produzimos, explicando passo a passo o que era necessário para receber recursos federais: documentação, regularização de certidões e demais exigências. Todas as entidades que se adequaram receberam recursos. Isso fez bastante diferença.

Também destinamos recursos para CAMPs de atendimento a jovens e programas de aprendizagem. Às vezes são R$ 200 mil para uma instituição, R$ 300 mil para outra, mas vamos analisando caso a caso. O CAMP do Guarujá, por exemplo, já recebeu recursos nossos e conseguiu ampliar o atendimento.

O terceiro setor tem um papel essencial para o nosso mandato, assim como a causa animal, que também apoiamos com muita dedicação.

Diário do Litoral - Em abril o Governador Tarcísio liberou recursos para a reforma da ponte ferroviária ao lado da Ponte dos Barreiros e a construção de mais quatro estações do VLT: Ponte Nova, Quarentenário, Rio Branco e Terminal Samaritá. Como estão essas obras e existe alguma previsão a respeito de quando estas estações estarão prontas para a população poder usufruir do serviço do VLT?

Rosana Valle - É importante dizer que eu lutei para que a segunda fase do VLT fosse na área continental de São Vicente. Naquele momento seria o ideal, porque a ponte dos Barreiros estava sendo reformada com recursos que consegui junto ao governo federal.

Na época, porém, não consegui avançar nessa proposta porque o governo Doria insistiu, por força política, em fazer a segunda fase do VLT no centro de Santos. O próprio secretário de Transportes e o governador defenderam essa decisão.

Hoje colhemos as consequências, que, na minha opinião, foram negativas. O centro de Santos tem problemas graves: falta de segurança, abandono e uma série de situações que precisavam ser corrigidas antes. O VLT não é — e nunca seria — um milagre para o centro. Para que ele fizesse sentido ali, seria preciso uma intervenção urbana mais ampla.

Enquanto isso, o que vemos são transtornos: lojas fechando, comércio reclamando, atrasos sucessivos na obra. Há ainda as dificuldades geográficas e logísticas, já que as ruas do centro são estreitas para a passagem do VLT.

O governador Tarcísio herdou essa situação. Tenho certeza de que, se fosse ele o governador na época, não teria autorizado a obra ali, justamente pelos problemas técnicos e estruturais envolvidos — algo que qualquer engenheiro saberia dimensionar.

De qualquer forma, agora é preciso entregar. E estamos vendo, de perto, todas essas dificuldades. O lado positivo é que o governador Tarcísio reconheceu a importância do VLT na área continental. Já determinou estudos, lançou a licitação e a obra está acontecendo.

Eu espero que até o final do ano que vem possamos ver os resultados, permitindo que a população de São Vicente vá trabalhar em Santos, que quem mora em Santos possa ir a São Vicente e, assim, tenhamos a integração tão necessária para a região.

Diário do Litoral - Ainda sobre mobilidade, existe um movimento muito grande na região sobre a instalação das novas praças de pedágio e o Diário registrou diversos protestos, além de postagens em redes sociais. Como a senhora vê essa movimentação?

Rosana Valle - Eu creio que é justa a posição dos moradores. Eles não querem arcar com esse valor porque utilizam muito e teriam prejuízo. Tenho convicção também de que o governador vai encontrar a melhor saída, assim como já fez em outras regiões do estado.

O que eu não acho certo é muitos políticos usarem essa pauta para atacar o governador. Ele está ciente do que vem acontecendo e tenho certeza de que a população não vai ser prejudicada. Ele já falou isso inúmeras vezes. Eu mesma tive algumas reuniões com ele.

Mas algumas pessoas, alguns políticos oportunistas, se adiantam em trazer esse tema para o debate. O problema é a comunicação.

De fato, falta comunicação por parte da empresa. Seria preciso chamar todo mundo, explicar com clareza, mas não é isso que acontece. Fica cada um falando uma coisa, e isso gera medo na população.

Nós já questionamos a empresa várias vezes, mas não há retorno. Sempre que perguntamos, a resposta é uma nota padrão, que esclarece pouco. Eu não sei ainda se os moradores serão liberados de pagar. O governador já me disse que nada será cobrado antes da obra estar pronta, e que em alguns casos primeiro toda a obra será concluída para só depois iniciar a cobrança.

Vivemos em uma época de fake news. Se a empresa não se comunica, cada um fala uma coisa, e a verdade se perde. Falta clareza. Eu mesma recebi essa campanha sobre pedágio, mas sem explicações detalhadas.

Quando as pessoas entenderem os benefícios corretamente, acredito que, mesmo havendo quem reclame, muitos reconhecerão os retornos. Mas enquanto a empresa não se comunica, outros aproveitam o silêncio para insuflar a população.

A CNL só fica dizendo que “será anunciado oportunamente”. Eu já questionei: quando? Isso não é suficiente. Nas minhas redes, essa cobrança aparece direto, muitas vezes insuflada por políticos. E a população tem razão em reivindicar.

O que falta é a empresa se posicionar claramente e mostrar qual será, de fato, a decisão.

Diário do Litoral - A senhora tem alguns projetos em tramitação como o PL 3412/2019, com alterações importantes no REPORTO, o PL 3645/2023, que visa garantir a transferência de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) para o combate ao tráfico de drogas em cidades portuárias com mais de 300 mil habitantes e o PL 4761/2023, que cria um fundo destinado a financiar programas e ações relativas à melhoria da infraestrutura e capacidade dos portos situados em cidades com mais de 300 mil, com impacto direto na nossa região. Todos eles têm um impacto econômico e social muito grande para a nossa região e até para o país. Como estão esses projetos em específico e como eles podem beneficiar a população?

Rosana Valle - Eu tenho procurado protocolar projetos que sejam importantes tanto para a nossa região quanto para as pautas que eu defendo. Entre eles, temos um projeto sobre a mamografia a partir dos 40 anos, para que seja orientada pelo SUS anualmente. Hoje, o exame é feito de dois em dois anos e apenas a partir dos 50.

Na Câmara, há muitos projetos. Deputados apresentam dezenas deles e, às vezes, acabam sendo apensados por tratarem do mesmo tema. Por isso, sempre que vou protocolar algo, faço uma investigação para saber se já existe projeto semelhante e como está a tramitação. Assim, evito apresentar à toa, porque senão o projeto fica engavetado e não segue adiante.

Os projetos que temos apresentado são relevantes e, muitas vezes, trazidos por segmentos da própria população. Eles vão seguindo o rito na Câmara, passando pelas comissões. Eu sou vice-presidente da Comissão de Aviação e Transportes da Câmara. Inclusive, nesta semana vou relatar um projeto sobre os pátios de apreensão de veículos.

Hoje, os pátios viraram um comércio. O projeto busca estabelecer regras para que não prejudiquem o cidadão. Muitas vezes, a pessoa tem o carro apreendido, mas não consegue retirá-lo no final de semana porque o pátio está fechado — e ainda assim precisa pagar a diária. Isso é injusto. A pesquisa mostra que o maior índice de apreensões acontece na sexta-feira, justamente para acumular cobrança de diárias.

O que propomos é simples: se o pátio funcionar no fim de semana, pode cobrar a diária. Se não funcionar, não deve cobrar. Outra medida é deixar claro que, se o guincho chegar e o dono do veículo estiver presente, o carro não pode ser levado. Queremos acabar com essa “indústria da apreensão” que muitas cidades utilizam para lucrar.

Diário do Litoral - Outra pauta que a senhora leva é das mulheres e a senhora é presidente do PL Mulher no estado. São várias as ações na região e gostaria que a senhora destacasse o impacto social delas e o que as mulheres ainda podem esperar.

Rosana Valle - Nós estamos fazendo um movimento muito importante no PL para que as mulheres participem mais da política. Esse movimento não começou agora, começou lá em 2023, quando a Michelle Bolsonaro assumiu o comando do PL Mulher. Na sequência, em maio de 2023, eu assumi também essa missão.

Mas o que é esse movimento? Ele consiste em oferecer cursos de capacitação, realizar reuniões, palestras e criar espaços para que as mulheres entendam mais sobre política.

O objetivo é que elas não sejam cooptadas por partidos apenas na época da eleição, se tornando laranjas — porque, na prática, muitos partidos não querem que elas sejam eleitas, apenas que cumpram a cota de 30%.

No PL, eu tenho convicção de que é o partido que mais investe em trazer mulheres para a política. São mulheres seguras, capacitadas, firmes, e a liderança da Michelle Bolsonaro tem sido fundamental para isso.

Em 2024, esse trabalho já trouxe muitos resultados. O PL conseguiu aumentar bastante o número de mulheres eleitas. Para você ter uma ideia: antes tínhamos 72 vereadoras no estado de São Paulo, hoje são 184. De três prefeitas, passamos para seis. De nove vice-prefeitas, agora temos 16. Ao todo, conseguimos eleger 209 mulheres. Esse é um ganho enorme.

Nosso caminho é esse: fazer com que as mulheres participem mais da política, sejam eleitas e ocupem espaços de decisão. Porque, de forma geral, a mulher contribui muito com a política.

Ela tem características que acrescentam: é determinada, corre atrás, não aceita um “não” como resposta. Além disso, pensa muito no legado que vai deixar para os filhos, no que a família vai pensar, e isso a motiva a fazer um bom trabalho, sem desanimar.

A mulher também entende bastante de política. Hoje, estamos desmistificando aquela ideia retrógrada de que mulher não gosta de política. Gosta sim. Mulher faz política no dia a dia, quando cuida do orçamento, quando chefia a família — e são muitas que fazem isso hoje.

O que queremos é trazer essas mulheres para a política institucional. Tenho visto esse movimento crescendo. Na Baixada Santista e no Vale do Ribeira, já temos um número grande de mulheres participando de encontros, palestras e capacitações.
E, se Deus quiser, em 2026 nós vamos eleger muito mais mulheres também.

Diário do Litoral - As obras da pista do aeroporto de Guarujá foram concluídas. Quais as próximas etapas até o equipamento ser disponibilizado?

Rosana Valle - Eu acompanhei isso desde o início. Lembro-me da primeira reunião que tive com o presidente Bolsonaro, pedindo para que ele liberasse a outorga para o aeroporto funcionar.

Depois que conseguimos isso, lá em 2019, foi uma sequência de ações para destravar as questões burocráticas e fazer o processo andar. Em seguida, consegui recursos na bancada paulista para o cercamento da pista, para a construção do terminal de passageiros provisório, que é modular. Vieram os contêineres, e conseguimos destravar a questão ambiental. Foi difícil, mas conseguimos.

Hoje, a obra está pronta. O que falta na sequência é a homologação da pista, porque se trata de uma pista militar que vai atender ao uso civil. É preciso alinhar a documentação com a Aeronáutica. Recentemente, vi uma reportagem dizendo que esse processo estava um pouco moroso entre a secretaria e as negociações com a ANAC e o governo federal.

Estamos articulando, já fizemos ofício e requerimento pedindo todas as informações para que possamos cobrar e acelerar o processo. Desde o início do mandato, estamos empenhados em ver a pista em funcionamento, porque existem empresas interessadas na criação de linhas entre estados aqui no Guarujá.

O aeroporto será importante não só para quem vai viajar, mas também porque vai gerar empregos e trazer mais oportunidades de desenvolvimento. Estamos ao lado do maior porto da América Latina, e é fundamental que esse aeroporto esteja em pleno funcionamento.

Diário do Litoral - E o túnel entre Santos e Guarujá, Deputada? Esse é um sonho antigo da população das duas cidades, principalmente, mas que impacta muita gente na região.

Rosana Valle - Uma das primeiras conversas que tive com o governador, quando ele ainda era ministro da Infraestrutura — inclusive está até gravada — foi sobre isso. Eu disse para ele, no vídeo: “Ministro, o principal entrave da nossa região, a principal obra, é essa ligação seca entre Santos e Guarujá, que é reivindicada há mais de 100 anos.”

Ele começou todo um trabalho. Lembro que falei do volume de recursos na época, e ele brincou: “Poxa, é metade do orçamento do Ministério da Infraestrutura, deputado, mas a gente vai dar um jeito, vamos estudar.”

Ele estudou as possibilidades e incluiu essa obra no processo de desestatização do Porto de Santos. Estávamos caminhando para que pudesse ser efetivada, quando houve a troca de governo. O governo Lula não entende que a desestatização é o melhor caminho e retrocede.

Mesmo assim, o governador continuou a luta, porque sabe como essa obra é importante, assim como a duplicação da Imigrantes e a terceira pista da Imigrantes.

O governo federal quis tirar o governo do estado dessa conversa e incluiu a obra no PAC, Programa de Aceleração do Crescimento. Mas sabemos que, nas outras edições do PAC — PAC 1 e PAC 2, nos governos Dilma e Lula — nem 15% das obras anunciadas foram efetivadas. Inclusive, houve anúncios aqui na Baixada que ficaram apenas no papel, como o túnel do Maciço.

Eu sei que o governo do estado leva isso muito a sério, porque já tem know-how e experiência em parcerias público-privadas. Enquanto o ministério federal faz propaganda, o governo do estado executa. Essa é uma característica do nosso governador, e eu tenho convicção de que essa obra vai sair, apesar de ser complexa e demandar muito.

O leilão já tem data marcada. A obra vai sair por conta da ação do governo do estado, porque se dependesse do governo federal, ficaria só na propaganda. Eu acredito, tenho confiança no governador. Não posso perder a esperança. Sim, é complexo, e há ainda a questão de lidar com a vaidade do governo federal.

Diário do Litoral - Ainda na pauta da mobilidade em 2022 o Diário noticiou a respeito do financiamento de um projeto de transporte hidroviário que ligaria as nove cidades além de Ilhabela. Como está isso?

Rosana Valle - Esse projeto, essa proposta, eu levei para o Ministério da Infraestrutura. Na época, fizemos reuniões porque há um fundo que pode patrocinar essas ações, já que o transporte tem um cunho social.

Eles avançaram até certo ponto, mas aí entrou o governo e tudo voltou para trás. Agora, vejo que na Billings funciona. Eles implementaram lá e tem dado muito resultado.

Era uma das minhas plataformas de campanha fazer isso em Santos, do Caruara até o centro da cidade ou até a ponta da praia. Não tive êxito, mas estava no meu plano de governo. E vejo com muito bons olhos essa alternativa, porque a nossa região é servida pelo transporte e a hidrovia é um caminho natural.

Eu acredito, acho que tem tudo para dar certo, mas precisa de vontade política. É necessário que o governo do Estado e as cidades se unam nessa questão. Seria mais fácil com recursos federais, mas no governo federal a coisa complica, porque não há investimento. Eles só sabem arrecadar, arrecadar e arrecadar, mas de obra não fazem nada.

Diário do Litoral - Ao longo dos dois mandatos consecutivos, além do que citamos aqui, o que mais a senhora gostaria de destacar entre as conquistas para a BS?

Rosana Valle - É muita coisa para fazer, essa lição de casa foi bem trabalhosa. O que mais eu gostaria de destacar são as conquistas para a nossa região. Eu tenho lutado por todas as pautas da nossa região, trabalhando por todas as cidades e pela integração regional. Entendo que um outro problema grave da região são as enchentes, e creio que é preciso ter um projeto macro.

Eu tenho insistido nisso, por exemplo, no trabalho da Agenda. Esse ponto é muito importante do Condesb, mas eles não podem tomar decisões individuais. É preciso deixar que se façam realmente projetos metropolitanos que favoreçam a região como um todo, tanto na área da macrodrenagem quanto na destinação do lixo. São projetos estruturantes que precisam do apoio dos municípios.

Na área da saúde também, o governo do estado deu início ao processo de regionalização para evitar perdas e desperdícios. Um hospital atende a dois tipos de especialidades, enquanto em outra cidade não há nenhuma. Então é preciso entender as necessidades regionais, porque as cidades são muito próximas.

Acredito e tenho lutado muito pela regionalização. As regiões que conseguiram se desenvolver se uniram; uma cidade sozinha não consegue resolver seus problemas. O Vale do Ribeira caminha melhor nesse ponto com a regionalização. É preciso fazer isso também para a Baixada Santista, e a população sempre pode contar comigo.

Agora, entregamos mais moradias: 240 casas no Cantagalo, no Guarujá. Estou insistindo com o governo do estado e já tive a sinalização positiva do governador Tarcísio para as obras de urbanização na Vila dos Pescadores, onde serão construídas moradias.

Já há área disponível para a construção, e a urbanização foi destravada graças ao nosso trabalho junto ao IFA, que queria embargar a obra, mas conseguimos desbloquear. Temos mais de 1300 casas previstas e é um projeto que engloba casas flutuantes também. 

É um projeto complexo, mas o governo municipal está trabalhando bem e precisa do apoio do governo do estado. Já tive várias reuniões com o governador Tarcísio, que se comprometeu a aportar recursos. Será uma obra importante para nossa região, considerando que o déficit habitacional da Baixada Santista é superior a 100.000 moradias.

Diário do Litoral - A senhora falou das enchentes. Em 2025 tivemos dois episódios que dificultaram a vida de quem mora na região. Como a senhora avalia isso?

Rosana Valle - Com relação às enchentes, esse problema é grave. Santos, por exemplo, pediu diversos empréstimos e fez várias promessas para acabar com as enchentes, mas elas continuam acontecendo. O que está errado é a falta de projeto metropolitano, porque a água encontra caminhos próprios.

Houve até uma situação em que Santos fez uma comporta na zona noroeste, e a água acabou indo para o Rio dos Bugres, em São Vicente, causando atritos entre os prefeitos. Hoje, projetos individuais não resolvem; inclusive, Santos precisou pagar aluguel social para os moradores do Rio dos Bugres.

Diário do Litoral - Temos pela frente pouco menos de um ano e meio de mandato. O que a população poderá esperar de agora para frente e quais serão as prioridades?

Rosana Valle - Muito trabalho, mas ainda mais importante é atender às necessidades regionais e manter posicionamentos firmes em Brasília sobre o que acredito, especialmente neste momento difícil que o país está enfrentando.

A população sabe que eu não fico em cima do muro, que me posiciono e tenho duas linhas de ação: meus posicionamentos e os projetos em Brasília que acredito que vão beneficiar tanto o país quanto a minha região.

Aqui, na nossa região, buscamos trazer recursos para os principais entraves, como o túnel, a terceira pista da Imigrantes, o VLT para a área continental de São Vicente, conjuntos habitacionais e ações na área da saúde. Destinamos recursos importantes e tivemos grandes conquistas, como o custeio de três hospitais pelo governo do estado.

Também investi 4 milhões em um centro de treinamento para portuários, que está para ser entregue e contará com simuladores, oferecendo mais estrutura para os trabalhadores portuários. Esse será o maior centro do Brasil.

No total, nosso mandato já conseguiu destinar mais de 700 a 800 milhões de reais. Entre o primeiro e o segundo mandato, somando os recursos, conseguimos mais de 800 milhões de reais. Acredito que poucas pessoas conseguiram trazer tantos recursos em tão pouco tempo de mandato para a região, porque eu busco todos os caminhos possíveis.

Além disso, agora temos um canal de comunicação mais fácil com o governador do estado, o que facilita ainda mais a execução desses projetos.

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software