Cármen Lúcia interrompeu para corrigir a confusão entre "processo eleitoral auditável" e "voto impresso" / Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
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O julgamento da Ação Penal 2668, que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus acusados de tentativa de golpe de Estado, foi marcado nesta terça-feira (2) por um embate verbal entre a ministra Cármen Lúcia e o advogado Paulo Renato Cintra, responsável pela defesa do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Assista ao julgamento em tempo real.
A discussão ocorreu após a sustentação da defesa, quando Cintra citou repetidamente a expressão "voto auditável" em referência ao discurso de Bolsonaro.
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Cármen Lúcia interrompeu para corrigir a confusão entre "processo eleitoral auditável" e "voto impresso", indagando: "Vossa senhoria sabe a distinção entre processo eleitoral auditável e voto impresso?".
Segundo a ministra, o sistema eletrônico de votação no Brasil é auditável desde 1996, passando por diversas etapas de verificação e testes de segurança.
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Durante a intervenção, ela afirmou que o discurso que equipara voto impresso a eleições auditáveis serviu apenas para "criar confusão na cabeça da brasileira e do brasileiro e colocar em xeque" a lisura do processo eleitoral.
Diante da réplica do advogado, que alegou estar apenas reproduzindo os termos usados pelo ex-presidente, Cármen foi enfática: "O fato é que o processo eleitoral brasileiro é amplamente auditável. Ponto".
O advogado insistiu em dar sua opinião pessoal sobre o tema, mas a ministra voltou a rebatê-lo, destacando que não se trata de uma questão de opinião, e sim de fato comprovado.
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Por fim, ela reforçou que o voto eletrônico garante a integridade e o sigilo da escolha de cada eleitor e que o retorno ao voto impresso não está em debate no país. Assista o momento abaixo, através da transmissão do Terra Brasil.
O caso julgado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal reúne oito réus, entre eles Bolsonaro, militares de alta patente e ex-ministros. Todos são acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de envolvimento em uma trama golpista após as eleições de 2022.
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Entre as provas apresentadas estão a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, e registros de reuniões em que documentos de ruptura institucional foram discutidos.
As sessões do julgamento seguem ao longo da semana e estão previstas também para os dias 3, 9, 10 e 12 de setembro, em diferentes turnos.