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O papel colado no portão de entrada do Centro de Convivência e Formação (Cecof) Parque São Vicente III, em São Vicente, informa que as aulas foram suspensas por tempo indeterminado. O mesmo informativo está pregado na porta da Creche Lar da Criança Feliz, na Vila Margarida. O motivo: falta de pagamento dos funcionários. Sem receber a subvenção da Prefeitura de São Vicente, a entidade que administra as duas unidades não pode arcar com os salários dos colaboradores este mês.
“Tentamos segurar ao máximo, mas não deu. Não tem como seguir sem dar o vale-transporte e o pagamento aos funcionários. Ainda tiramos do próprio bolso durante uma semana. Nunca deixamos atrasar. Abrimos em 2007 e esta é a primeira vez que paralisamos os serviços. A Apas tem 40 anos de trabalho em São Vicente”, disse Iracilda Pirez Correia Soares, coordenadora administrativa do Cecof Parque São Vicente III, que representa a Associação Presbiteriana Ação Social (Apas), entidade que mantém convênio com a Prefeitura.
A unidade atende cerca de 200 crianças e adolescentes, entre seis e 18 anos, em dois períodos. Em regime de contraturno escolar, o local oferece alimentação e aulas de inglês, informática, valores, educação física e ambiental, música, ballet e jazz. “Temos três professores da rede municipal e o restante é contratado pela entidade. Não é justo que esses profissionais que trabalham com tanto amor e carinho fiquem sem receber. Eles ficaram abalados porque ao mesmo tempo que eles estão sem dinheiro para pagar suas contas, eles também deixaram de atender essas crianças. Os pais entenderam a situação. A comunidade nos ajuda muito”, contou Iracilda.
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A coordenadora ressaltou que os repasses ocorrem com pequenos atrasos, no entanto, a entidade sempre conseguiu manter em dia os pagamentos dos funcionários. “Fazemos rifas, jantares, a gente se vira, mas infelizmente este mês não temos como arcar. A pouca reserva que temos é destinada a pagamentos de encargos trabalhistas. Nossa prestação de contas com a Prefeitura está em dia e é bem detalhada. Entramos em contato com a Secretaria da Fazenda e eles disseram que iam ver o que podiam fazer de acordo com a receita que entrasse. Também comunicamos a Seduc (Secretaria da Educação) que a gente ia parar”.
Iracilda também destacou que as doações que a entidade recebe, aliada a criatividade da cozinheira da unidade, garantem uma refeição caprichada. “Ficamos tristes em parar os serviços, pois sabemos que tem crianças que vem aqui apenas para comer. Temos parceria com o programa Mesa Brasil e também recebemos muitas doações de supermercados. Se não fosse isso a situação seria pior”.
Os funcionários da Creche Lar da Criança Feliz, administrada em parceria da Prefeitura de São Vicente com a Apas, também cruzaram os braços ontem devido ao atraso no pagamento. A unidade atende 50 crianças da México 70, na Vila Margarida.
Além dessas unidades, funcionários de outras creches da Cidade também estão paralisados. Na semana passada, houve protesto na porta da Prefeitura.
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Regularização
A Prefeitura de São Vicente informou que ‘logo que possível irá regularizar a pendência dos repasses às entidades’. Sem apresentar uma data para a solução do impasse e nem mesmo o motivo do atraso, a Administração Municipal confirmou que o mês de maio está em atraso e que a maioria das entidades tem como data do repasse todo dia 20 do mês subsequente. Os recursos dos convênios são do Tesouro Municipal.
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