Brasil
Auditoria do Ministério do Trabalho identificou escalas irregulares, jornadas acima do limite legal e falta de descanso adequado entre tripulantes
Fadiga da tripulação pode ter sido um dos fatores que contribuíram para o acidente com o voo 2283 da Voepass / Divulgação/SSP-SP
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Auditoria do Ministério do Trabalho identificou escalas irregulares, jornadas acima do limite legal e falta de descanso adequado entre tripulantes; empresa foi multada em R$ 730 mil e também deve mais de R$ 1 milhão em FGTS
A fadiga da tripulação pode ter sido um dos fatores que contribuíram para o acidente com o voo 2283 da Voepass, que caiu em 9 de agosto do ano passado em Vinhedo (SP), matando 62 pessoas.
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A conclusão foi divulgada nesta terça-feira (16) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), após auditoria conduzida pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE-SP).
O acidente, classificado como de trabalho grave por ter provocado a morte dos quatro tripulantes — comandante, copiloto e duas comissárias — foi analisado a partir das escalas de serviço dos profissionais desde maio de 2024 até a data da tragédia.
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Segundo o relatório, a Voepass montava jornadas que reduziram o tempo de descanso da tripulação, descumprindo a Lei dos Aeronautas e a Convenção Coletiva que estabelece medidas de prevenção da fadiga.
A auditoria incluiu a checagem de registros de hotéis para confirmar se os períodos de repouso foram respeitados.
Além da fadiga, o documento cita outros fatores que podem ter influenciado no acidente, como a possível formação de gelo nas asas da aeronave e falhas no sistema de degelo.
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O caso segue sendo investigado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que deve divulgar um relatório final.
Por conta das irregularidades, a Voepass recebeu dez autos de infração, que somam cerca de R$ 730 mil em multas. A empresa também foi notificada por não recolher mais de R$ 1 milhão em FGTS dos funcionários.
O relatório ainda destaca estudos científicos que recomendam medidas para reduzir os riscos de fadiga em operações aéreas, reforçando a necessidade de mudanças internas para evitar novos acidentes.
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Procurada, a Voepass não se manifestou até a última atualização desta reportagem.