Desespero

Para comprar o que comer, mulheres vendem seus filhos no Facebook

Essas pessoas negociam o filho em páginas identificadas como Barriga de Aluguel ou algum termo parecido, o que é ilegal

Da Reportagem

Publicado em 11/03/2022 às 12:45

Atualizado em 11/03/2022 às 13:21

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Segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da covid-19 no Brasil, somente em 2020, 19 milhões de pessoas não tinham o que comer / Reprodução

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Desempregadas, sem amparo, e sem ter como se alimentar, mulheres vão ao Facebook para tentar doar o próprio filho, visando uma vida melhor para a criança. Outras ainda se oferecem como barriga de aluguel, já estando grávidas, e tentam negociar um valor. No entanto, elas podem ser presas por isso e quem aceita também, já que o ato é ilegal no Brasil.

Segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da covid-19 no Brasil, somente em 2020, 19 milhões de pessoas não tinham o que comer. Como é o caso de uma mulher gravida de nove meses que tentava negociar o filho por R$ 300 mil. Ela contou que estava desempregada, já tinha cinco filhos e não poderia ter mais aquele. Depois, ela apagou seu perfil na rede social.

É comum que os perfis de quem oferece a criança não tenham foto, ou que o usuário utilize uma imagem genérica. O nome também não costuma ser verdadeiro, podendo até se tratar de um golpe em alguns casos.

Essas pessoas negociam o filho em páginas identificadas como Barriga de Aluguel ou algum termo parecido, o que é ilegal. No Brasil o que se permite é a barriga solidária, quando há doação temporária do útero, sem caráter lucrativo. No entanto, é preciso ter parentesco até o quarto grau com a mãe ou o pai. Estão nesta lista mães, filhas, irmãs, avós, tias, sobrinhas e primas. Caso a interessada não tenha parentes, ela pode pedir autorização no Conselho Regional de Medicina (CRM) para que uma amiga ceda o útero, sem ganhos com isso.

Se um médico ou clínica forem pegos realizando o procedimento, o CRM pode lhe dar desde uma advertência à cassação do diploma. Em caso de denúncia contra os envolvidos, a Justiça pode se basear na lei de transplantes, que criminaliza o comércio de tecidos, órgão e partes do corpo humano, com pena de três a oito anos de prisão.

Para registrar a criança, as mulheres sugerem aos interessados a coparentalidade, quando os dois lados assumem o cuidado do bebê. Ou mesmo combina de o homem registrar como pai, o que é crime.

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Em um dos posts, uma mulher grávida de dois meses, escreveu que iria iniciar o pré-natal e estava disposta a doar o bebê. Essa mensagem teve mais de 20 comentários, e diante do interesse de uma seguidora, a gestante disse que entregará o bebê para quem ela confiar que cuidará bem da criança.

Em outra página, uma pessoa postou a foto do filho, um bebê que aparenta não ter mais de um ano, disse que ele estava internado com pneumonia e que precisava de ajuda para comprar leite, fralda e gás. Dias depois dessa publicação, ela anunciou que estava doando seu outro filho, o bebê que esperava na barriga.

*Com informações do UOL

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