No interior de Minas Gerais, a cidade de Barbacena guarda uma das páginas mais sombrias da história brasileira. / Divulgação/Secretaria de Cultura MG
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No interior de Minas Gerais, a cidade de Barbacena guarda uma das páginas mais sombrias da história brasileira. Conhecida por anos como a “Cidade dos Loucos”, ela se tornou símbolo de um período em que a exclusão social, o preconceito e o abandono institucional marcaram profundamente a vida de milhares de pessoas.
Tudo começou em 1903, quando foi construído o Centro Hospitalar de Psiquiatria de Barbacena, à época, o primeiro hospital psiquiátrico de Minas Gerais.
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Erguido sobre uma colina na periferia da cidade, o prédio não apenas representava um centro de tratamento, mas também simbolizava isolamento, controle e exclusão.
Com o passar dos anos, o hospital recebeu milhares de pessoas internadas compulsoriamente, vindas de diversas regiões do estado e até de outras partes do Brasil.
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O que choca até hoje é que muitos dos internados não tinham nenhum diagnóstico psiquiátrico. No lugar disso, eram pessoas marginalizadas pela sociedade conservadora da época.
Homossexuais, mães solteiras, moradores de rua, alcoólatras, jovens rebeldes e até indivíduos considerados “incômodos” por suas famílias eram enviados ao hospital sem qualquer avaliação adequada.
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Dentro do hospital, essas pessoas enfrentaram condições desumanas, maus-tratos, isolamento e, muitas vezes, a morte em total abandono. O local se transformou em um verdadeiro campo de exclusão social, mascarado por uma fachada de tratamento psiquiátrico.
A presença de um hospital com esse perfil transformou a imagem de Barbacena. A cidade passou a ser chamada de “Cidade dos Loucos”, um estigma que, por muito tempo, a acompanhou. A fama atravessou décadas e deixou marcas profundas, não apenas nos registros históricos, mas também na memória coletiva da população local.
Apesar de a função original do hospital ter sido reduzida ao longo dos anos, o prédio ainda permanece de pé, como uma estrutura silenciosa que carrega o peso de um passado que não pode ser esquecido.
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Para muitos moradores, o antigo hospital é um marco histórico. Mas também é uma ferida aberta, um símbolo de dor, repressão e injustiça. O caso de Barbacena expõe como o sistema de saúde foi utilizado como instrumento de controle social, em vez de cuidado e acolhimento.
Nos últimos anos, o tema voltou à tona por meio de documentários, reportagens e obras literárias, como o livro Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex, que revelou em detalhes os horrores vividos por milhares de pacientes no hospital de Barbacena.
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