Brasil

Hospital psiquiátrico sombrio marcou tragicamente a história de cidade mineira

Barbacena relembra capítulo doloroso de sua história e levanta reflexões sobre exclusão, saúde mental e memória coletiva

Isabella Fernandes

Publicado em 02/09/2025 às 13:33

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

No interior de Minas Gerais, a cidade de Barbacena guarda uma das páginas mais sombrias da história brasileira. / Divulgação/Secretaria de Cultura MG

Continua depois da publicidade

No interior de Minas Gerais, a cidade de Barbacena guarda uma das páginas mais sombrias da história brasileira. Conhecida por anos como a “Cidade dos Loucos”, ela se tornou símbolo de um período em que a exclusão social, o preconceito e o abandono institucional marcaram profundamente a vida de milhares de pessoas.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.
Divulgação/Secretaria de Cultura MG
Divulgação/Secretaria de Cultura MG
Divulgação/Secretaria de Cultura MG
Divulgação/Secretaria de Cultura MG
Divulgação/Secretaria de Cultura MG
Divulgação/Secretaria de Cultura MG

Luis Alfredo/Divulgação
Luis Alfredo/Divulgação
Divulgação/Secretaria de Cultura MG
Divulgação/Secretaria de Cultura MG

Um hospital sobre a colina

Tudo começou em 1903, quando foi construído o Centro Hospitalar de Psiquiatria de Barbacena, à época, o primeiro hospital psiquiátrico de Minas Gerais.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Entre montanhas e casarões coloniais, cidade mineira é um dos destinos mais charmosos do país

• Cidade mineira vira sinônimo de cuidado com a alma e oferta momento especial em água termal

• Com mais de 500 mil pães de queijo por mês, essa cidade mineira conquistou o Brasil

Erguido sobre uma colina na periferia da cidade, o prédio não apenas representava um centro de tratamento, mas também simbolizava isolamento, controle e exclusão.

Com o passar dos anos, o hospital recebeu milhares de pessoas internadas compulsoriamente, vindas de diversas regiões do estado e até de outras partes do Brasil.

Continua depois da publicidade

Internações sem critérios médicos

O que choca até hoje é que muitos dos internados não tinham nenhum diagnóstico psiquiátrico. No lugar disso, eram pessoas marginalizadas pela sociedade conservadora da época.

Homossexuais, mães solteiras, moradores de rua, alcoólatras, jovens rebeldes e até indivíduos considerados “incômodos” por suas famílias eram enviados ao hospital sem qualquer avaliação adequada.

Entre montanhas e casarões coloniais, cidade mineira é um dos destinos mais charmosos do país

Continua depois da publicidade

Dentro do hospital, essas pessoas enfrentaram condições desumanas, maus-tratos, isolamento e, muitas vezes, a morte em total abandono. O local se transformou em um verdadeiro campo de exclusão social, mascarado por uma fachada de tratamento psiquiátrico.

A cidade marcada pelo estigma

A presença de um hospital com esse perfil transformou a imagem de Barbacena. A cidade passou a ser chamada de “Cidade dos Loucos”, um estigma que, por muito tempo, a acompanhou. A fama atravessou décadas e deixou marcas profundas, não apenas nos registros históricos, mas também na memória coletiva da população local.

Apesar de a função original do hospital ter sido reduzida ao longo dos anos, o prédio ainda permanece de pé, como uma estrutura silenciosa que carrega o peso de um passado que não pode ser esquecido.

Continua depois da publicidade

Entre o trauma e a resistência

Para muitos moradores, o antigo hospital é um marco histórico. Mas também é uma ferida aberta, um símbolo de dor, repressão e injustiça. O caso de Barbacena expõe como o sistema de saúde foi utilizado como instrumento de controle social, em vez de cuidado e acolhimento.

Nos últimos anos, o tema voltou à tona por meio de documentários, reportagens e obras literárias, como o livro Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex, que revelou em detalhes os horrores vividos por milhares de pacientes no hospital de Barbacena.

 

Continua depois da publicidade

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software