X

Brasil

Grupo pede a Doria solução para nova cracolândia sob obra do monotrilho

A obra da linha 17-ouro reúne de famílias em situação de rua a dependentes químicos, que atravessam perigosamente a via expressa

Folhapress

Publicado em 05/04/2017 às 17:30

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

O grupo busca o envolvimento do prefeito apesar de a obra ser estadual / Agência Brasil

Síndicos de 30 condomínios e moradores de casas do Campo Belo e do Brooklin, na zona sul de São Paulo, tentam articular uma reunião com João Doria (PSDB), prefeito da cidade, para resolver a cracolândia surgida sob as vigas do monotrilho do Metrô, ligado ao governo do também tucano Geraldo Alckmin.

A obra da linha 17-ouro -para a ligação do aeroporto de Congonhas ao estádio do Morumbi e que ficaria pronta antes da Copa de 2014- reúne de famílias em situação de rua a dependentes químicos, que atravessam perigosamente a via expressa. A última promessa é que seja entregue até o final de 2019.

O grupo busca o envolvimento do prefeito apesar de a obra ser estadual. "Doria prometeu ser gestor, então queremos que ele faça parte da resposta, com cronograma e prazos", diz Ana Paula Minervini, síndica de um condomínio a uma quadra da av. Jornalista Roberto Marinho.

O jardim sem grades do condomínio de Ana Paula virou mictório. As lixeiras já foram roubadas algumas vezes. Fios de semáforos são roubados e derretidos nas calçadas. Os vizinhos até criaram um aplicativo para compartilhar alertas e casos sobre a insegurança.

Minervini diz que o grupo já havia feito queixas para a gestão Alckmin e para a do ex-prefeito Fernando Haddad (PT). "Fomos ignorados."

"Não vemos nenhuma política para acolher os moradores de rua ou de saúde e assistencialismo para os dependentes químicos", afirma o executivo da área de saúde Wilson Sales, morador de um condomínio de 21 andares na vizinhança.

À época do lançamento do monotrilho, o Metrô prometeu um plano de recuperação da área após as obras. Os moradores pedem que não se espere até 2019. "Ficam pintando as guias das ruas, mas o que precisamos é que as margens do córrego sejam cuidadas, que haja iluminação e patrulhamento", diz a executiva Priscila Gonçalves.

A obra anunciada pelo então governador José Serra (PSDB), em 2009, seria "mais rápida e mais barata" que o metrô subterrâneo, mas já se tornou mais lenta e quase tão cara quanto a vizinha (e subterrânea) linha 5-lilás.

Originalmente orçada em R$ 3 bilhões, a obra deve custar mais de R$ 5 bilhões. Ainda assim, a chamada linha 17-ouro do monotrilho já perdeu 10 km e 11 estações do projeto original. Agora, foi reduzida para 7,7 km e oito paradas, ligando o aeroporto de Congonhas à estação da CPTM do Morumbi.

No final de 2010, houve abaixo-assinado contra o monotrilho. Moradores diziam que a estrutura "passaria diante das janelas", que seria um "Minhocão disfarçado" e que valeria mais a pena "esperar por um metrô subterrâneo".

Também previam que "indigentes" apareceriam lá e que a área ficaria parecida com a parte de baixo do Minhocão, no centro da cidade.

Sobrados e terrenos vazios começam a ser invadidos. "Era um bairro verde, mas degradação traz mais degradação", lamenta o empresário Álvaro de Moura, diretor da Sociedade de Amigos do Brooklin Velho.

Outro lado

A secretária de Assistência e Desenvolvimento Social da prefeitura, Soninha Francine, disse que um plano envolvendo várias secretarias municipais está em planejamento e que deve começar ainda no primeiro semestre.

"Não é com uma ação de um dia que conseguiremos resolver. Precisamos de um plano concreto, de quantas vagas precisaremos para acolhimento, saúde, não queremos enxugar gelo", disse. "Compartilhamos a impaciência dos moradores."

A assessoria do Metrô afirmou que o consórcio construtor faz "limpeza e manutenção" periódicas nos 7,7 km do monotrilho. "A presença de moradores de rua na região é uma questão que compete à prefeitura", diz a nota.

Também diz que a implantação do paisagismo da área não pode começar antes do término da obra, pois seria prejudicada pelo maquinário e material empregado.

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Diário Mais

Portadores de burnout têm benefícios assegurados pela lei trabalhista

Segundo especialista, mediante avaliação de perícia médica, empregado pode se desligar indiretamente da empresa

Nacional

Madonna se junta a famosos e doa R$ 10 milhões ao Rio Grande do Sul

Whindersson Nunes e Anitta também estão ajudando famílias vítimas de desastre no Sul; influenciadores de todo o País seguem ajudando

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter