A múmia, de uma criança entre 10 e 15 anos, foi encontrada a cerca de 1,20 metro de profundidade / Reprodução/YouTube TV Brasil
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Durante a instalação de tubulações de gás no distrito de Puente Piedra, em Lima, no Peru, trabalhadores fizeram uma descoberta arqueológica impressionante: uma múmia de aproximadamente mil anos, pertencente ao período pré-incaico.
A múmia, de uma criança entre 10 e 15 anos, foi encontrada a cerca de 1,20 metro de profundidade, sentada e com mechas de cabelo castanho escuro ainda visíveis.
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A escavação fazia parte da expansão da rede de gasodutos da empresa Cálidda, que atua com supervisão arqueológica obrigatória em obras na cidade. A área onde a múmia foi localizada já foi uma zona agrícola e, atualmente, abriga um bairro residencial.
Próximo ao corpo, os trabalhadores identificaram o tronco de uma árvore huarango, a 50 centímetros do solo, provavelmente utilizado como marcador da tumba.
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Junto à múmia, arqueólogos encontraram objetos como potes, pratos e jarros de cerâmica. Em alguns deles havia restos de crustáceos, como caranguejos, o que pode fornecer pistas sobre a dieta da criança sepultada. Parte da cerâmica trazia padrões geométricos e ilustrações de pescadores.
A posição do corpo voltado para o oeste, em direção ao mar, também chamou a atenção dos especialistas, que acreditam que a criança tenha pertencido a uma comunidade de pescadores da antiga cultura Chancay.
A civilização Chancay prosperou entre os anos 1000 e 1500 na costa peruana, antes da ascensão do Império Inca. Pesquisas recentes revelaram que seus integrantes tinham o hábito de tatuar o corpo com desenhos de animais e formas geométricas, uma marca cultural significativa da época.
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Desde que a Cálidda começou a atuar com instalação de gasodutos na capital peruana, mais de 2.200 achados arqueológicos já foram registrados. Todos esses materiais foram preservados com o acompanhamento do Ministério da Cultura do Peru, destacando o compromisso com a proteção do patrimônio histórico durante obras urbanas.
O decano do Colégio de Arqueólogos do Peru, Pieter Van Dalen, explica que o clima árido da costa favoreceu a preservação natural de muitas múmias, enquanto outras foram propositalmente preparadas, geralmente posicionadas sentadas, com as mãos cobrindo o rosto.
Embora Machu Picchu seja o sítio mais conhecido do país, o Peru guarda milhares de locais históricos espalhados por seu território. Na capital, novas descobertas continuam surgindo em meio ao crescimento urbano, com registros feitos em locais como residências, tribunais e até aeroportos.
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Para a arqueóloga Cecilia Camargo, a capital peruana guarda literalmente três milênios de história sob seus pés, com descobertas em quase todos os distritos.
A nova múmia de Puente Piedra se soma a esse vasto acervo arqueológico, reforçando a importância da preservação em áreas urbanas e a riqueza histórica da região.