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Rachadura colossal avança na África e pode criar um novo oceano, alertam cientistas

A descoberta, publicada na revista Nature Geoscience, oferece a explicação mais detalhada até agora sobre por que a região de Afar, na Etiópia, está literalmente se abrindo

Ana Clara Durazzo

Publicado em 15/11/2025 às 16:10

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A abertura da crosta e o avanço das fendas podem levar dezenas de milhões de anos para completar as etapas necessárias para formar um novo oceano / ImageFX

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Pesquisadores confirmaram que uma transformação geológica de grande escala está em andamento no nordeste da África e o fenômeno pode, dentro de milhões de anos, resultar no surgimento de um novo oceano. A descoberta, publicada na revista Nature Geoscience, oferece a explicação mais detalhada até agora sobre por que a região de Afar, na Etiópia, está literalmente se abrindo.

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A área é considerada um dos pontos mais singulares da Terra por abrigar a junção de três grandes sistemas de fendas: o Rifte da África Oriental, o Rifte do Mar Vermelho e o Rifte do Golfo de Áden. Esse encontro faz com que as placas tectônicas da região se afastem continuamente, gerando rachaduras cada vez maiores e fissuras que se estendem por longas distâncias.

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'Batimento cardíaco' da Terra abre caminho para um novo oceano

O estudo analisou mais de 130 amostras de rochas vulcânicas e identificou que a separação não ocorre de maneira uniforme. Segundo os pesquisadores, o movimento é controlado por 'pulsos rítmicos' de rocha derretida que sobem das profundezas do planeta, vindos de um gigantesco reservatório conhecido como pluma mantélica.

Esse material quente se desloca de forma contínua, mas em intervalos específicos — um processo comparado pelos cientistas a um batimento cardíaco geológico. Cada pulsação empurra as placas tectônicas um pouco mais para longe, alargando as fendas e tornando visível a ruptura da crosta africana.

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O comportamento desse sistema explica também a intensa atividade vulcânica e sísmica da região. O nordeste da África abriga vulcões como o Erta Ale, um dos poucos no mundo com lago permanente de lava, e registra pequenos tremores com frequência. Ambos são reflexos diretos das forças internas que remodelam a superfície terrestre.

Um processo lento, mas transformador

Apesar da magnitude do fenômeno, sua evolução é extremamente lenta. A abertura da crosta e o avanço das fendas podem levar dezenas de milhões de anos para completar as etapas necessárias para formar um novo oceano, o que implicaria na criação de um novo continente separado do restante da África.

Segundo os autores do estudo, esse é um dos raros locais do planeta onde é possível observar, em tempo real, o início de uma grande transformação geológica que, normalmente, ocorre de forma invisível ao longo das eras.

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A região de Afar — árida, vulcânica e marcada por fissuras que sulcam o solo — funciona atualmente como uma janela para o coração quente e dinâmico da Terra. E, ao que tudo indica, será ali que, no futuro distante, o mapa-múndi ganhará um novo mar.

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