Atualmente, o consumo das baguetes está em queda na França / Freepik
Continua depois da publicidade
Talvez não exista símbolo maior para representar a França do que a baguete. Ela virou até patrimônio imaterial da UNESCO. É um item indispensável do cotidiano. Ou, pelo menos, foi durante muito tempo. Atualmente, o consumo de pão está em queda.
No dia seguinte ao fim da Segunda Guerra Mundial, os franceses consumiam em média 700 gramas por pessoa ao dia. Esse número caiu drasticamente para 110 gramas 65 anos depois e 99 gramas atualmente. Isso representa menos de meia baguete consumida diariamente.
Continua depois da publicidade
Essa queda se deve especialmente à mudança de hábitos alimentares. “Uma das ameaças é o fato de que os jovens estão perdendo o hábito de comprar uma baguete todos os dias”, declarou Dominique Anract, presidente da Confederação Nacional da Panificação e Confeitaria Francesa, à CNN.
Ir comprar baguete todas as manhãs já não faz parte dos rituais do dia a dia. Os jovens tendem mais a apreciá-la no fim de semana, quando vão à casa dos pais.
Continua depois da publicidade
Aqui no Litoral de São Paulo, a baguete até é tradicional, mas o Pão de Cará é quem domina. Conheça a história da iguaria santista.
A baguete também estaria sofrendo com o crescimento das “neoboulangeries” (um novo tipo de padaria que surgiu na França).
Nesses novos estabelecimentos, o uso de cereais antigos e farinhas orgânicas é priorizado. Os pães vendidos são feitos com fermentação natural longa. Algumas delas chegaram até a decidir não oferecer mais o pão em forma de baguete.
Continua depois da publicidade
É o caso, por exemplo, de um estabelecimento localizado em Rennes, chamado “Seize Heures Trente”. Os gestores consideram que a baguete é um produto de alto consumo energético, que exige alta temperatura e acaba sendo pouco nutritiva.
Eles preferem optar por pães grandes, como o pão campagne ou o integral.
“No aspecto energético, os pães grandes são interessantes porque os fornos funcionam em queda de temperatura, então consumimos menos energia, enquanto para fabricar a baguete é preciso muita energia. São também escolhas voltadas para o futuro diante do aquecimento global”, explicou François Bonneau, o chefe padeiro, à France 3.
Continua depois da publicidade
Os pães especiais também têm a vantagem de apresentar uma duração de conservação mais longa, podendo permanecer vários dias à venda, ao contrário da baguete, que tem curta durabilidade e pode causar desperdício alimentar.
E mais: conheça a padaria das receitas milenares secretas que produz bolos e pães deliciosos.
A padaria “Mouilette”, localizada em Enghien-les-Bains, prioriza o fermento natural. Os proprietários destacam o aspecto ecológico e a conservação mais duradoura. Essa escolha ainda surpreende muitos clientes, que às vezes saem de mãos vazias, mas outros ficam muito satisfeitos com os produtos oferecidos.
Continua depois da publicidade
A diferença, porém, pode ser sentida no preço. A baguete custa cerca de um euro, enquanto o valor pode chegar a 5 ou 7 euros para 500 g de pães especiais, o que representa uma quantidade maior.
As “neoboulangeries” são “mais padarias elitistas. Não há nada de errado nisso, mas correspondem simplesmente a um certo tipo de clientela de classe média”, ponderou Éric Kayser, que construiu 370 padarias pelo mundo.
Ele garantiu que a baguete não está ameaçada: “Nunca na vida. As pessoas adoram”. Esse novo conceito ainda permanece relativamente marginal.
Continua depois da publicidade