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Padarias francesas não querem mais ouvir falar da baguete e a substituem por outros pães

Algumas padarias abandonam a venda de um dos símbolos do país. Elas priorizam outras formas de alimento e isso é uma revolução

Agência Diário

Publicado em 26/11/2025 às 09:48

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Atualmente, o consumo das baguetes está em queda na França / Freepik

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Talvez não exista símbolo maior para representar a França do que a baguete. Ela virou até patrimônio imaterial da UNESCO. É um item indispensável do cotidiano. Ou, pelo menos, foi durante muito tempo. Atualmente, o consumo de pão está em queda. 

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No dia seguinte ao fim da Segunda Guerra Mundial, os franceses consumiam em média 700 gramas por pessoa ao dia. Esse número caiu drasticamente para 110 gramas 65 anos depois e 99 gramas atualmente. Isso representa menos de meia baguete consumida diariamente.

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Essa queda se deve especialmente à mudança de hábitos alimentares. “Uma das ameaças é o fato de que os jovens estão perdendo o hábito de comprar uma baguete todos os dias”, declarou Dominique Anract, presidente da Confederação Nacional da Panificação e Confeitaria Francesa, à CNN. 

Ir comprar baguete todas as manhãs já não faz parte dos rituais do dia a dia. Os jovens tendem mais a apreciá-la no fim de semana, quando vão à casa dos pais.

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Aqui no Litoral de São Paulo, a baguete até é tradicional, mas o Pão de Cará é quem domina. Conheça a história da iguaria santista.

Outro fator para a queda

A baguete também estaria sofrendo com o crescimento das “neoboulangeries” (um novo tipo de padaria que surgiu na França).

Nesses novos estabelecimentos, o uso de cereais antigos e farinhas orgânicas é priorizado. Os pães vendidos são feitos com fermentação natural longa. Algumas delas chegaram até a decidir não oferecer mais o pão em forma de baguete.

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É o caso, por exemplo, de um estabelecimento localizado em Rennes, chamado “Seize Heures Trente”. Os gestores consideram que a baguete é um produto de alto consumo energético, que exige alta temperatura e acaba sendo pouco nutritiva. 

A baguete virou até patrimônio imaterial da UNESCO na França / Fotos: Freepik
A baguete virou até patrimônio imaterial da UNESCO na França / Fotos: Freepik
Mas a queda no consumo se deve especialmente à mudança de hábitos alimentares
Mas a queda no consumo se deve especialmente à mudança de hábitos alimentares
Ir comprar baguete todas as manhãs já não faz parte dos rituais do dia a dia dos franceses
Ir comprar baguete todas as manhãs já não faz parte dos rituais do dia a dia dos franceses
Os jovens tendem mais a apreciá-la no fim de semana, quando vão à casa dos pais
Os jovens tendem mais a apreciá-la no fim de semana, quando vão à casa dos pais
A baguete também estaria sofrendo com o crescimento das "neoboulangeries" (um novo tipo de padaria que surgiu na França)
A baguete também estaria sofrendo com o crescimento das "neoboulangeries" (um novo tipo de padaria que surgiu na França)

Eles preferem optar por pães grandes, como o pão campagne ou o integral.

“No aspecto energético, os pães grandes são interessantes porque os fornos funcionam em queda de temperatura, então consumimos menos energia, enquanto para fabricar a baguete é preciso muita energia. São também escolhas voltadas para o futuro diante do aquecimento global”, explicou François Bonneau, o chefe padeiro, à France 3

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Os pães especiais também têm a vantagem de apresentar uma duração de conservação mais longa, podendo permanecer vários dias à venda, ao contrário da baguete, que tem curta durabilidade e pode causar desperdício alimentar.

E mais: conheça a padaria das receitas milenares secretas que produz bolos e pães deliciosos.

Até o aspecto ecológico é destacado

A padaria “Mouilette”, localizada em Enghien-les-Bains, prioriza o fermento natural. Os proprietários destacam o aspecto ecológico e a conservação mais duradoura. Essa escolha ainda surpreende muitos clientes, que às vezes saem de mãos vazias, mas outros ficam muito satisfeitos com os produtos oferecidos.

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A diferença, porém, pode ser sentida no preço. A baguete custa cerca de um euro, enquanto o valor pode chegar a 5 ou 7 euros para 500 g de pães especiais, o que representa uma quantidade maior. 

As “neoboulangeries” são “mais padarias elitistas. Não há nada de errado nisso, mas correspondem simplesmente a um certo tipo de clientela de classe média”, ponderou Éric Kayser, que construiu 370 padarias pelo mundo.

Ele garantiu que a baguete não está ameaçada: “Nunca na vida. As pessoas adoram”. Esse novo conceito ainda permanece relativamente marginal.

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