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Guarujá

Educador questiona vaquejada em Guarujá

Para o ambientalista, a vaquejada é 'um jogo sádico e condenável'

Carlos Ratton

Publicado em 01/11/2021 às 07:00

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Vaquejada não é esporte e prejudica animais, apontam especialistas / Divulgação

O educador e ambientalista Matheus Marques, membro da Frente Ambientalista da Baixada Santista (FABS), sai na frente contestando a possibilidade de sanção da lei que institui a Vaquejada em Guarujá pelo prefeito Valter Suman (PSDB).

O projeto de lei já foi aprovado pela Câmara de Vereadores e foi de autoria do vereador Fernando Martins dos Santos, o Peitola (PSDB).

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A votação simbólica se deu pela maioria dos vereadores presentes em plenário no momento da votação e, segundo a Assessoria da Casa, não houve registro nominal dos votos.

"Há inúmeras manifestações culturais em diversos lugares do Brasil envolvendo animais, algumas já consideradas crime de acordo com o artigo 225 da Constituição Federal e inaceitáveis na sociedade, como as rinhas de galo e a farra do boi", questiona o profissional.

O professor e ambientalista apela para o bom senso. "A pergunta que fica sobre a realização de uma suposta semana da vaquejada na cidade de Guarujá é: até que ponto uma tradição cultural que não faz parte da nossa região deve ser realizada à custa de maus tratos a animais?", dispara o professor.

CRUEL.

Para o ambientalista, a vaquejada é um jogo sádico em que vaqueiros montados tentam derrubar o boi puxando-o pelo rabo. Quem deixar o animal caído com as quatro patas para cima marca pontos. Durante a prática da vaquejada o bovino encontra-se em rápida movimentação, em situação de desespero e medo, e está sujeito a tombos, a contusões, ou fraturas nas patas e rabo. Até mesmo os cavalos dos vaqueiros podem sofrer lesões nesse processo.

"O Conselho Federal de Medicina Veterinária também considera cruel a atividade, sendo totalmente contrário à realização de vaquejadas e práticas de entretenimento que resultem em sofrimento aos animais", afirma.

NÃO É ESPORTE.

O representante da FABS garante ser bastante claro que a vaquejada "não é esporte, mas violência e tortura", pois atletas reconhecidos nacionalmente e o Conselho Federal de Educação Física não reconhecem vaquejadas como esporte. "Temos que ter consciência que os animais não podem ser tratados como "coisas", as pessoas precisam entender que não há como ter vaquejada sem maus tratos. Os maus-tratos são inerentes às provas, à prática".

Para o educador, a Câmara deveria estimular a cultura local, caiçara, envolvendo o pescador, os artesãos, a música e a gastronomia como a Festa da Tainha. Ele lembra que estamos no século 21, que tempos de barbárie ficaram para trás e os direitos dos animais devem ser respeitados, ganhando cada vez mais força e representação.

RELIGIÃO.

O professor ainda cita a questão religiosa: "Deus nunca autorizou a tratar os animais com crueldade. A Bíblia diz: "o justo importa-se com a alma do seu animal doméstico, mas as misericórdias dos iníquos são cruéis". Nos ensina que os animais devem ser tratados com respeito, consideração e compaixão, Deus se preocupa com eles", finaliza.

A "OBRA".

Conforme já divulgado pelo Diário, o projeto de lei de Peitola tem como objetivo regulamentar uma série de regras, como a de impor a necessidade de apresentação de atestados de vacinação para os bovinos além da utilização de equipamentos de segurança e cuidados com os animais.

Em sua justificativa, Peitola afirma que já existem projetos de lei tramitando pelas assembleias legislativas do Brasil para regularizar o "esporte" e o Congresso aprovou o reconhecimento da Vaquejada como um patrimônio imaterial do Brasil no final do ano de 2016.

Mesmo questionável, em setembro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou a lei 13.873 que regulamenta vaquejadas e rodeios. A ideia nasceu de uma proposta do senador Raimundo Lira (MDB-PB).

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