Na última terça-feira, com cartazes nas mãos, pais e mães da Prainha Branca foram cobrar apoio dos vereadores na Câmara / Nair Bueno/ DL
Continua depois da publicidade
Desde 13 de fevereiro, seis crianças da comunidade da Prainha Branca estão sem aula porque não há professor em um dos últimos redutos caiçaras situado na reserva ambiental da Serra do Guararú, em Guarujá.
Os educadores têm dificuldades de dar aulas por conta do difícil acesso e pela falta de incentivo financeiro. A Prefeitura promete resolver.
Continua depois da publicidade
Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.
Na última terça-feira (11), um grupo representante dos cerca de 560 moradores (96 famílias) do lugar resolveu 'arregaçar as mangas' e protestar na Câmara de Vereadores.
Continua depois da publicidade
A mesma Casa que, no mesmo dia, aprovou o aumento de cadeiras na Casa a partir de 2025, quando o Legislativo passará de 17 para 21 vereadores, com salários brutos de 11.529,00.
Na parte da manhã, o grupo esteve na porta da Prefeitura pedindo atenção para a falta de um educador e contra o possível fechamento da única sala de aula de pré-escola da prainha que existe há 41 anos. Foi atendido às 17 horas.
"Já vinha servindo de forma precária. Se fosse diferente, teríamos mais alunos. Ano passado, os pais tiveram que buscar uma permuta com uma professora de Bertioga", afirma o representante do grupo, José Carlos dos Santos e pai de aluno.
Continua depois da publicidade
Para chegar a Rodovia Ariovaldo de Almeida Viana - SP 61, também conhecida como Estrada Guarujá Bertioga, às margens do Canal de Bertioga, que oferece o demorado transporte público que daria acesso à escola mais próxima, que fica no Perequê, as crianças e seus pais têm que caminhar por uma trilha de dois quilômetros.
PREFEITURA.
Em reunião no final da tarde da mesma terça-feira, o prefeito Valter Suman (PSDB) e secretários garantiram a membros da Associação de Moradores da Prainha Branca e pais de alunos que, em nenhuma hipótese, será fechada a sala de aula na Prainha.
Continua depois da publicidade
"A Prefeitura dedicou os últimos meses à tarefa de designar um educador para a comunidade. Porém, considerando a logística e a complexidade de acessos ao local, o Município ainda não obteve êxito. Esse trabalho será intensificado considerando que, neste momento, o Município realiza o chamamento dos professores aprovados em concurso público", informou.
ABANDONO.
Vale lembrar que as dificuldades para estudar são rotina na Região conhecida como Rabo do Dragão. Há anos dezenas de crianças que moram às margens da rodovia são obrigadas a acordar de madrugada para pegar uma condução que as leve, por cerca de 20 quilômetros, até a escola mais próxima onde moram enquanto um prédio da antiga Escola Estadual Rural Bom Jardim, bem pertinho de onde residem, está abandonado pelo Governo do Estado de São Paulo, o mais rico da Federação.
Continua depois da publicidade
A escola fica no quilômetro 16,8 da rodovia, ao lado da entrada do Condomínio Sítio São Pedro (de alto padrão). Ela foi inaugurada em 10 de março de 1963, na gestão do então prefeito Jaime Daige, portanto, tem 60 anos.
Na época, o prédio estadual foi inaugurado para atender filhos de sitiantes que viviam da plantação de bananais, cana de açúcar, mas também da atividade da pesca artesanal, que é mantida até hoje na região, apesar do pouco incentivo por parte das autoridades municipais e estaduais.
A alvenaria, embora bastante castigada, ainda é recuperável. No entanto, mesas, cadeiras, bancos, armários, carteiras escolares e até material (livros, apostilas, cadernos, lápis, cola) se deterioram. O forro já não existe mais e as lousas resistem ao tempo. Tudo no entorno está destruído e sendo consumido pela mata.
Continua depois da publicidade
O secretário geral da Associação dos Moradores e Amigos da Cachoeira da região do Rabo do Dragão, Sidnei Bibiano Silva dos Santos, luta incansavelmente para reativar a escola para a comunidade, composta por 1,5 mil moradores.
"O loteamento já utilizou suas dependências como base para castração de animais domésticos. Mas ninguém lembra de reaproveitar os imóveis, construídos com dinheiro público. Poderia ser até uma creche. As crianças vão para a escola porque a Prefeitura do Guarujá cede um ônibus em dois períodos", confirma.
ESTADO.
Continua depois da publicidade
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) já se manifestou alegando que o prédio da escola rural foi desativado em 2019 por não possuir condições adequadas de segurança e conforto para a realização das aulas.
Manifestou ainda que a unidade possuía apenas 20 estudantes matriculados e que toda a demanda de ensino fundamental dos anos iniciais (1º ao 5º ano) foi direcionada à rede municipal do Guarujá.