Tite tem 55 anos e um título mundial no currículo, conquistado pelo Corinthians / Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians
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Tite é o novo técnico da Seleção Brasileira. O anúncio não foi feito por ele nem pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mas por Roberto de Andrade, presidente do Corinthians, no CT Joaquim Grava, nesta quarta-feira. O agora ex-comandante corintiano aceitou o convite que recebeu do mandatário Marco Polo Del Nero e será o substituto de Dunga, demitido após a fraca campanha na Copa América Centenário, na qual o Brasil caiu na primeira fase. Juntamente com o treinador, vão à Seleção o auxiliar Cléber Xavier, o dirigente Edu Gaspar e Matheus Bacchi, filho do novo comandante.
O acordo com a CBF determina o fim da terceira passagem de Tite pelo Corinthians. Campeão brasileiro no ano passado, o técnico havia retornado à equipe no final de 2014 e tinha contrato até dezembro de 2017. Ele já havia dirigido o Timão entre 2004 e 2005 e 2010 e 2013 – período em que foi campeão da Copa Libertadores e do Mundial de Clubes da Fifa, entre outras conquistas. Tornou-se o segundo treinador que mais vezes comandou o Timão, atrás apenas de Oswaldo Brandão (435 jogos contra 378).
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Tite havia estabelecido algumas condições para assumir a Seleção. A primeira era a recusa em negociar com a CBF caso Dunga ainda estivesse empregado. Após o fracasso na fase de grupos da Copa América Centenário, o ex-capitão da Seleção se reuniu com Del Nero na tarde desta terça-feira e ouviu que os seus serviços não eram mais necessários.
Comandar a Seleção Brasileira era um sonho antigo de Tite. Após deixar o Corinthians em 2013, o treinador tirou um ano sabático e aguardou em vão um chamado da CBF. Ele tinha a esperança de que seria o escolhido pela entidade para substituir Luiz Felipe Scolari após o vexame na Copa do Mundo de 2014 (goleada por 7 a 1 sofrida para a Alemanha na semifinal e derrota por 3 a 0 para a Holanda na disputa do terceiro lugar). Del Nero, contudo, preferiu acertar a volta de Dunga para tentar reestruturar a equipe.
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Posteriormente, Tite disse que recusou duas propostas para assumir a equipe. Um primeiro chamado teria ocorrido antes da Copa América de 2015, no Chile. Já o segundo foi feito aproximadamente três semanas após o torneio. Sob o comando de Dunga, o Brasil perdeu nos pênaltis para o Paraguai e acabou eliminado nas quartas de final.
A missão de Tite será reerguer um time marcado pelo vexame do 7 a 1 e que ainda não recuperou a confiança do torcedor. Com Dunga, a Seleção passou vergonha nas duas últimas edições da Copa América. Nas Eliminatórias à Copa do Mundo da Rússia, o Brasil está com nove pontos – a quatro do líder Uruguai – e ocupa só a sexta colocação, fora da zona de classificação.
Tite também será desafiado a cultivar um bom relacionamento com os dirigentes da CBF. A entidade foi assolada pelas denúncias de corrupção que vieram à tona com o escândalo da Fifa, deflagrado em maio de 2015. O ex-vice-presidente José Maria Marin aguarda julgamento em prisão domiciliar nos Estados Unidos, enquanto o atual Del Nero foi indiciado pelo FBI (polícia federal norte-americana) e não viaja mais para o exterior.
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Há seis meses, Tite assinou um manifesto que exigia a renúncia de Del Nero da presidência da CBF. O documento, idealizado pela ONG Atletas Pelo Brasil e pelo Bom Senso FC, contou com o respaldo de 127 personalidades ligadas ao mundo do futebol.
Histórico
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Nascido na cidade gaúcha de Caxias do Sul, em 25 de maio de 1961, Adenor Leonardo Bacchi ganhou o apelido de Tite na adolescência. À época conhecido como Ade, ele atuava em um torneio escolar quando Luiz Felipe Scolari, então zagueiro do Caxias, aprovou a atuação do jovem meio-campista e o apresentou à diretoria do seu clube. Felipão, no entanto, se equivocou e disse aos dirigentes que a promessa se chamava Tite – nome de outo atleta que integrava a equipe amadora.
Tite ingressou no Caxias no final da década de 1970. Ele ainda defendeu as cores do Esportivo de Bento Gonçalves, Portuguesa e Guarani antes de encerrar a carreira como jogador prematuramente, aos 28 anos, devido a lesões nos joelhos. Ele passou a exercer o ofício de técnico já em 1990, no Guarany-RS. Mas seu trabalho só chamou a atenção em nível nacional quando foi campeão gaúcho pelo Caxias, em 2000.
O troféu lhe rendeu uma oportunidade no Grêmio, time no qual conquistou o Estadual (2001) e a Copa do Brasil (2001), em cima do Corinthians. A primeira passagem pelo Timão, entre 2004 e 2005, terminou sem que ganhasse um título. Ele ainda acumulou passagens por grandes clubes, como Atlético-MG, Inter e Palmeiras, além de ter dirigido equipes do mundo árabe. Foi campeão só pelo Inter, assegurando os troféus da Copa Sul-Americana (2008), do Gauchão (2009) e da Copa Suruga (2009).
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O treinador voltou ao Corinthians em 2010, faltando oito rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro. A segunda passagem pelo clube durou até 2013 e rendeu os títulos do Brasileirão de 2011, da Libertadores e do Mundial de Clubes de 2012, e do Paulistão e da Recopa de 2013. Após um período sem trabalhar, Tite retornou ao Corinthians no final de 2014 e, no ano passado, levou a equipe ao hexacampeonato nacional.
Nessa temporada, Tite viu o Corinthians ser eliminado na semifinal do Paulistão, pelo Grêmio Osasco Audax, e nas oitavas de final da Libertadores, pelo Nacional-URU. Após sofrer pressão por parte da torcida, ele recuperou o prestígio da equipe no Brasileirão e conquistou resultados importantes. Seu último jogo, no entanto, foi uma derrota por 1 a 0 para o Palmeiras, no domingo, no Palestra Itália. No momento, o Timão está na quarta posição do campeonato, com 13 pontos somados em sete rodadas.
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