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Papo de Domingo: Após ser jogador e agente, Robert busca se firmar como técnico

Ídolo do Santos inicia carreira como auxiliar-técnico na Portuguesa Santista e luta para ajudar Briosa a voltar para a elite

Publicado em 21/02/2016 às 10:30

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Robert queria ser treinador após encerrar carreira como atleta, mas oportunidade de ser agente surgiu primeiro / Matheus Tagé/DL

Robert da Silva Almeida tem uma grande experiência em futebol. Só em campo foram 16 anos. Formado pelo Olaria, clube do Rio de Janeiro, jogou em clubes do primeiro escalão nacional como Corinthians, Grêmio, Atlético-MG e Bahia.

Mas sua identificação é com outro grande: o Santos. Pelo Peixe foi campeão brasileiro em 2002, ganhou status de um dos principais jogadores da história recente do Alvinegro e chegou até a Seleção Brasileira.

Hoje, aos 44 anos, Robert aposentou a camisa 10 e trocou o uniforme pela prancheta. Após anos como agente de jogadores, o ex-meia decidiu ir atrás de um antigo sonho: ser treinador de futebol.

Após passagem pelo futebol norte-americano e quase acertar com o Naviraiense-MS, Robert se tornou o atual auxiliar-técnico da Portuguesa Santista, clube tradicional de Santos.

Neste Papo de Domingo, o agora treinador fala sobre a mudança na carreira, as experiências adquiridas na profissão e a vontade de colocar a Briosa novamente entre os principais times de São Paulo. Confira:

Diário do Litoral - Foram sete anos como agente de jogadores. Como você decidiu que iria deixar de ser agente para tentar a carreira de técnico?

Robert - Eu tinha essa ideia de um dia ser treinador profissional. Quando eu terminei a minha carreira como atleta surgiu a oportunidade de trabalhar com agenciamento, trabalhar em um escritório. Logo em seguida conseguimos atletas. Foi algo muito rápido. Aproveitei bem, conheci um outro lado do futebol, mas no fundo eu queria ser treinador profissional. No final de 2012 eu decidi aposentar a carteirinha de agente Fifa e fazer o curso de treinadores na USP, ministrado pelo Sindicato Paulista dos Treinadores do Estado de São Paulo.

DL - Você teve estágio com o Oswaldo de Oliveira, no Santos. Como foi essa experiência?

Robert - Foi muito bom, aproveitei muito. Já conhecia o Oswaldo. Nós trabalhamos juntos em 97, fomos campeões no Torneio Rio-São Paulo. Ele era auxiliar do Vanderlei Luxemburgo. Uma pessoa sensacional e uma baita profissional. Fiquei muito feliz e agradeço a ele essa oportunidade. Ao Zinho também que, naquela época, era dirigente. Foi muito proveitoso.

DL - Você tinha um estágio agendado com Tite quando veio a oportunidade de ser técnico do Corinthians USA. Como surgiu essa chance?

Robert - Foi uma surpresa. Já estava tudo certo para fazer o estágio com o Tite e um conhecido sabia eu estava querendo ser treinador e comprou metade desse time dos Estados Unidos. Ele queria que eu fosse o treinador nesse projeto. Foram 6 meses na Califórnia. Foi muito legal, uma experiência boa. Deu resultado. Fiz uma campanha relativamente boa. Pena que o contrato durou pouco, foi apenas 6 meses. Em dezembro eu voltei para cá.

DL - Como você avalia a experiência nos Estados Unidos?

Robert - Foi positiva demais. Amei morar lá. Quero, quem sabe um dia, voltar. Um país sensacional. Já tinha visitado várias vezes os Estados Unidos, mas para turismo. Trabalhar e morar, não. E o mercado do futebol é muito grande, principalmente na Califórnia. A MLS está bombando, assim como várias outras ligas. É um mercado promissor. Prevejo um crescimento para daqui a 10 anos ser um dos principais mercados de futebol do mundo.

DL - Quais os pontos positivos e negativos do futebol americano?

Robert - Positivos são a organização, o aporte financeiro e marketing fortes. Negativo? Foi difícil sair para comer lá (risos). Feijão preto tinha que levar. Negativo, no futebol, vejo pouca coisa. Tem muita coisa muito mais importante lá. Eles não são filiados pela Fifa e, por exemplo, os clubes da MLS não disputam a Libertadores. Tá faltando os times da MLS disputarem a Libertadores. É algo que tem que ter para aumentar o nível de competitividade. Você jogar contra os sul-americanos dará um ganho em nível técnico. Falta um pouco para os Estados Unidos. Mas isso é questão de negociar valores e isso demora. Mas, com certeza, vai acontecer.

DL - Você esteve por um período como jogador no Japão. É possível comparar a qualidade do futebol nos Estados Unidos a aquela época do futebol japonês?

Robert - Os japoneses já estavam bem adiantados naquela época.

DL - Inicialmente, você deixou o Corinthians USA para ser técnico do Naviraiense. O que pesou para essa mudança? E o que deu errado lá?

Robert - Rapaz, que confusão! Meu Deus do céu! Eu recebi várias sondagens e um convite oficial do presidente do Naviraiense. Ele me ligou, assim como os empresários que estavam intermediando e eu aceitei o convite. Fiquei esperando o contrato, passagem para se apresentar e nada de aparecer o contrato. Nada no e-mail. Eu ligava, mandava mensagem no WhatsApp e cinco dias depois o presidente renunciou. Me ligou, pediu desculpas e falou que teve problemas de orçamento, que não poderia arcar com o que tinha combinado e ficou por isso mesmo. Só que eles tinham me anunciado antes no site oficial, no Facebook oficial do clube, na mídia. Meu assessor de imprensa mandou release para a imprensa e ficou um pouco constrangedor. Mas acontece. O futebol brasileiro tem essas peculiaridades.

DL - Como surgiu a oportunidade de ser auxiliar na Portuguesa Santista?

Robert - Apareceram sondagens de clubes do Norte, do Nordeste e apareceu a Portuguesa Santista. Eu vislumbrei algo muito bom. Primeiro, por estar na minha cidade. Moro aqui, tenho minha família aqui. Por ser um clube tradicionalismo. Iniciar a carreira como auxiliar, no Brasil, pela Portuguesa Santista é muito bom. Tendo a parceria com o Santos é melhor ainda. Tem uma divulgação muito grande. O mercado paulista é forte. A Segundona é uma competição importante no estado e conseguindo o acesso dará uma visibilidade profissional muito boa. Ainda, de quebra, trabalhar com meu filho é a cereja do bolo.

DL - Você e o Ricardo Costa são uma comissão técnica jovem no futebol. Como está sendo este início de trabalho? E a interação com o Marcelo Passos, que veio junto ao Santos?

Robert - Eu quero absorver o máximo. O Ricardo tem um currículo muito bom, já trabalhou nessa divisão, que é algo importante. Quero também passar o que eu sei, trocarmos conhecimento. Vamos ver se essa tabelinha dá certo e, se Deus quiser, dará. Pelas primeiras conversas, temos nos entendido muito bem. Por sermos novos temos uma cabeça para visão de futebol bem parecida. Ele é um estudioso do futebol. Espero que dê uma química legal e renda frutos. Que a gente consiga, nesse primeiro trabalho, o acesso para a A-3.

DL - É a primeira vez que você tem a oportunidade de trabalhar, em campo, com o seu filho, Patrick. Como fica essa relação? Aumenta a cobrança em casa?

Robert - Vai ter cobrança, com certeza. Ele está lá como atleta. Veio do Santos, tem uma bagagem, uma experiência de ser formado no Santos, com toda a estrutura excelente que o clube dá. Tá querendo jogar, mostrar serviço. Quer aparecer para o futebol, para o próprio Santos. Tem 19 anos, é novo e está com fome de mostrar potencial. Ele é mais um no grupo e vai mostrar esse merecimento com trabalho. Com os treinos e os jogos, com certeza, ele vai buscar o seu lugar no time. Ele tem uma cabeça muito boa. Talento ele tem e precisa mostrar em campo.

DL - Você teve muitos técnicos na carreira como Cabralzinho, Geninho, Leão, Luxemburgo, Carlos Alberto Parreira entre tantos outros. Com qual você mais se assemelha?

Robert -  Com nenhum (risos). Cada um tem seu jeito de enxergar o futebol. Tem seu modo de agir, de gerenciar um grupo, sua visão de futebol. Tentei guardar um pouco de cada um. Naquela época eu já analisava o que cada um era bom e ruim. Cada um tem uma característica. Eu tive a felicidade e a honra de ter sido treinado por tantos bons treinadores. Fora os da minha categoria de base no Olaria como Heron Ricardo, Toninho, Marcos Paquetá, que excelente treinador. Lembrando do jeito de um e de outro, eu tento fazer uma miscelânea e colocar o que o Robert viveu dentro e fora de campo para sair uma coisa boa como profissional.

DL - Em campo você era mais cerebral, um camisa 10 armador. É possível ter uma visão parecida sendo técnico? Como você prefere armar um time?

Robert - Primeiro, eu preciso ver o que eu tenho a disposição. Dizem que não dá para fazer uma omelete sem ovos. Dá sim (risos)” Mete uma maisena, cebola, tomate e omelete é isso aí. Se eu posso ter um time que tem jogadores que tocam bem a bola, tem a posse dela e pensam bem o jogo, vou fazer um time. Se eu tiver um grupo de força, de jogadores com outras características, é diferente.  Não dá para falar que eu sou um treinador sempre ofensivo. É preciso ter qualidade, tem que ter mão de obra. Depende do que tiver no grupo. Se der para fazer 4-1-4-1, vamos fazer. Se der para fazer um 4-2-3-1, vamos fazer. Tem que ter dois caras nas pontas abertos. Um Geuvânio e um Messi pelos lados. Ou sei lá, um Neymar e um Suárez, e o Messi centralizado, aí dá (risos). Tem que fazer o time jogar de acordo com o que você tem na mão.

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