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As várias promoções realizadas nas duas últimas semanas, com ofertas de juro zero e prazos longos para financiamento, ainda não ajudaram a reverter a queda nas vendas de veículos. Os estoques nas fábricas e lojas ainda estão em torno de 40 dias, quando o normal são 30 dias.
Segundo dados preliminares do mercado, até segunda-feira, 21, foram licenciados 205,3 mil veículos, incluindo caminhões e ônibus, uma queda de 3,7% em relação aos primeiros 20 dias de setembro e de 5,4% ante igual período de outubro de 2012. No ano, o resultado indica alta de 1,7%, com 2,985 milhões de unidades. Esse crescimento pode não se sustentar até dezembro, conforme previsões de executivos do próprio setor.
O presidente da General Motors, Santiago Chamorro, acredita que o mercado brasileiro ficará praticamente estagnado neste ano, com vendas de cerca de 3,82 milhões de veículos. Ele aposta, contudo, na volta do crescimento em 2014, em porcentual próximo aos 3%.
No início do ano, a indústria previa alta de 3,5% a 4,5% em relação os 3,8 milhões de veículos vendidos em 2012. Em setembro, as projeções baixaram para 1% a 2%, mas há quem aposte até numa pequena queda que, se confirmada, será a primeira desde 2004.
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Chamorro projeta o crescimento em 2014 com base nas previsões de economistas para o PIB. Já a estagnação para este ano é consequência da alta dos juros, volatilidade do câmbio, pressão inflacionária e até dos protestos populares. "Tudo isso faz com que o consumidor tenha menos confiança."
"Nos últimos anos, a indústria automobilística sempre cresceu mais que a economia, mas isso passou", afirma Jaime Ardila, presidente da GM América do Sul. "Nos próximos cinco anos o crescimento deve ficar em linha com a economia."
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Por ser um dos puxadores do PIB industrial, a indústria automobilística tem sido beneficiada pelo governo federal com incentivos fiscais. Atualmente, há estudos para que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), em vigor desde maio de 2012 e com previsão de terminar em dezembro, possa ser prorrogada até março, segundo informou na semana passada o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel.
Saudável
Mesmo que o incentivo seja suspenso e ocorra corrida às lojas, executivos reclamam dos rumos do mercado brasileiro. Para o vice-presidente da Toyota, Luiz Carlos Andrade Jr., a venda de 3,8 milhões de veículos este ano "não é saudável", pois o crescimento ocorre de forma artificial.
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"O problema principal foi construir esse mercado de uma forma não sadia, por meio de promoções e descontos", diz. "Fazer venda à custa de prejuízos acumulados não tem sustentação", completa o executivo, que participou de evento da publicação especializada Autodata ontem, em São Paulo.
Rogelio Golfarb, da Ford, lembrou que, para atingir aumento de 2% ante 2012, "o mercado precisa crescer de 4,6% a 8,6% até o final do ano". Menos pessimista, o presidente da Volkswagen, Thomas Schmall, ainda espera que o mercado possa surpreender, com uma antecipação das compras nos últimos meses, o que pode permitir os 2% de crescimento ante 2012.
Além da incerteza sobre a manutenção do IPI reduzido, Schmall lembra que modelos 2014 terão, obrigatoriamente, freio ABS, airbag e rastreador, itens que vão implicar custos extras de R$ 600 a R$ 800 por carro. "Tudo isso também pode gerar uma antecipação de vendas."
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