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Físico italiano de sucesso revela por que trocou o laboratório pela crítica social e o que pensa sobre IA, o universo e as guerras no mundo
Na juventude, Rovelli viu na física moderna algo 'mais radical do que Che Guevara e Mao Tsé-Tung' / Fotos: Divulgação
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O físico italiano Carlo Rovelli, célebre por desvendar a mecânica quântica, trocou o silêncio científico pelo papel de influente intelectual público. Autor de Sete Lições Curtas de Física, ele afirma ser sua responsabilidade debater os "erros que estamos cometendo coletivamente", criticando a competição global e o hype em torno da Inteligência Artificial (IA).
Um dos físicos teóricos mais proeminentes, Rovelli defende que falar sobre os problemas do mundo é crucial. Ele compartilhou suas ideias sobre o "Big Bounce", a superestimação da IA e a urgência de priorizar a cooperação em um cenário mundial polarizado, provando que sua obra une ciência e a busca por significado.
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Veja também que um neurocientista revelou o que gênios como Einstein e Hawking faziam para ter ideias brilhantes.
Rovelli explica que as evidências sugerem que o universo emergiu de uma "enorme explosão, que é o que chamamos de Big Bang".
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Contudo, ele sugere uma alternativa: o Big Bang pode ter sido um "salto: um universo que se comprime e depois salta de volta" – a teoria do Grande Rebote, ou Big Bounce. Ele acredita que a ciência pode esclarecer isso em breve, mas lembra que cada mistério resolvido leva a um novo.
O físico é categórico: "Acho que a IA é extremamente superestimada." Ele a considera "notavelmente pouco criativa" e adverte sobre a "muita publicidade" que a cerca.
Rovelli reconhece sua utilidade em cálculos complexos (como na gravidade quântica), mas questiona a promessa de crescimento contínuo, declarando-se um São Tomé: só acredita vendo.
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Apesar do ceticismo, Rovelli alerta que a IA "será muito poderosa" e reforça a necessidade de regulamentação transparente, especialmente pelo "enorme investimento em IA pelos setores militares". Ele critica essa dinâmica competitiva, incluindo a "loucura que é a dissuasão nuclear".
Para o físico, a humanidade não precisa de mais inteligência artificial. "Precisamos de mais inteligência natural para parar de fazer coisas estúpidas". A solução está em "sermos razoáveis", não na tecnologia.
Rovelli se preocupa com a polarização global, notando que narrativas "surpreendentemente divergentes" fazem com que "cada um de nós [...] esteja em sua própria pequena bolha de histórias". Ele teme que a humanidade esteja caminhando para um confronto maior.
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No entanto, ele vê esperança nos jovens preocupados com as crises globais. A questão crucial, diz ele, é: "Podemos viver juntos neste planeta e resolver problemas juntos?" Para Rovelli, a verdadeira luta é entre a colaboração e o confronto, e precisamos de uma cultura que nos veja como "uma tribo em todo o planeta".
Na juventude, Rovelli viu na física moderna algo "mais radical do que Che Guevara e Mao Tsé-Tung". Ele foi impactado por Einstein, que mostrou que "tempo e espaço não são algo fixo", e pela mecânica quântica, que foca em "como as coisas afetam umas às outras".
Ele dedicou sua carreira a conciliar essas teorias na gravidade quântica em loop e espera que a cooperação vista na ciência inspire um mundo menos competitivo.
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