Santos

Saiba quem foram Mathias, que dá nome ao bairro de Santos, e sua esposa, Anna Costa

Mathias empenhou-se em várias benfeitorias do que viria ser a Vila Mathias. Loteou suas terras, abriu ruas e avenidas e doou partes de suas propriedades para a Cidade

Da Reportagem

Publicado em 14/04/2024 às 12:36

Atualizado em 16/04/2024 às 11:40

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Mathias Casimiro Alberto da Costa dá nome ao bairro Vila Mathias / Divulgação/Prefeitura de Santos

Mathias Casimiro Alberto da Costa, que batiza o bairro Vila Mathias, em Santos, nasceu em Portugal e chegou ao Brasil em 1870, aos 25 anos. Por volta de 1886, ou seja, 16 anos depois, já era dono de muitas das terras do que viria a ser o bairro que completa 135 anos neste domingo (14). A identificação de Mathias com a área era tanta, que sua esposa inspirou o nome da via de acesso que liga a Vila à praia: Avenida Ana Costa. Saiba mais abaixo.

Mathias empenhou-se em várias benfeitorias do que viria ser a Vila Mathias. Loteou suas terras, abriu ruas e avenidas e doou partes de suas propriedades para Santos.

O casal Mathias e Anna Costa participou da fundação da Beneficência Portuguesa e da Sociedade Humanitária, e também se destacou pelas contribuições a obras de caridade.

Entretanto, uma desavença com proprietários de terras vizinhas encerrou abruptamente a saga de Mathias. Um dos membros de uma família rival deu um tiro em sua cabeça. Mathias faleceu em 8 de maio de 1889.

Assassinato

Conta a história que, em 8 de maio de 1889, Mathias Costa saiu cedo de casa para vistoriar as obras de conclusão de uma avenida.

Durante a vistoria, dois desafetos do português, os irmãos Olívio e Antônio Batista de Lima, membros de uma tradicional família santista, se aproximaram e o “convidaram a tratar de um assunto importante”. Enquanto caminhava até os dois, desprevenido, acabou levando um tiro na cabeça quase à queima-roupa. A bala feriu-o na testa, pouco acima do olho esquerdo.

Alguns dos trabalhadores contratados pelo português, ao ouvirem o tiro, correram até o local do crime e passaram a perseguir os assassinos, que fugiram correndo.

Os irmãos Lima foram pegos nas proximidades da Praça José Bonifácio. Os perseguidores, quando os alcançaram, ensaiaram um linchamento, mas foram impedidos pela polícia.

A motivação para o crime nunca foi totalmente esclarecida. Uma das hipóteses trata da existência de uma antiga rixa por conta de um terreno de pequeno valor, que teria sido “invadido” por Mathias para usá-lo como parte da nova estrada.

Antônio Batista de Lima resistiu à prisão, enquanto seu irmão, Olívio, entregou-se sem nenhuma resistência.

Ambos ainda traziam na cintura seus revólveres, sendo que no de Antônio faltava uma bala. Ainda assim, foi Olívio quem assumiu a autoria do disparo.

Julgamento

Os irmãos Lima foram julgados, no Tribunal do Júri, que ficava na Casa de Câmara e Cadeia, na Praça dos Andradas (atual Cadeia Velha), e tiveram como advogado o jovem Dr. Cesário Bastos (que mais tarde se tornaria vereador, deputado e senador).

Ao final do julgamento, a existência de falhas no processo, que descaracterizou a autoria do disparo, fez com que a vitória caísse no colo dos irmãos Lima, que acabaram absolvidos por unanimidade e soltos.

Avenida Ana Costa

Mathias Costa morreu jovem, deixando a mulher e cinco filhos pequenos. Na época do crime, conta a história que ele estava muito feliz em razão de ter selado acordo com a municipalidade para batizar a nova via com o nome de sua amada esposa, dona Anna Costa.

A Avenida Ana Costa continuou a ser aberta, de ponta a ponta. Tinha, na Planta Geral, o nº 298, e foi oficializada pela Lei nº 647, de 16 de fevereiro de 1921, que entrou em vigor a 1º de janeiro de 1922.

A via também foi a primeira de Santos a receber iluminação pública elétrica. No dia 15 de agosto de 1903, a Companhia de Ferro Carril Santista iluminou pela primeira vez, pelo sistema elétrico, o trecho de suas oficinas, em Vila Mathias, até a esquina da Rua Carvalho de Mendonça, completando logo depois toda a distribuição de luz elétrica.

Quem foi Anna Costa?

D. Anna Costa era fluminense de Maricá e nasceu no dia 22 de setembro de 1857, filha de José Paulo de Azevedo Sodré e D. Cândida Ribeiro de Almeida. Por parte materna, pertencia à família Ribeiro de Almeida, de renome nacional. Pelo lado paterno, fazia parte da família Azevedo Sodré, muito conhecida em Santos e São Paulo. Há até uma rua, no Gonzaga, com o nome Azevedo Sodré, que era José Paulo de Azevedo Sodré, seu irmão, vereador e intendente de Santos.

Ela foi educada no Colégio da Imaculada Conceição, no Rio de Janeiro. Casou-se pela primeira vez com Casimiro Alberto Matias da Costa, de cujo matrimônio teve seis filhos. Posteriormente casou-se, com José Bloem, funcionário da firma Hard, Rand & Cia.

Poucos meses após o assassinato de Mathias, sua esposa, Anna Costa, decidiu abandonar a cidade, indo morar no Rio de Janeiro.

Fontes: Memória Santista, Novo Milênio, Prefeitura de Santos (foto), Juicy Santos

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